quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Trabalhador estudou mais, mas ganha menos do que em 1997, diz IBGE

Apesar do valor menor que há dez anos, renda sobe pelo 3º ano seguido.
Rendimento médio diminuiu de R$ 1.011 para R$ 960 até 2007, diz Pnad.

O trabalhador brasileiro ficou mais qualificado no ano passado, mas ainda ganhava menos do que em 1997, revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2007 (Pnad 2007) divulgada nesta quinta-feira (18).

De acordo com os números da pesquisa do IBGE, de 2006 para 2007 caiu a parcela dos trabalhadores ocupados que estudaram até sete anos e aumentou o percentual de pessoas que estudaram de oito a dez anos (+5,4%) e 11 anos ou mais (+ 5,9%).

Junto à escolaridade, a renda também cresceu em relação aos anos anteriores, com o maior ganho médio desde 1999.

No entanto, o rendimento médio mensal do trabalhador em 2007 ainda é menor do que era em 1997: diminuiu de R$ 1.011 para R$ 960 no período.

Na comparação 2007/2006, o rendimento das pessoas ocupadas cresceu 3,2%; ritmo inferior em relação ao aumento observado em 2006 (7,2%) e 2005 (4,5%).

Curto prazo x longo prazo

Segundo Cimar Azevedo, do IBGE, o brasileiro registrou em 2007 o terceiro ano consecutivo de ganhos reais no rendimento médio. Entre as regiões, segundo ele, destaca-se o desempenho do Centro-Oeste e mais especificamente do Distrito Federal, por causa da alta no rendimento do funcionalismo público, no caso de Brasília, e do agronegócio, em outras regiões.

Apesar dos avanços, diz ele, quase 60% da população ainda ganha menos de dois salários mínimos. "A distribuição de renda ainda é injusta. A gente percebe que os empregados ganham, em média, R$ 916; o trabalhador doméstico (tem renda) de R$ 331, mesmo com o salário mínimo de R$ 380 do ano passado; e o empregador chega a R$ 2.857", explica Cimar.

Entretanto, no longo prazo, o trabalhador ainda acumula perdas. "A gente atingiu o rendimento de 1999, mas não recuperou o de 1997. Mas o rendimento médio da primeira metade da distribuição de renda está maior: era de R$ 276 em 1997, e hoje é de R$ 300. Isso são os 50% de pessoas com rendimento mais baixo", ressalta.

“De 1997 pra cá, a economia apresentou problemas e a retomada só começou em 2004. Por conta da concentração de renda, o processo ainda é lento”, disse Eduardo Pereira Nunes, presidente IBGE, nesta quinta-feira (18), ao anunciar os resultados.

“Houve uma redução expressiva da concentração de renda no Brasil, mas ela ainda é grande. O país ainda terá que mudar a distribuição de renda.” Segundo Nunes, “os indicadores sociais só não avançam mais por causa da distribuição de renda”.

O presidente do IBGE afirmou que, na última década, “praticamente todos os indicadores melhoraram”. “O Brasil prossegue melhorando social e economicamente.”

Regionalmente, o Nordeste teve o menor ganho médio no ano passado (R$ 606) e o Centro-Oeste (R$ 1139) o maior, segundo os dados de 2007 da pesquisa.

O gerente de imigração da Pnad e Pme, destaca a “discrepância” entre as regiões do país. “Percebe-se uma discrepância entre uma região e outra, sobretudo se comparados Sudeste e Centro-Oeste com Norte e Nordeste. A região Centro-Oeste tem 1,9 vezes o rendimento da Nordeste.”

Qualificação e gênero

Entre as mulheres, a concentração de pessoas ocupadas com maior nível de estudo é maior que entre os homens: 45,7% das mulheres ocupadas têm 11 anos ou mais de estudo. Segundo o IBGE, o resultado mostra que a escolaridade parece ser um fator decisivo para que a mulher consiga entrar no mercado de trabalho.

As trabalhadoras ainda têm remuneração menor que a dos homens em todas as posições de ocupação analisadas pelo instituto: entre os empregados (R$ 958 deles, contra R$ 845 feminino); entre trabalhadores domésticos (R$ 447 contra R$ 324); entre trabalhadores por conta própria (R$ 886 contra R$ 585) e entre os empregadores (R$ 3.038 contra R$ 2.356).

Em 2007, o rendimento médio real de todos os trabalhos da força de trabalho feminina correspondia a 66,1% da remuneração média masculina; em 2006, essa relação era de 65,6%.

Ainda de acordo com a Pnad 2007, cresceu o ritmo de entrada das mulheres no mercado de trabalho: em 15 anos, o nível de ocupação dos homens caiu de 72,4% para 67,8% e o das mulheres aumentou de 43,4% para 46,7%.

Ocupação

Em 2007, segundo dados da pesquisa, havia 159 milhões de pessoas em idade ativa (com dez ou mais anos de idade) no Brasil, 2% a mais do que em 2006. Entre as pessoas em faixa etária ativa, 57% estavam ocupadas, ante 57,2% no ano anterior.

Segundo a gerente da Pnad, Maria Lúcia Vieira, é notável uma redução da ocupação nas “extremidades” etárias. “O nível de ocupação cai nas extremidades, para os mais jovens e para os mais os idosos, que é onde tem que cair: no trabalho infantil e para quem está se aposentando”, disse.

No ano passado, as pessoas desocupadas representavam 8,2% do total de economicamente ativas; em 2006, eram 8,4%. A taxa de desocupação entre os homens (6,1%) era menor do que a das mulheres (10,8%).

Fonte: G1

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