terça-feira, 7 de outubro de 2008

Análise: Status de superpotência dos EUA está ameaçado

A crise econômica global deve abalar o status dos Estados Unidos como única superpotência da atualidade.

Do ponto de vista prático, os Estados Unidos estão militarmente no limite, com operações no Iraque e no Afeganistão – e, agora, estão também financeiramente no limite.

Do ponto de vista filosófico, vai ficar mais difícil para os americanos defenderem o livre mercado em um momento em que o seu próprio mercado entrou em colapso.

Alguns já vêem o atual momento como crucial.

O filósofo político John Gray, que recentemente se aposentou da prestigiada faculdade de ciências sociais London School of Economics, em Londres, deu seu ponto de vista em um artigo no jornal britânico The Observer: "Temos aqui uma histórica mudança geopolítica, na qual o balanço de poder do mundo está sendo alterado de forma irreversível".

"A era da liderança global americana, que vem desde a Segunda Guerra Mundial, está acabada… a crença americana no livre mercado se autodestruiu, enquanto outros países que mantiveram um controle geral dos mercados tiveram sua vingança."

"Em uma mudança com implicações mais amplas do que a queda da União Soviética, um modelo inteiro de governo e de economia entrou em colapso."

"Quão simbólica é a imagem de astronautas chineses fazendo uma caminhada no espaço enquanto o secretário do Tesouro dos Estados Unidos fica de joelhos", diz.

Não é o fim do mundo

Nem todos concordam que o apocalipse americano chegou. Afinal de contas, o sistema passou por testes no passado.

Em 1987, o índice Dow Jones, da Bolsa de Valores de Nova York, caiu mais de 20% em um único dia. Em 2000, a bolha do "ponto com" estourou. Ainda assim, em ambos os casos, os Estados Unidos se recuperaram, como fizeram depois da Guerra do Vietnã.

Os comentários do professor Gray certamente não impressionaram uma dos mais ferrenhos neoconservadores a servirem no governo Bush, o ex-embaixador dos Estados Unidos na ONU, John Bolton.

Quando apresentei a ele as declarações de Gray, ele perguntou se o professor por acaso estava vendendo os ativos que possui nos Estados Unidos.

"Se estiver, onde ele está aplicando o dinheiro? E se ele não tem ativos nos Estados Unidos, por que devemos prestar atenção nele?"

Não obstante, parece de fato que o conceito de uma superpotência sem concorrentes, que se tornou verdadeiro após o colapso do comunismo (e o suposto fim da história) não é mais válido.

Mundo multipolar

Até mesmo os mais destacados pensadores neoconservadores reconhecem que um mundo mais multipolar está surgindo, mas um em que a posição americana será de liderança.

Em 1987, o índice Dow Jones, da Bolsa de Valores de Nova York, caiu mais de 20% em um único dia. Em 2000, a bolha do "ponto com" estourou. Ainda assim, em ambos os casos, os Estados Unidos se recuperaram, como fizeram depois da Guerra do Vietnã.

Os comentários do professor Gray certamente não impressionaram uma dos mais ferrenhos neoconservadores a servirem no governo Bush, o ex-embaixador dos Estados Unidos na ONU, John Bolton.

Quando apresentei a ele as declarações de Gray, ele perguntou se o professor por acaso estava vendendo os ativos que possui nos Estados Unidos.

"Se estiver, onde ele está aplicando o dinheiro? E se ele não tem ativos nos Estados Unidos, por que devemos prestar atenção nele?"

Não obstante, parece de fato que o conceito de uma superpotência sem concorrentes, que se tornou verdadeiro após o colapso do comunismo (e o suposto fim da história) não é mais válido.

Mundo multipolar

Até mesmo os mais destacados pensadores neoconservadores reconhecem que um mundo mais multipolar está surgindo, mas um em que a posição americana será de liderança.

"Seus cortes nos impostos não vieram acompanhados pela redução nos gastos. O efeito combinado de fatos como as derrotas no Iraque, as dificuldades no Afeganistão, o rechaço da Rússia à interferência americana quando os russos se envolveram na Geórgia e em outros lugares, tudo isso conduz à sensação de que trata-se do fim de uma era."

Força empreendedora

Niblett, entretanto, acredita que é preciso esperar um pouco antes de anunciar um veredicto, já que estruturalmente os Estados Unidos ainda têm força.

"Os Estados Unidos ainda são imensamente atraentes para imigrantes qualificados, e ainda são capazes de produzir uma Microsoft ou uma Google”, continuou.

"Mesmo suas dívidas atuais podem ser revertidas. Eles têm uma enorme resiliência econômica, o que se vê na produção local e no surgimento de novos empreendimentos."

"E há quem possa perguntar – os Estados Unidos estão em decadência em relação a quem? A China está em uma corrida desesperada de crescimento para alimentar sua população e, com isso, evitar transtornos civis em 15 ou 20 anos. A Rússia não é exatamente inofensiva, mas está ampliando seus limites com uma nova estratégia assentada em uma base frágil. A Índia tem imensas contradições internas. A Europa tem, em geral, se mostrado incapaz de sair da estagnação com o dinamismo dos Estados Unidos.”

"Mas os Estados Unidos precisam reencontrar seu caminho nas finanças e o quão bem conseguirem fazer isso vai determinar como será sua capacidade militar. Se tiverem menos dinheiro, terão menos tropas."

Com a eleição presidencial americana se aproximando, valerá a pena voltar ao assunto dentro de um ano para verificar como o mundo vai estar - e qual será o lugar dos Estados Unidos nele.

Fonte: BBC Brasil

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Senado dos EUA aprova pacote econômico

O Senado dos Estados Unidos aprovou na noite desta quarta-feira uma versão modificada do plano de US$ 700 bilhões do governo americano para salvar companhias em risco.

A aprovação se deu por 74 votos a favor e 25 votos contra a nova legislação proposta pelo governo.

A vitória do plano no Senado já era aguardada. Desde a semana passada, tanto senadores democratas quanto os republicanos já afirmavam ter chegado a um acordo para votação.

A decisão de que a casa votaria o plano antes da Câmara dos Representantes foi divulgada na noite da última terça-feira, depois de o plano ter sido rejeitado pelos deputados por 228 votos contra 205, na segunda-feira.

A rejeição do plano pela Câmara teve grande repercussão nos mercados e fez as bolsas de valores de todo o mundo sofrerem quedas significativas. O índice Dow Jones, da bolsa de Nova York, registrou na segunda-feira sua maior queda em pontos (mais de 770) em todos os tempos.

Com a aprovação do plano, a expectativa é que os deputados da Câmara dos Representantes se sintam agora pressionados para aprovarem o pacote do governo.

A Câmara deve votar esta mesma versão do pacote na próxima sexta-feira.

Em um discurso horas antes da votação, o presidente George W. Bush, afirmou que o pacote precisava ser aprovado para acalmar os mercados.

"É muito importante que esta legislação seja aprovada para estabilizar a situação, para que ela não fique pior e nossos cidadãos corram o risco de perder dinheiro e emprego”, disse o presidente.

Candidatos

Os dois candidatos à sucessão de Bush, os senadores Barack Obama (democrata) e John McCain (republicano) interromperam suas campanhas para participarem da votação.

Antes da aprovação no Senado, os dois defenderam o plano do governo e apelaram para que seus colegas fizessem o pacote passar.

"Se não agirmos será mais difícil para você conseguir um financiamento para sua casa ou empréstimo para um carro ou para mandar seus filhos para a universidade. Companhias não vão conseguir empréstimos (...). Pequenas empresas podem não conseguir pagar os funcionários, milhares de negócios podem fechar. Milhões de empregos poderão ser perdidos. E uma longa e dolorosa recessão pode ocorrer", disse o candidato democrata Barack Obama horas antes.

McCain, por sua vez, disse que apesar de o plano ser necessário, se ele for eleito, vai congelar quase todos os gastos do governo por um ano para ajudar a diminuir a carga financeira do pacote de ajuda.

"Precisamos perceber que este plano tem implicações sérias para gastos futuros. Não podemos dedicar potencialmente mais de US$ 1 trilhão para ajudar instituições que estão falindo e então agir como se nada tivesse acontecido em Washington, como se os recursos do governo ou a paciência dos contribuintes não tivesse fim", disse.

Modificações

Para facilitar a aprovação nas duas casas legislativas e tentar neutralizar as críticas da opinião pública ao pacote, foram introduzidas mudanças no plano inicial que foi rejeitado pela Câmara na segunda- feira.

A principal alteração diz respeito ao aumento do limite de depósitos bancários garantidos pelo governo - que passa de US$ 100 mil para US$ 250 mil.

Também foram incluídos descontos nos impostos para promover o uso de fontes de energia renováveis por empresas, no total de quase US$ 80 bilhões, e a prorrogação e ampliação de outras reduções nos impostos para pessoas físicas e empresas.

De acordo com o jornal americano The New York Times, foram adicionadas mudanças como a extensão de "créditos tributários para empresas que investirem em pesquisas e desenvolvimento" e "descontos nos impostos para vítimas de recentes enchentes, tornados e tempestades".

Comemorações precipitadas?

O secretário do Tesouro, Henry Paulson, o arquiteto do plano inicial, comemorou a aprovação no Senado.

"Isto manda um sinal positivo de que estamos prontos para proteger a economia dos EUA e garantimos que os americanos terão acesso ao crédito necessário para criar empregos", disse.

O líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, também se disse feliz com o resultado.

"Isto mostra que quando trabalhamos juntos podemos fazer boas coisas", declarou o democrata.

O correspondente da BBC em Washington, Jonathan Beale, no entanto, avalia que o pacote só passou na primeira etapa, e que comemorações podem ser prematuras.

Fonte: BBC Brasil

Estados Unidos da América: o país onde o fracasso é recompensado

Na atual crise financeira, o modelo de capitalismo dos Estados Unidos implodiu com um grande estrondo. Mas o governo Bush está tentando extinguir as chamas com mais combustível, em vez de água, e quer que os apostadores de Wall Street sejam recompensados pelo fracasso.

Mais de cem anos atrás, o sociólogo alemão Georg Simmel criticou os bancos por ficarem cada vez maiores e mais poderosos do que as igrejas. A sua principal queixa - a de que o dinheiro é o novo deus dos nossos tempos - ainda é ouvida nos dias de hoje. Se Simmel estava certo, e há indicações de que de fato estava, a declaração teria que ser modificada para coadunar-se com as circunstâncias atuais: nem todo mundo reza para o mesmo deus.

Entre o grupo de adoradores de dinheiro, existem pelo menos três fés. A primeira é a dos Puritanos, que carregam pacientemente o dinheiro deles para as novas igrejas, esperando que ele se multiplique. O chinês típico, por exemplo, deposita 40% dos seus rendimentos em bancos. Que disciplina louvável! E há também os Pragmáticos. Estes poupam e emprestam, mas somente nesta ordem; a poupança é o fator que limita a ousadia deles. Esta linha é especialmente comum nos países germânicos, nos quais o banco de poupança é o templo religioso.

Finalmente, temos a comunidade religiosa dos Desinibidos, que é especialmente popular nos Estados Unidos. Os seus seguidores não se acanham em admitir a falta de cautela, o desperdício extravagante e a cobiça onipresente.

Eles chamam isto de "American way of life" ("estilo de vida americano"). Os seus membros vivem no aqui e no agora, sem fazer perguntas sobre o amanhã. Um empresta dinheiro ao outro, mesmo que o dinheiro não lhes pertença. Em vez disso, eles tomam quantias emprestadas com uma terceira pessoa, que prometeu conseguir o dinheiro com um quarto indivíduo - e assim por diante.

Southampton: o início do rastro de evidências

Esta comunidade religiosa é a mais fervorosa de todas. Há algum tempo, ela adotou a prática de tratar dinheiro antecipado como dinheiro real e de entender desejo como realidade. Atualmente ela não conta mais com nenhum fragmento de inibição.

Como todos sabiam que havia mais desejos do que dólares, o resultado inevitável foi uma certa lacuna de financiamento, ou déficit. Capitalismo sem capital - o núcleo audacioso desta inovação - não poderia funcionar. Não há salvação terrena - pelo menos esta foi uma conclusão quanto à qual o antigo Deus, aquele que carregou a cruz, e o novo deus, o que traz cifrões nos olhos, poderiam concordar.

E, assim, o inevitável ocorreu: o big bang. Três entre cada cinco bancos de investimento dos Estados Unidos perderam a independência, e os outros dois ainda estão afundando. Dois bancos de hipotecas e uma companhia de seguros encontram-se agora sob administração governamental.

O sistema financeiro global foi abalado, horrorizando os membros das outras duas fés. Pode haver três religiões, mas só há um céu. Se este cair, todos morrem.

Uma busca por evidências a fim de identificar os responsáveis deveria provavelmente começar em Southampton, um reduto da elite endinheirada. Nesta cidade, na parte leste de Long Island, perto da cidade de Nova York, é possível presenciar o quanto a cobiça pode ser atraente.

Trata-se de um lugar no qual as opções de ações foram transformadas às centenas em castelos de contos de fadas à beira-mar. Aproveitando-se das brechas tarifárias, os gurus financeiros de Wall Street conseguiram retirar os seus bônus da cidade mais ou menos intactos. Segundo a legislação tributária dos Estados Unidos, a compensação na forma de ações e garantias é taxada em menos da metade do índice mais elevado de impostos. Como resultado, a taxa tributária que incide sobre os rendimentos de muitos banqueiros é inferior àquela a que estão sujeitos os salários das suas secretárias.

Como menos transformou-se em mais

Os donos destas mansões à beira-mar não estão lá neste momento, de forma que uma investigação mais profunda requer uma viagem de trem até Nova York. No arranha-céu de Midtown que abriga os escritórios do Lehman Brothers, que está em processo de encerramento da sua história, há muito o que descobrir a respeito da seqüência de eventos. Bilhões de dólares foram emprestados a pessoas que não tinham crédito para que elas adquirissem condomínios e casas de pouco valor. No jargão alegre e cínico dos banqueiros, esse tipo de empréstimo foi batizado de "NINA", acrônimo de "No Income, No Asset" ("Sem renda, sem bens").

Mas mesmo assim as coisas andavam bem no mundo dos financiadores. O aumento miraculoso da oferta de dinheiro contribuiu para que o preço de imóveis subisse mais de 70% entre 2000 e 2006. A indústria conseguiu obter lucros aumentando o risco. Pelo menos na folha de balanço, o menos se transformou em mais.

Em tempos melhores, alguém poderia ter chamado os banqueiros de empreendedores; atualmente, eles são chamados de irresponsáveis. Antes mesmo do surgimento da expressão banco de investimentos, Karl Marx sabia como as duas coisas estavam vinculadas: "O capital tem tanto horror à ausência de lucro ou de um lucro muito pequeno quanto a natureza tem horror ao vácuo. Com um lucro apropriado, o capital é despertado; com 10% de lucro, ele pode ser usado em qualquer lugar; com 20%, torna-se vivaz; com 50%, fica positivamente ousado; com 100%, ele esmagará com os pés todas as leis humanas; e com 300%, não existe crime que ele não se disponha a cometer, ainda que se arrisque a ir para a cadeia".

A fé de Paulson

Agora o rastro conduz de Nova York a Washington, onde o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, tem o seu gabinete na Avenida Pensilvânia. O seu ministério é tão importante que há um portão ligando o subsolo do Departamento do Tesouro ao da Casa Branca. A atitude adotada por Paulson em relação aos bancos foi a de deixá-los atuar livremente, e ele agora pretende assumir os prejuízos dessas instituições. Para os altos círculos financeiros, ele tornou-se algo como uma garantia extra. O objetivo dele é eliminar a ameaça de cadeia - mas não a cobiça.

Paulson já foi um banqueiro de Wall Street. Ele é um homem de boas maneiras e princípios firmes. Em tempos normais, ele tem fé no mercado, em Deus e em George W. Bush. Mas em tempos como estes, ele prefere depositar a sua fé no governo, no contribuinte e em Bush.

Ao contrário do que muito se anunciou, Paulson não pretende utilizar as rendas obtidas com impostos para financiar o pacote de socorro aos bancos. Em vez disso, a intenção dele é tomar novos empréstimos de bilhões de dólares em nome do Tesouro dos Estados Unidos. "Detesto o fato de termos que fazer tal coisa, mas isto é a melhor do que a única outra alternativa", disse ele na semana passada. O presidente já deu o seu sinal de aprovação.

É isso o que acontece com as comunidades religiosas quando sofrem pressões: elas tornam-se ainda mais fervorosas. A idéia é que o mesmo tipo de pensamento de curto prazo que provocou o desastre vá agora pôr um fim a esta situação calamitosa. O governo está tentando extinguir o fogo com combustível, e não com água. Na verdade, este é exatamente o mesmo combustível que deu início ao incêndio em Wall Street: dinheiro emprestado.

A única diferença é que os novos empréstimos não virão do sexto, do sétimo ou do oitavo membro da comunidade religiosa. Eles serão coletados de todos os contribuintes. Isso significaria o fim da separação entre igreja e Estado, sendo que Wall Street se tornaria a religião nacional.

Os pontos em comum com as outras duas comunidades religiosas já estão desaparecendo. Coisas que na época da tradicionalmente honrada economia de mercado eram consideradas inseparáveis - como valor e consideração, salário e desempenho, risco e responsabilidade - estão sendo agora rasgadas em nome do governo. O capitalismo atualmente exibido pelos Estados Unidos é uma versão rota e degradada daquilo que costumava ser.

As ações dos políticos estão amplificando, em vez de mitigar, os efeitos do fracasso econômico. O capitalismo no estilo norte-americano ainda não morreu, mas está simplesmente preparando o seu próprio falecimento. A história destes dias é a história de uma morte que já foi anunciada. O que nos leva a Miss Marple.

Começou um jogo perigoso com o tempo

A detetive amadora imaginada por Agatha Christie, baseada na avó da escritora, era equipada com algo mais do que apenas um senso de humor e uma compreensão da natureza humana. Ela também tinha experiência em relação a coisas óbvias que ninguém acredita serem possíveis - até que elas aconteçam. No seu romance de 1950, "A Murder is Announced" ("Convite para um Homicídio"), Christie olhou para o futuro de maneira cômica.

A história transcorre mais ou menos assim: certa manhã, os cidadãos leram a seguinte mensagem nos classificados de um jornal local: "Um assassinato foi anunciado e ocorrerá na sexta-feira, 29 de outubro, em Little Paddocks, às 18h30. Amigos, por favor aceitem isto, a única intimação". Na hora designada, metade da vila reuniu-se na casa onde o assassinato supostamente aconteceria. A advertência é tratada como uma piada frívola, que ninguém desejaria rejeitar. Serve-se sherry aos presentes. O grupo é tomado por um pânico coletivo. Exatamente às 18h30, as luzes apagam-se.

"Não é maravilhoso?", diz uma voz feminina. "Estou trêmula".

Quando as luzes voltam a acender-se - para a surpresa de todos - um crime foi cometido. E agora nós, assim como os presentes na sala em Little Paddocks, estamos de pé, sussurrando, tomados pelo medo coletivo, aguardando para ver o que acontecerá a seguir. E ninguém acredita seriamente que um crime de verdade está prestes a ocorrer.

"Todos estavam em silêncio e ninguém se movia. Todos olharam para o relógio... Quando a última nota terminou, todas as luzes apagaram-se. Murmúrios de alegria e gritinhos femininos de satisfação foram ouvidos no escuro. 'Está começando', gritou a senhora Harmon, extasiada".

Um futuro vendido

Quem quer que espere receber um alerta antecipado deveria simplesmente expandir o seu campo de visão enquanto as luzes permanecerem acesas.

As companhias de cartão de crédito dos Estados Unidos não estão em uma situação significativamente melhor do que os bancos. Elas também venderam o futuro e até mesmo uma parcela do período posterior a ele.

A indústria automobilística norte-americana também se encontra seriamente combalida e tem dificuldades para estender as suas linhas de crédito no mercado aberto. A indústria perdeu mais de 300 mil empregos desde 1999. Mas qual é o benefício disto se são os gerentes - e não os trabalhadores - os culpados pela crise? A enorme conta dos Estados Unidos com a compra de petróleo - cerca de US$ 500 bilhões (? 345 bilhões) - é atualmente paga com dinheiro emprestado pela China. A cada dia útil, a dívida externa dos Estados Unidos aumenta em quase US$ 1 bilhão (? 690 milhões).

Provavelmente a pílula mais amarga de engolir nos Estados Unidos de hoje é o fato de os lares privados não estarem administrando as suas finanças de maneira melhor do que os executivos de corporações. Estes lares vêem o reflexo de suas imagens nos banqueiros de Wall Street, e não uma espécie de figura destorcida de si próprios. "De fato, não conheço nenhum país no qual o amor pelo dinheiro tenha se estabelecido tão fortemente no sentimento dos homens", observou Alexis de Tocqueville 170 anos atrás.

A conversa há muito necessária entre o governo e os governados ainda não se materializou. Essa teria que ser uma conversa a respeito da relação entre a economia e os valores, sobre a recuperação daquilo que se perdeu, em vez de sobre expansão. A palavra frugalidade - que desapareceu do vocabulário dos Desinibidos - deveria ser reintroduzida.

Mas não há sinal de que nada disso esteja acontecendo. Os Estados Unidos de hoje são muito estadunidenses para sobreviverem na sua forma atual. Mas os Estados Unidos atuais são também muito orgulhosos para perceberem isto. Os fiéis dificilmente permitiriam que alguém os convertesse.

Assim, a nossa compreensão dos acontecimentos continua ficando cada vez menos clara. Teve início um jogo perigoso com o tempo.

"O ruído de duas balas sacudiu a complacência da sala. Subitamente, o jogo não era mais um jogo. Alguém gritou... 'Luzes'. 'Não consegue encontrar um isqueiro?'...'Oh, Archie, quero sair daqui'".

Fonte: UOL/Der Spiegel

Nasa completa meio século de vida com a China fungando no cangote

Agência espacial americana iniciou suas operações há 50 anos.
Hoje, corre risco de perder nova corrida pela Lua para os chineses.

No dia 1° de outubro, exatos cinqüenta anos atrás, a famosa Nasa entrava em operação, com a missão de colocar os Estados Unidos à frente de uma competição ferrenha com a então União Soviética, pela conquista do espaço. Hoje, a agência espacial americana se vê às voltas com uma nova corrida. Só que desta vez o clima político entre os americanos não coloca essa questão como prioridade nacional, e a China, pouco a pouco, já começa a fungar no cangote dos Estados Unidos em matéria de exploração espacial.Comparar o tamanho dos programas espaciais chinês e americano é uma covardia. Enquanto a Nasa consome anualmente cerca de US$ 17 bilhões, fontes oficiais chinesas declaram um gasto de menos de US$ 2 bilhões por ano.


Embora fique longe da agência americana, é um valor bastante apreciável. Fica próximo do que o Japão gasta anualmente (US$ 2,5 bilhões), perde da ESA (a Agência Espacial Européia gasta US$ 4 bilhões por ano) e ganha bem da Rússia, que gasta cerca de US$ 1 bilhão.

Moral da história: mesmo somando os gastos desses países todos, China incluída, que são as principais potências espaciais do mundo, o valor não chega ao que a Nasa recebe todos os anos do governo americano.

Como então a agência ianque pode estar ameaçada, em termos de competição?

Duas basicamente são as razões.

A primeira é que um dólar nos EUA compra muito menos do que compra na China ou na Rússia. O custo da mão-de-obra e de equipamentos em solo americano é muito maior do que nos países do Oriente (exceção feita ao Japão).

O outro ponto, entretanto, é mais crítico. Trata-se da falta de foco dos investimentos da agência espacial americana. A Nasa hoje pulveriza muitos dos seus gastos numa infinidade de projetos diferentes. Alguns conseguem destaque especial -- sobretudo as missões a Marte --, mas a maior parte das coisas que a agência faz não aparecem aos olhos do contribuinte.

Esse cenário, claro, faz a alegria dos cientistas e, do ponto de vista de gestão, é bastante interessante. Mas o que mobiliza as pessoas a apoiarem -- ou renegarem -- um programa espacial são as grandes questões. E é indiscutível que não há nada que chame mais a atenção nesse quesito do que missões tripuladas.

Sucessos do passado

Não foi à toa que o sucesso das missões Apollo, que levaram pela primeira vez homens à superfície da Lua, entre 1969 e 1972, marcaram a vitória americana na primeira corrida espacial. Até hoje, não houve imagem mais icônica da exploração do cosmos que as pegadas de Neil Armstrong e Buzz Aldrin sobre o solo lunar.

Ironicamente, uma segunda corrida espacial começa agora a se desenvolver, e mais uma vez o vencedor será o primeiro a colocar seus pés sobre a Lua. E aí a China entra como o adversário da Nasa.

Depois de sua terceira missão tripulada, conduzida no último fim de semana, os chineses começaram a anunciar abertamente planos para conduzir uma viagem com astronautas até a Lua lá pelo ano 2020 -- mesmo objetivo anunciado pelo presidente americano George W. Bush após o acidente do ônibus espacial Columbia.

Em quem apostar as fichas?

Se for por orçamento, capacidade de realização, competência técnica e experiência no espaço, a Nasa é favoritíssima à vitória. Mas a China talvez tenha uma vantagem imbatível: não depende das idas e vindas da democracia para manter seus planos.

Os EUA estão às vésperas de uma eleição presidencial, e nenhum dos dois candidatos parece animado com o programa espacial. Francamente, eles têm coisas mais graves e urgentes com que se preocupar.

Parece quase uma certeza que haverá adiamentos nos atuais planos da Nasa -- aposentar os ônibus espaciais em 2010 e começar a construir sua nova nave (uma versão futurista das mesmas Apollo que serviram tão bem no passado) para as jornadas lunares.

Recentemente, o administrador da agência espacial, Mike Griffin, atendendo a pedidos dos candidatos à Presidência dos EUA, pediu de seus comandados um estudo para a manutenção dos ônibus em operação por mais alguns anos. E no programa de governo do democrata Barack Obama há planos para adiar em cinco anos a meta de atingir a Lua.

Já a China não precisa se preocupar com essas coisas. Pode avançar, paulatinamente, rumo a seu objetivo. E tecnologia para isso aparentemente os chineses possuem.

Sua espaçonave, a Shenzhou, é baseada na Soyuz russa -- que foi criada no auge da primeira corrida espacial, com o objetivo de servir de base justamente para um plano de conquista lunar tripulado soviético. Só que a versão chinesa é ainda mais sofisticada.

Restaria o desafio de desenvolver um módulo de pouso para descer na Lua e um método para impulsionar o conjunto (nave+módulo de pouso) rumo ao satélite natural da Terra.

Na época do programa Apollo, um único foguete (o Saturn V) fazia o serviço. Agora, a Nasa não cogita usar essa estratégia. O novo método de alcançar a Lua seria mais ou menos como lançar um foguete dentro do outro. O que chegasse ao espaço se acoplaria à nave, já em órbita, e a impulsionaria até a Lua. A arquitetura chinesa para a viagem lunar ainda não foi apresentada, mas não exigiria nada de outro planeta, na verdade.

A avaliação é do próprio administrador da Nasa, Mike Griffin. "Os chineses poderiam lançar uma missão ao redor da Lua com sua nave Shenzhou, assim como os Estados Unidos fizeram com sua inspiradora missão Apollo 8, em 1968", disse Griffin, em palestra recente. "A China poderia facilmente executar uma missão dessas com o planejado foguete Longa Marcha V, que está em desenvolvimento e rivaliza com as capacidades de qualquer foguete no mundo hoje. Eu não tenho dúvidas de que eles o terão pronto para uso na data planejada, ao redor de 2012."

"Estou apontando essas coisas, questões de capacidade de engenharia, porque acredito que é importante entender nossos competidores estratégicos, assim como nossos colaboradores. Estamos atualmente de frente para um 'Sputnik silecioso', em que muitos países estão disputando um novo patamar de inovações, enquanto nossas próprias vantagens começam a mostrar sinais de sério desgaste. Se você concorda comigo que nossa nação está de fato enfrentando um 'Sputnik silencioso', então a situação exige a questão: por que é preciso uma crise para obter a atenção da nossa nação?"

Não são as palavras de um homem à vontade com a situação da Nasa, e sua situação no contexto da política americana.

Além disso, a agência espacial americana parece estar perdendo as perspectivas de futuro.

Ilusões de grandeza

Para um programa espacial, o momento presente pode ser ilusório. Como cada missão, cada nova espaçonave, leva muitos anos para ser desenvolvida e chegar ao ponto em que vai ao espaço, a imagem do presente foi delineada no passado. O fato de que a Nasa tem hoje três robôs operando na superfície de Marte não diz nada sobre como a agência está bem de saúde, mas sim sobre como ela esteve bem no passado recente.

O futuro não parece tão brilhante. Após um misterioso conflito de interesses, a Nasa teve de adiar a missão escalada para ir ao planeta vermelho em 2011. Será a primeira janela de oportunidade (ocorre uma a cada dois anos, mais ou menos) desde 1993 que a Nasa não usa para despachar uma espaçonave para os arredores marcianos.

A missão de 2011 acabou escapando para 2013. E não há perspectiva de um projeto de retorno de amostras de Marte -- o Santo Graal da pesquisa marciana, perdendo apenas para uma missão tripulada.

No campo tripulado, a Nasa se vê às voltas com um legítimo "mico" -- o ônibus espacial. Para ter dinheiro para projetar o futuro (as naves que levarão os americanos de volta à Lua), a agência precisa aposentar os ônibus -- a espaçonave de manutenção mais cara e complexa já criada. Só que, entre aposentar os ônibus e lançar o novo veículo, denominado Orion, serão precisos pelo menos quatro ou cinco anos. Ou seja, entre 2010 e 2015 a Nasa se tornará completamente dependente de parceiros internacionais para enviar gente ao espaço.

Daí a motivação de manter os ônibus em operação por mais tempo. Mas sem mais dinheiro no circuito, isso não reduzirá o "buraco" -- apenas adiará o inevitável.

Diante do quadro que se configura no presente -- e a não ser que a Casa Branca decida injetar mais dinheiro na Nasa no futuro próximo --, não é exagero dizer que a agência espacial americana chegou aos 50 anos sofrendo com uma bela crise da meia-idade.

Fonte: G1

Lula e Chávez criam cooperação em aviação e cultivo de soja

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, assinaram três acordos de cooperação entre ambos os países nesta terça-feira, por ocasião do encontro que acontece em Manaus (AM). Participam ainda os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Equador, Rafael Correa.

Os novos acordos de intercâmbio entre Brasil e Venezuela falam de aviação, cultivo de soja e desenvolvimento de programas de agricultura familiar.

O acordo de aviação estabelece, por exemplo, que as aeronaves brasileiras e venezuelanas podem sobrevoar ambos os países sem pousar; realizar escalas com fins não-comerciais no território um do outro; e realizar escalas entre pontos especificados --serão pontos no Brasil, na Venezuela, e outros em Miami, Cuba, Aruba, República Dominicana e Panamá.

Conforme o documento, caso haja um "incidente ou ameaça de incidente de apoderamento ilícito de aeronave civil ou outros atos ilícitos contra a segurança de tal aeronave", os países irão se ajudar facilitando as comunicações e tomando medidas apropriadas, "destinadas a pôr termo, de forma rápida e segura, a tal incidente ou ameaça".

Em relação ao cultivo de soja, Brasil e Venezuela concordaram com a cooperação, por dois anos, na "formulação e implementação de um programa de incremento da produção de soja" na Venezuela. O Brasil é, atualmente, o segundo maior produtor de soja do mundo, perdendo só para os Estados Unidos, segundo dados do Ministério de Agricultura brasileiro.

O último acordo, referente a programas de agricultura familiar, estabelece o "intercâmbio, assessoria e assistência técnica de especialistas, profissionais e técnicos especializados".

Fonte: Folha de São Paulo

Primeiras células-tronco embrionárias brasileiras são desenvolvidas pela USP

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) produziram as primeiras células-tronco embrionárias humanas do Brasil.

É o primeiro resultado prático obtido no país desde a legalização das pesquisas com embriões humanos, pela Lei de Biossegurança, em 2005. Questionada na Justiça, a lei foi reconfirmada em maio deste ano pelo Supremo Tribunal Federal.

Para obter a linhagem estável, cientistas do Instituto de Biociências da Universidade usaram 35 embriões que estavam congelados em clínicas de fertilização in vitro —e que foram doados pelos genitores.

A pesquisa da USP começou em 2006 e conseguiu a primeira linhagem células-tronco embrionárias há cerca de três meses. Somente agora, contudo, Lygia da Veiga Pereira, líder do grupo de pesquisa, diz poder afirmar que as células produzidas são realmente células-tronco embrionárias.

"Observamos características mínimas que nos dão a certeza de que as células produzidas são células-tronco embrionárias. Elas são pluripotentes, ou seja, têm capacidade de se tornar diferentes tipos de células. Já conseguimos que elas virem células musculares e neurônios", explica.

Segundo a pesquisadora, as células-tronco embrionárias foram testadas em animais e o efeito foi muito positivo, superior ao resultado obtido com células-tronco adultas. "A melhora em testes para Parkinson e lesões da medula, por exemplo, é muito boa. Mas ainda precisamos de mais resultados para fazermos testes clínicos em humanos. O modelo animal ainda deve se manter forte aqui no Brasil", salienta.

Já nos Estados Unidos, Pereira aponta que o grupo Geron entrou com pedido no FDA (Food and Drug Administration), órgão regulamentador do país, para começar os testes clínicos em humanos. "Esse tipo de teste ainda não foi aprovado, mas em um ano as primeiras aplicações já devem ocorrer", sentencia.

Para ela, a autonomia em relação a linhagens estrangeiras representa o principal avanço para a pesquisa nacional. "Agora que conseguimos desenvolver células-tronco embrionárias no Brasil, não dependemos mais de células vindas de outros países para realizar nossas pesquisas".

"Estamos dez anos atrasados em relação ao mundo. Em 1998, surgiu a primeira linhagem de células-tronco embrionárias nos Estados Unidos. Mas isso não quer dizer que temos que evoluir dez anos. Já usamos as metodologias mais modernas", pontua a pesquisadora.

Lei de Biossegurança

A pendência quanto à legalidade da lei não impediu a pesquisa, mas atrapalhou. "Como o governo manteve o financiamento, a pesquisa continuou sendo desenvolvida enquanto a ilegalidade do uso de células embrionárias era discutida. Mas isso gerava insegurança. A pesquisadora Ana Maria Fraga teve sua bolsa negada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) porque o órgão não podia se comprometer a pagar o auxílio por cinco anos sendo que a pesquisa poderia se tornar ilegal em pouco tempo", diz Pereira.

Fonte: UOL

Chávez defende Banco do Sul para enfrentar crise

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, defendeu nesta quinta-feira, em Manaus, a ativação do Banco do Sul para defender o continente sul-americano da crise financeira internacional.

"Não podemos e não devemos perder um dia a mais na ativação do Banco do Sul", declarou Chávez durante encontro com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, o equatoriano Rafael Correa e o boliviano Evo Morales, nesta terça-feira em Manaus.

"O Banco do Sul, por meio de um fundo de financiamento, de cooperação, vai assegurar desenvolvimento dos povos (para), definitivamente, nos desamarrarmos do nefasto sistema neoliberal que está acabando com o mundo", acrescentou.

Chávez fez a declaração ao ser questionado sobre o impacto da crise do sistema financeiro dos EUA na América Latina, cuja principal conseqüência pode ser a restrição no acesso ao crédito.

"É importante que cada país revise sua situação para superar este 'crack', que, considero, será pior do que o de 1929 e vai afetar todo o mundo", afirmou.

"Nenhum país pode dizer que não será afetado enquanto estiver conectado com o modelo financeiro mundial", acrescentou.

Para o presidente venezuelano, os países da região têm que "partir para a ofensiva" para não sentirem os reflexos da recessão.

"A melhor estratégia é a ofensiva. Enquanto se afunda o neoliberalismo, nós avançaremos na unidade de maneira muito concreta com o Banco do Sul", afirmou.

Obstáculos ao acordo

Chávez disse que "trâmites burocráticos" estariam impedindo a concretização do acordo para a criação do banco, anunciado há um ano. Participam das negociações Brasil, Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela.

Porém, de acordo com uma fonte diplomática venezuelana ouvida pela BBC Brasil, o principal obstáculo para a aprovação do acordo estaria no poder de decisão que cada país terá na administração do banco.

Segundo esta fonte, o governo brasileiro propõe que o voto dos países com maior participação econômica tenha maior peso.

Já o governo equatoriano argumenta que essa prática é a mesma aplicada pelo Banco Mundial e defende que os votos dos países membros tenham o mesmo peso, independente do peso econômico.

O tema entrou na pauta de discussão do encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Chávez, Correa e o presidente da Bolívia Evo Morales.

O presidente venezuelano, no entanto, disse esperar que o Banco do Sul comece a operar ainda este ano.

"Espero que até o final do ano possamos colocar em marcha o Banco do Sul. Enquanto os bancos capitalistas se afundam, que nasça o Banco do Sul", afirmou Chávez ao final da reunião multilateral.

Fonte: BBC Brasil

Risco de contágio da economia real já mobiliza governo

Um dia após o agravamento da crise nos mercados, o governo brasileiro negou a existência de um pacote, mas admitiu que estuda formas de evitar um primeiro risco de contágio à economia real: a redução de crédito para empresas exportadoras.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, disse que o governo apresentará, até a semana que vem, um plano cujo objetivo é ampliar as fontes de crédito para essas empresas.

Já o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse em entrevista à Globonews que existe uma determinação do presidente Lula no sentido de evitar que a economia brasileira seja contaminada. A prioridade é garantir a oferta de crédito às empresas, sobretudo às exportadoras.

Estima-se que metade das exportações brasileiras sejam financiadas por bancos no exterior. Isso porque o crédito no Brasil, baseado na Selic (13,75%), chega a ser o dobro do que é cobrado lá fora. Somente duas instituições no país, que são o BNDES e o Banco do Brasil, conseguem oferecer financiamentos com valores no padrão internacional, mas seu caixa é restrito.

O crédito é essencial para as empresas que trabalham com comércio exterior, pois em geral o pagamento é efetuado meses após o embarque do produto. Quem não tem capital de giro suficiente para arcar com esse custo é obrigado a procurar um financiamento bancário.

A avaliação do professor do Ibmec São Paulo, Ricardo José Almeida, é de que o plano do governo para ampliar as fontes existentes de financiamento é válida, mas não é suficiente.

“O setor precisa de um plano mais abrangente, que crie condições, por exemplo, de que parte da exportação seja voltada para o mercado interno”, diz.

Uma forma seria identificar setores onde há espaço para se estimular o consumo doméstico, como o de construção civil. “Existem segmentos com demanda reprimida”, afirma. Ele lembra que o mundo irá consumir menos nos próximos meses, até anos, e que os exportadores brasileiros precisam trabalhar com esse cenário.

Segundo o presidente da Associação de Comercio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, algumas empresas vêm preferindo aguardar antes de fechar novos contratos de exportação. Para ele, a recente alta do dólar, ao contrário do que se imagina, não chega a ser uma boa notícia. “O ganho com a alta do câmbio nem de longe compensa a elevação do custo do crédito”, explica.

A preocupação do governo é de que as empresas passem a congelar os contratos, deixando de exportar. “A paralisia atual, se persistir, pode ter impactos ainda mais desagradáveis na economia, como demissões”, afirma Almeida.

As exportações são responsáveis por 14% do PIB no Brasil, pouco quando comparado a outros países emergentes. No entanto, seu papel na economia é relevante para as contas externas, por representar o principal canal de entrada de dólares no país.

Fonte: BBC Brasil

Celebra-se os 100 anos do histórico Ford T



Fonte: Automais

Lula sanciona reforma ortográfica

Novas regras passam a valer a partir de 2009.
Confira o que muda na língua escrita.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta segunda-feira (29) o decreto que estabelece a reforma ortográfica. As mudanças na escrita começam a valer a partir de 1º de janeiro de 2009. A solenidade ocorreu na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro.

A reforma da ortografia pretende unificar o registro escrito nos oito países que falam português - Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal.

De 2009 até 31 de dezembro de 2012, ou seja, durante quatro anos, o país terá um período de transição, no qual ficam valendo tanto a ortografia atual quanto as novas regras. Assim, concursos e vestibulares deverão aceitar as duas formas de escrita – a atual e a nova.

Nos livros escolares, a incorporação das mudanças será obrigatória a partir de 2010. Em 2009, podem circular livros tanto na atual quanto na nova ortografia.





O que muda na escrita

De acordo com especialistas, 0,45% das palavras brasileiras sofrerão alterações, ao passo que em Portugal haverá mudanças em 1,6% dos vocábulos. As regras que mudam são as seguintes:

Novas letras – há a incorporação do "k", do "w" e do "y" ao alfabeto. O número de letras passa de 23 para 26.

Trema – deixa de existir. A grafia passa a ser: linguiça e frequente.

Acentos diferenciais – serão suprimidos acentos como o de “pára”, do verbo parar.

Acentos agudos de ditongos – somem os acentos de palavras como “idéia”, que vira “ideia”.

Acento circunflexo – somem os acentos de “vôo” ou de “crêem”.

Hífen – palavras começadas por “r” ou “s” não levarão mais hífen, como em anti-semita (ficará “antissemita”) ou em contra-regra (ficará contrarregra).

Pontos em aberto

O acordo não define todos os usos de hífens, por exemplo. Assim, palavras como pé-de-cabra, ainda não têm o rumo certo e dependem da elaboração de um vocabulário pela Academia Brasileira de Letras e pelos órgãos dos outros sete países signatários.

História do acordo

O acordo ortográfico da língua portuguesa foi assinado em Lisboa em 1990 e deveria ter entrado em vigor em 1994, o que não se concretizou. Em 1998, foi assinado em Cabo Verde um protocolo que modificava a data de vigência, que foi ratificado em 2002.

Sem que as mudanças se aplicassem, em 2004 foi assinado um novo protocolo modificativo, que previa a adesão do Timor Leste, independente desde 2002. Este novo protocolo previa que as mudanças na ortografia entrariam em vigor a partir da assinatura de três países.

O acordo ortográfico já foi ratificado por Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Portugal, e, portanto, pode entrar em vigor. O processo de implementação em cada país pode variar.

Em Portugal, o acordo foi aprovado em maio e a nova ortografia deverá ser obrigatória dentro de seis anos.

Fonte: G1

Governo do Equador convida oposição para conversar após vitória no referendo

Apuração parcial mostra que nova Carta foi aprovada com 64% dos votos.
Constituição dá mais poderes ao presidente Correa e permite reeleição.

O presidente da Assembléia Constituinte do Equador, Fernando Cordero, convidou nesta segunda-feira (29) para o diálogo o prefeito de Guayaquil, o opositor Jaime Nebot, um dia depois do referendo sobre a nova Carta Magna do país, virtualmente aprovada com quase 64% de apoio popular, segundo o referendo deste domingo.

"Convido-o para um diálogo, para lermos juntos a Constituição", disse Cordero na emissora local de televisão "Ecuavisa", depois de Nebot ter se declarado disposto a conversar se convidado, após reconhecer a vitória do "sim".

Nebot expressou esta disposição depois que o presidente equatoriano, Rafael Correa, comemorou a vitória no referendo e afirmou o desejo de conversar com todos os setores políticos.

O prefeito de Guayaquil insistiu que deve ser respeitado o "modelo de desenvolvimento" de sua cidade, onde a tensão política se concentrou nas últimas semanas e onde o "sim" também venceu, segundo dados preliminares.

De acordo com Cordero, que pertence ao movimento governista Alianza País, o centralismo foi "enterrado" após o referendo constitucional.

64% de apoio

O projeto da nova Constituição recebeu 64% dos votos, com 80% das urnas apuradas até agora, segundo o Tribunal Supremo Eleitoral do Equador.

O tribunal informou que a corte contou 31.213 das 38.901 mesas, e que 3.737.397 eleitores votaram pelo sim (64%) e 1.655.624 pelo não (28%). 39.762 (1%) votaram em branco e 419.716 (7%) anularam.

O resultado ainda não é suficiente para confirmar oficialmente a vitória do "sim". Para ser aprovada, a proposta precisa de metade mais um dos votos (o sim contra o não, brancos e nulos). Cerca de 9,7 milhões de equatorianos foram convocados para votar.

Fonte: G1

Tremor de terra atinge Minas Gerais

Abalo foi sentido nos municípios de Delta, Conquista e Uberaba.
Segundo UnB, tremor teve magnitude de 3,1 graus na escala Richter.

Um tremor de terra de 3,1 graus na escala Richter atingiu a região Sudoeste de Minas Gerais, nesta segunda-feira (29). O chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), Jorge Sand França, afirmou ao G1 que o abalo foi sentido nos municípios mineiros de Delta, Conquista e Uberaba.

“Nós ainda não temos uma definição exata do que provocou o tremor ou o local exato onde ocorreu o epicentro. É uma região de falhas e esses abalos podem acontecer”, afirmou França.

Segundo França, novos tremores pós-abalo podem acontecer na região, porém, geralmente, possuem magnitude menor. Técnicos da UnB devem ir para a região para investigar o local exato e o que provocou o abalo.

De acordo com a Defesa Civil de Uberaba, não há registro de feridos ou desabrigados.

Fonte: G1

Minc anuncia 12 medidas para combater desmatamento na região da Amazônia Legal

O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) anunciou nesta segunda-feira 12 medidas para conter o avanço do desmatamento no país principalmente na Amazônia Legal. Para ele, há um esquema de "ecopicaretagem" nos planos de manejo em execução em Mato Grosso, Rondônia e Pará --campeões em desmatamento na Amazônia.

"Vamos fazer uma revisão nos planos de manejo nesses Estados [MT, RO e PA] porque temos uma desconfiança que ocorre uma 'ecopicaretagem'", disse Minc. O ministro se referiu à ineficiência dos planos em andamento nesses Estados.

Minc disse que ele e o ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) detalharão amanhã a implantação dos planos de manejo e estímulo para os extrativistas. A idéia é criar planos de manejo específicos para os assentamentos sob responsabilidade do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), e condições para que os extrativistas evitem a exploração em áreas ambientais.

"O que a gente tem de fazer é dar sustentabilidade à reforma agrária", afirmou Minc, referindo-se aos novos planos de manejo. "O nosso objetivo aqui não é encher os cofres do Ibama. Nós queremos acabar com a impunidade. O mais importante é mudar de atitude."

Cobrança

Além das áreas de assentamentos, o governo pretende conter os avanços do desmatamento com mais rigor na cobrança de multas dos 100 maiores desmatadores da Amazônia Legal e combater os crimes ambientais a partir da contratação por concurso público de mais 3.000 oficiais ambientais federais, além de agentes e fiscais.

Segundo o ministro, o governo vai pôr em pratica o PPCDAM (Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento de Amazônia legal) que reúne vários setores do governo e reunirá o comitê interministerial (com integrantes de seis ministérios) a cada dois meses para avaliar os dados e as ações.

Minc disse ainda que está mantida a idéia de implementar um distrito florestal na rodovia 163 e realizar operações de retiradas de bois irregulares em regiões de preservação nacional.

O ministro afirmou também que o comitê que vai coordenar o Fundo Amazônia --que prevê a obtenção de recursos estrangeiros para investimentos ambientais na região-- será instalado no começo de outubro.

Segundo Minc, será intensificado o monitoramento dos planos de manejo em execução no país sob coordenação dos governos estaduais e municipais principalmente em Rondônia e Pará.

De acordo com Minc, serão criadas ainda novas barreiras em áreas de preservação ambiental, ampliada a fiscalização na BR 319 e estabelecidas oficinas de monitoramento em 12 Estados da Amazônia legal em uma parceria de vários órgãos federais para que os assentamentos locais tenham condições de obter licenças ambientais.

Fonte: Folha de São Paulo

Estudo aponta aumento de 'zonas mortas' nos oceanos

O número de "zonas mortas" devido à poluição nos oceanos está crescendo rapidamente, e os cardumes costeiros estão mais ameaçados do que se pensava, disseram cientistas na segunda-feira.

Em artigo na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, os especialistas disseram que essas áreas carentes de oxigênio estão se tornando "uma grande ameaça aos ecossistemas costeiros globalmente".

Em lugares distantes entre si como o golfo do México e o mar Báltico, a proliferação exagerada de algas - devido à abundância de dejetos orgânicos - esgota o oxigênio da água.

"Organismos marinhos são mais vulneráveis ao baixo conteúdo de oxigênio do que se reconhece atualmente, sendo os peixes e crustáceos os mais vulneráveis", disse Raquel Vaquer Suner, do Instituto Mediterrâneo de Estudos Avançados, da Espanha.

"O número de zonas hipóxicas relatadas está crescendo globalmente à taxa de 5 por cento ao ano", disse ela.

Um estudo da qual ela participou mostra que essas "zonas mortas", que não existiam no final da década de 1970, já eram 140 em 2004.

O artigo publicado nos EUA diz ainda que o aquecimento dos oceanos, ligado às alterações climáticas globais de origem humana, podem agravar o problema das "zonas mortas", pois o oxigênio tem mais dificuldade de se dissolver na água morna.

As primeiras "zonas mortas" foram descobertas em latitudes elevadas do Hemisfério Norte, como a baía de Chesapeake (Costa Leste dos EUA) e fiordes escandinavos. Agora, elas estão aparecendo na América do Sul, Gana, China, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Portugal e Grã-Bretanha.

Até recentemente, segundo o estudo, a comunidade científica considerava que o nível de oxigênio poderia cair para 2 miligramas por litro, sem que a água do mar fosse considerada hipóxica.

Mas muitas criaturas são muito mais sensíveis. Larvas de um tipo de caranguejo do leste da América do Norte começaram a "sufocar" quando o oxigênio caía a 8,6 miligramas por litro, o que é um pouco abaixo do índice normal.

"Os limites atualmente usados...não são suficientemente conservadores para evitar a mortalidade generalizada", disseram os cientistas, sugerindo que se adote como medida a cifra de 4,6 miligramas de oxigênio por litro de água.

Fonte: Estadão

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Israel precisa se retirar de áreas ocupadas, diz Olmert

O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, afirmou em uma entrevista nesta segunda-feira que Israel precisa se retirar de quase todas as áreas ocupadas em 1967 se quiser firmar a paz com palestinos e com a Síria.

Olmert, que está enfrentando graves acusações de corrupção, renunciou ao cargo de primeiro-ministro na semana passada e está ocupando o cargo apenas como premiê interino.

Em sua entrevista ao jornal Yedioth Aharonoth para marcar o ano novo judaico, Olmert afirmou que a retirada israelense precisa incluir partes da região leste de Jerusalém, que é reivindicada pelos palestinos para ser a capital do futuro Estado.

Olmert também disse que qualquer acordo de paz com a Síria precisa incluir a retirada israelense das Colinas do Golã, área que está sob controle de Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

O primeiro-ministro não deu maiores detalhes, mas afirmou que estava preparado para avançar mais do que os outros líderes israelenses para alcançar a paz.

"(O ex-primeiro-ministro) Ariel Sharon falou sobre custos dolorosos, mas se recusou a especificar detalhes", afirmou Olmert. "Não temos escolha a não ser especificar os detalhes."

"No final das contas, teremos que nos retirar das áreas mais decisivas dos territórios", acrescentou. "Em troca, pelos mesmos territórios que forem deixados em nossas mãos, teremos que dar uma compensação, em forma de territórios dentro do Estado de Israel."

"Temos que chegar a um acordo com os palestinos, o significado deste acordo é que, na prática, vamos nos retirar de quase todos os territórios, se não nos retirarmos de todos", disse.

Cerca de 400 mil colonos israelenses vivem em áreas ocupadas da Cisjordânia e do leste de Jerusalém. Outros 20 mil israelenses vivem na região das Colinas do Golã.

Polêmica

As declarações de Olmert causaram polêmica em Israel.

"Olmert cometeu o pecado imperdoável de revelar sua verdadeira posição a respeito de interesses nacionais de Israel no momento em que não tem nada a perder", afirmou Yossi Beilin, ex-presidente do partido israelense Meretz.

O ministro do Exterior palestino, Riyad al-Maliki, disse que as afirmações de Olmert vieram tarde demais.

"Gostaríamos de ter ouvido esta opinião pessoal quando Olmert era o primeiro-ministro, não depois de sua renúncia", afirmou. "Acho que é uma concessão muito importante, mas veio tarde demais. Esperamos que esta concessão seja dada pelo novo governo israelense."

Silvan Shalom, membro do Knesset pelo partido de oposição Likud, afirmou que, se Israel entregar a Cisjordânia e as Colinas do Golã, a segurança ficará comprometida.

"Ele (Olmert) sabe, com certeza, que logo depois da retirada dos territórios da Cisjordânia, ela será ocupada pelo Hamas e seus patrocinadores, os iranianos", disse Shalom. "O mesmo ocorrerá nas Colinas do Golã, quando os sírios e seus patrocinadores controlarem aqueles territórios."

"Já temos uma base iraniana na parte sul do Líbano. O Hezbollah e os sírios já estão lá e estão ameaçando a segurança de Israel", acrescentou. "Infelizmente, o mesmo vai ocorrer com a Cisjordânia e as Colinas do Golã."

Fonte: BBC Brasil

ONU aponta fuga de paquistaneses para o Afeganistão

A agência de refugiados da ONU disse nesta segunda-feira que 20 mil pessoas fugiram da região tribal de Bajaur, no Paquistão, para buscar refúgio no Afeganistão em meio a combates entre tropas e militantes na área.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) afirma que quase 4 mil famílias entraram na província de Kunar, no Afeganistão.

Outros cerca de 300 mil foram forçados a abandonar suas casas por causa dos confrontos, embora o Paquistão diga que muitos conseguiram refúgio na própria região.

Militares paquistaneses lançaram uma ofensiva em Bajaur e dizem ter matado mais de 2 mil militantes.

Direção oposta

A agência de refugiados da ONU diz que a maioria dos que fugiram retornará para casa assim que os confrontos na região terminarem.

Segundo a agência, cerca de 70% das famílias são do Paquistão, mas o resto é formado por afegãos que viviam no país. No passado, refugiados afegãos cruzaram a fronteira na direção oposta.

Cerca de 4 milhões de afegãos fugiram da violência e foram procurar refúgio no Paquistão nas décadas de 80 e 90, mas mais da metade já voltou ao país de origem.

Recentemente, a agência pediu doações de mais de US$ 17 milhões para ajudar cerca de 250 mil pessoas desalojadas pelos confrontos e por inundações no noroeste do Paquisão.

Segundo a entidade, o dinheiro era necessário para a compra de barracas, cobertores e outros materiais.

Ataques

Tentativas do governo paquistanês de negociar com os militantes nas áreas fronteiriças com o Afeganistão parecem ter fracassado, de acordo com correspondentes da BBC na região.

O Paquistão sofreu uma série de ataques suicidas atribuídos a grupo militantes - incluindo um grande atentado neste mês que deixou mais de 50 mortos no hotel Marriott em Islamabad.

Militantes usam as áreas tribais como base para operações no Paquistão e do outro lado da fronteira, no Afeganistão.

Acredita-se que o Talebã e a Al-Qaeda estariam operando na região após terem sido forçados para fora do Afeganistão.

A presença dos grupos radicais nas regiões fronteiriças resultou em ataques americanos dentro do Paquistão.

Os ataques irritaram o governo paquistanês e, como resultado, houve incidentes na fronteira em que tropas paquistanesas atiraram contra helicópteros americanos por uma suposta violação de espaço aéreo.

Fonte: BBC Brasil