segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Unasul faz reunião de emergência para discutir Bolívia

Os países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) farão uma reunião de emergência na capital do Chile, Santiago, na segunda-feira, para tratar da crise boliviana.

A informação foi confirmada pela presidente do Chile, Michelle Bachelet, que atualmente ocupa a Presidência rotativa do grupo.

"Convocamos para a segunda-feira, depois do almoço, uma reunião de emergência em Santiago", disse Bachelet a jornalistas na capital chilena.

O encontro internacional ocorre em meio a violentos enfrentamentos entre opositores e apoiadores do presidente Evo Morales.

No âmbito interno, o presidente da Bolívia, Evo Morales, convocou para o domingo, em La Paz, uma reunião com os prefeitos (governadores) da oposição, segundo informou um deles na madrugada deste sábado.

Internacionalização

A tensão extrapolou para a esfera regional depois que a Venezuela afirmou que poderia intervir no vizinho na eventualidade de um golpe de Estado contra o presidente Evo Morales.

O governo boliviano e venezuelano acusam os Estados Unidos de apoiarem grupos que tentam desestabilizar o presidente Morales. La Paz e Washington já anunciaram a retirada mútua de embaixadores, medida realizada posteriormente pela Venezuela "em solidariedade à Bolívia".

Na sexta à noite, Chávez disse a um programa da TV oficial venezuelana que havia conversado com os presidentes de Brasil, Bolívia, Argentina, Paraguai, Chile, Equador e Colômbia para articular o encontro de Santiago.

"Concordamos em nos reunir em Santiago do Chile na segunda-feira à tarde, para atuar a tempo, e não quando houver milhares de mortos na Bolívia", disse o líder venezuelano. "Há um golpe montado, vão tirar o Evo debaixo dos nossos narizes, um golpe na nossa América."

Em entrevista à BBC Brasil, o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Nicolás Maduro, insistiu que seu país exercerá o "direito à rebelião" para restituir o governo Morales em uma situação extrema. "Já foi o tempo em que os EUA promoviam golpes e os demais países assistiam sem reagir", disse Maduro.

Tensão

Na Bolívia, governo e oposição expressam a intenção de superar divergências para pôr fim à violência.

Ao final de um encontro com o vice-presidente boliviano, Álvaro García Linera, o prefeito de Tarija, o opositor Mario Cossío, disse que o próprio Morales está disposto a se encontrar com os líderes da oposição em La Paz, no domingo.

"Estou convencido de que o momento para expressarmos nosso desejo de diálogo e de reconciliação é agora, e não mais tarde", havia dito Cossío antes do encontro. "Não devemos repetir a história de outros países que tiveram de sentar e dialogar apenas depois de milhares de mortes."

O recado será passado por ele a outros líderes opositores que se recusam a sentar à mesa de negociações com o governo.

O governo decretou estado de sítio no Departamento (Estado) de Pando, onde pelo menos 14 pessoas morreram.

Em Santa Cruz, outro Departamento governado pela oposição, manifestantes voltaram a interromper o trânsito na fronteira com Corumbá, no Mato Grosso do Sul. As aulas continuaram suspensas e diferentes aeroportos continuam fechados.

Um grupo de cerca de 20 estudantes ocupou a sede da Presidência boliviana em Santa Cruz, diante da polícia, que não ofereceu resistência.

Fonte: BBC Brasil

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