Os detalhes do plano ainda não foram divulgados, mas as linhas gerais foram discutidas em um encontro entre o secretário do Tesouro, Henry Paulson, o presidente do Fed (Federal Reserve), o banco central americano, Ben Bernanke, e membros do Congresso em Washington.
Paulson afirmou que o plano para salvar o mercado americano da atual crise financeira vai custar "centenas de bilhões de dólares", mas que o resgate custará às famílias americanas "muito menos do que a alternativa: a continuidade da falência de uma série de instituições financeiras e o congelamento dos mercados de crédito".
"A segurança financeira de todos os americanos depende da nossa habilidade de recolocar as nossas instituições financeiras de pé", afirmou Paulson. O secretário do Tesouro disse ainda que é preciso "atacar as causas do problema".
Por sua vez, o presidente americano, George W. Bush, afirmou que uma intervenção do governo no mercado é "essencial" neste momento.
"A economia americana está enfrentando um desafio sem precedentes", disse Bush. "Estamos respondendo com medidas sem precedentes."
Altas recordes
Diante das informações sobre o plano do governo americano, as bolsas de valores de Londres e Paris fecharam com altas de mais de 8%.
Também foram registradas valorizações significativas nas bolsas de Nova York (o índice Dow Jones subiu 3,3% nesta sexta) e na Bovespa - que fechou o dia com alta de 9,5%.
O plano anunciado pelas autoridades americanas deve incluir a criação de uma agência para absorver papéis podres (que têm um risco muito alto de prejuízo ao investidor) espalhados pelo mercado, o que teria que ser aprovado pelo Congresso.
Essa medida ajudaria os bancos de Wall Street a se livrar desses papéis, melhorando suas finanças.
Outra medida adiantada pelas autoridades americanas é o uso de até US$ 50 bilhões de um fundo de emergência criado após a grande depressão, no início da década de 30, para socorrer investidores de fundos mútuos (fundos administrados por sociedades de investimento).
Com o dinheiro, o governo garantiria o pagamento de títulos de curto prazo desses fundos, formados por papéis da dívida pública americana, títulos de empresas e outros papéis negociáveis considerados de baixo risco.
Nesta sexta-feira, a SEC - órgão que fiscaliza o mercado financeiro americano, similar à Comissão de Valores Mobiliários brasileira - anunciou a proibição das vendas a descoberto de posições de 799 empresas da área financeira por um período inicial de dez dias.
A venda a descoberto ocorre quando um operador pega emprestado ações de outro para vendê-las, esperando comprá-las de volta a um preço mais baixo e, assim, obter lucro com a diferença. Analistas dizem que esse tipo de operação está por trás de quedas acentuadas em ações de alguns bancos.
Essa medida, de acordo com a SEC, visa resgatar a confiança dos investidores e proteger a integridade e a qualidade do mercado acionário.
Mais medidas
Paulson, Bernanke e parlamentares americanos devem continuar negociando o plano durante o fim de semana.
“Nós conversamos sobre uma abordagem abrangente, que vai exigir a aprovação de leis para lidar com os ativos sem liquidez das instituições financeiras”, disse o secretário do Tesouro a respeito da primeira reunião para discutir a proposta.
Segundo Paulson, as dívidas podres estão “entupindo” o sistema financeiro.
“Para restaurar a confiança em nossos mercados e em nossas instituições financeiras, a fim de que eles possam impulsionar nosso crescimento e prosperidade, nós precisamos lidar com o problema por trás disso.”
O plano americano foi anunciado em um momento em que bancos centrais de vários países continuam injetando bilhões de dólares no mercado para estimular a liquidez.
Fonte: BBC Brasil
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