sexta-feira, 19 de setembro de 2008

EUA anunciam plano bilionário para crise; bolsas disparam

As principais bolsas de valores do mundo tiveram uma sexta-feira de altas vigorosas, refletindo o anúncio de que o governo dos Estados Unidos prepara um plano bilionário para salvar a economia do país.

Os detalhes do plano ainda não foram divulgados, mas as linhas gerais foram discutidas em um encontro entre o secretário do Tesouro, Henry Paulson, o presidente do Fed (Federal Reserve), o banco central americano, Ben Bernanke, e membros do Congresso em Washington.

Paulson afirmou que o plano para salvar o mercado americano da atual crise financeira vai custar "centenas de bilhões de dólares", mas que o resgate custará às famílias americanas "muito menos do que a alternativa: a continuidade da falência de uma série de instituições financeiras e o congelamento dos mercados de crédito".

"A segurança financeira de todos os americanos depende da nossa habilidade de recolocar as nossas instituições financeiras de pé", afirmou Paulson. O secretário do Tesouro disse ainda que é preciso "atacar as causas do problema".

Por sua vez, o presidente americano, George W. Bush, afirmou que uma intervenção do governo no mercado é "essencial" neste momento.

"A economia americana está enfrentando um desafio sem precedentes", disse Bush. "Estamos respondendo com medidas sem precedentes."

Altas recordes

Diante das informações sobre o plano do governo americano, as bolsas de valores de Londres e Paris fecharam com altas de mais de 8%.

Também foram registradas valorizações significativas nas bolsas de Nova York (o índice Dow Jones subiu 3,3% nesta sexta) e na Bovespa - que fechou o dia com alta de 9,5%.

O plano anunciado pelas autoridades americanas deve incluir a criação de uma agência para absorver papéis podres (que têm um risco muito alto de prejuízo ao investidor) espalhados pelo mercado, o que teria que ser aprovado pelo Congresso.

Essa medida ajudaria os bancos de Wall Street a se livrar desses papéis, melhorando suas finanças.

Outra medida adiantada pelas autoridades americanas é o uso de até US$ 50 bilhões de um fundo de emergência criado após a grande depressão, no início da década de 30, para socorrer investidores de fundos mútuos (fundos administrados por sociedades de investimento).

Com o dinheiro, o governo garantiria o pagamento de títulos de curto prazo desses fundos, formados por papéis da dívida pública americana, títulos de empresas e outros papéis negociáveis considerados de baixo risco.

Nesta sexta-feira, a SEC - órgão que fiscaliza o mercado financeiro americano, similar à Comissão de Valores Mobiliários brasileira - anunciou a proibição das vendas a descoberto de posições de 799 empresas da área financeira por um período inicial de dez dias.

A venda a descoberto ocorre quando um operador pega emprestado ações de outro para vendê-las, esperando comprá-las de volta a um preço mais baixo e, assim, obter lucro com a diferença. Analistas dizem que esse tipo de operação está por trás de quedas acentuadas em ações de alguns bancos.

Essa medida, de acordo com a SEC, visa resgatar a confiança dos investidores e proteger a integridade e a qualidade do mercado acionário.

Mais medidas

Paulson, Bernanke e parlamentares americanos devem continuar negociando o plano durante o fim de semana.

“Nós conversamos sobre uma abordagem abrangente, que vai exigir a aprovação de leis para lidar com os ativos sem liquidez das instituições financeiras”, disse o secretário do Tesouro a respeito da primeira reunião para discutir a proposta.

Segundo Paulson, as dívidas podres estão “entupindo” o sistema financeiro.

“Para restaurar a confiança em nossos mercados e em nossas instituições financeiras, a fim de que eles possam impulsionar nosso crescimento e prosperidade, nós precisamos lidar com o problema por trás disso.”

O plano americano foi anunciado em um momento em que bancos centrais de vários países continuam injetando bilhões de dólares no mercado para estimular a liquidez.

Fonte: BBC Brasil

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