quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Crise com Odebrecht será 'resolvida nos próximos dias', diz Amorim

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse acreditar que o embargo do governo do Equador aos bens da empresa brasileira Odebrecht e a proibição de que funcionários da companhia saiam do país será ''discutida e resolvida'' nos próximos dias.

O presidente do Equador, Rafael Correa, ordenou, através de um decreto, o embargo dos bens da Odebrecht e proibiu que funcionários da empresa deixem o Equador.

De acordo com o ministro equatoriano de Setores Estratégicos, Derlis Palacios, a medida significa a expulsão da empresa do país.

O governo equatoriano exige o pagamento de uma indenização por parte da empresa devido a falhas no funcionamento e da posterior paralisação da central hidrelétrica San Francisco, construída pela empreiteira.

Correa ordenou a militarização imediata das obras que estão sob responsabilidade da Odebrecht, entre elas uma outra hidrelétrica, uma rodovia e um aeroporto.

Há uma semana, o presidente equatoriano chegou a ameaçar expulsar a empresa se não fosse paga a indenização exigida pelo Estado e disse que a empreiteira está sendo investigada por suposta corrupção. De acordo com Correa, algumas obras da construtora foram realizadas "com um terço de capacidade e o triplo de custo".

"Estou 'por aqui' com a Odebrecht, quanto mais cavo mais lama encontro (...) Estes senhores (da construtora) foram corruptos e corruptores, compraram funcionários do Estado. O que está sendo feito é um assalto ao país", afirmou.

Foram gastos na construção da hidrelétrica US$ 338 milhões, com uma capacidade estimada de geração de 12% do total da energia elétrica consumida no país. A hidrelétrica é a segunda maior do país e está fechada desde junho deste ano.

''Achamos que a Odebrecht é uma grande companhia, obviamente não podemos pré-julgar todas as reclamações do governo do Equador'', afirmou o chanceler Amorim.

Em um comunicado, a empresa afirmou que, até o momento, "os trabalhos prosseguem dentro do cronograma estabelecido".

Celso Amorim comentou que ''a Odebrecht fez ofertas que nos pareceram, pelo menos à primeira vista, razoáveis. Agora, ela é um consórcio, a Odebrecht não pode resolver sozinha, ela depende também de outras empresas. O que sei é que a Odebrecht tinha que ter a aprovação de suas sócias''.

Mas acrescentou que a companhia ''não obteve, ou pelo menos não obteve logo (essa aprovação)''.

O chanceler contou ter sido informado pelo embaixador brasileiro em Quito que dois diretores da Odebrecht já deixaram o Equador e outros dois estão refugiados na embaixada brasileira. ''Não há uma ameaça física a eles e não há um mandado de prisão'', acrescentou.

Amorim afirmou também que o governo brasileiro tem dado ao caso ''um acompanhamento normal, adequado, para uma empresa brasileira no exterior''.

Agenda

O ministro Celso Amorim veio a Nova York acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está participando da Assembléia Geral da ONU.

Lula regressará ao Brasil nesta quarta-feira, após ter realizado o discurso de abertura do evento na terça.

Nesta quarta, o presidente terá encontros bilaterais com líderes da Holanda, Namíbia, Líbano e China.

Ele participará, ainda de uma reunião de trabalho de chefes de Estado da Unasul, de um almoço da Comunidade de Países da Língua Portuguesa, de uma recepção oferecida pelo presidente de Gana e de uma reunião sobre a crise financeira global, da qual participam ainda líderes da Austrália, Espanha, Grã-Bretanha, China e Índia.

O presidente deve retornar a Brasília por volta de 21h (22h, do horário brasileiro). Celso Amorim permanecerá na cidade até o próximo dia 29.

Fonte: BBC Brasil

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