É de Tarija que parte a maior parte do gás enviado ao Brasil e à Argentina – fornecimento que foi afetado nesta semana por violentos protestos.
O convite do governo de Evo Morales a Cossío ocorre um dia depois violentos enfrentamentos em El Porvenir, no Departamento de Pando, na fronteira com o Peru.
O número de mortos nos distúrbiosem Pando subiu nesta sexta-feira para 14.
Na entrevista à imprensa, em La Paz, o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, disse que o objetivo é tentar chegar a um "entendimento" e "evitar novas mortes".
Cossío, por sua vez, disse que só lamenta "que o governo tenha mudado de opinião e decidido a dialogar depois das mortes em Pando".
As disputas entre o governo e a oposição tornaram-se mais intensas após o resultado do referendo realizado em agosto passado, quando Morales e seus opositores foram ratificados. Morales recebeu mais de 67% de aprovação – 10% a mais do que tinha recebido nas urnas em dezembro de 2005.
Mas líderes da oposição, como o prefeito (governador) de Santa Cruz, Ruben Costas, também receberam altos índices de apoio. Com isso, os dois lados destacam que contam com respaldo popular para suas iniciativas.
Fronteiras
Nesta sexta-feira, manifestantes voltaram a interromper o trânsito na fronteira entre o Departamento de Santa Cruz e Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Eles repetiram a tática de colocar montes de areia na estrada. E só se passa de um lado para o outro a pé.
Ao mesmo tempo, as aulas continuam suspensas - pelo menos até segunda-feira - em Santa Cruz de la Sierra, capital de Santa Cruz. A medida foi tomada porque teme-se a ocupação das escolas.
Nesta cidade, diferentes prédios públicos do governo central – como o de arrecadação de impostos – estão sendo controlados pela administração local.
Na quinta-feira, o vice-presidente, Álvaro García Linera, decretou 24 horas de luto pelas mortes em Pando.
Nesta sexta-feira, segundo rádios locais, ainda eram registrados confrontos – isolados – em Cobija, capital de Pando, entre opositores e seguidores de Morales.
As disputas entre governo e oposição são geradas por pelo menos dois motivos.
A oposição quer que o governo desista da nova Constituição, aprovada no fim do ano passado e que ainda depende de ratificação num referendo.
Ao mesmo tempo, os opositores de Morales argumentam que querem o fim dos cortes no repasse de receitas do setor petroleiro para as regiões. O governo argumenta que os recursos são usados para benefício a aposentados e a crianças carentes.Fonte: BBC Brasil
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