segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Mais de um bilhão de pessoas passam fome no mundo, diz ONU

Mais de um bilhão de pessoas, cerca de um sexto da população mundial, sofre com a subnutrição de acordo com o relatório anual da Organização das Nações Unidas (ONU) a respeito de segurança alimentar, divulgado nesta quarta-feira.

O relatório elaborado pela FAO, a agência da ONU para alimentação e agricultura, afirma que o número de pessoas que sofre com a fome estava crescendo antes mesmo da crise econômica mundial, mas depois a situação piorou ainda mais.

"A FAO estima que 1,02 bilhão de pessoas estão subnutridas no mundo todo em 2009", diz o documento, divulgado na sede da organização, em Roma. "Isto representa mais pessoas com fome do que em qualquer outra época desde 1970 e uma piora das tendências que já estavam presentes antes mesmo da crise econômica."

"A meta da Cúpula Mundial sobre Alimentos (de 1996), de reduzir o número de pessoas subnutridas pela metade, para não mais do que 420 milhões até 2015, não será alcançada se as tendências que prevaleceram antes da crise continuarem", acrescentou o relatório.

A FAO afirma que as regiões da Ásia e Oceano Pacífico têm o maior número de pessoas subnutridas, 642 milhões, seguidas pela África Subsaariana, com 265 milhões de pessoas.

No entanto, o relatório também afirma que alguns países apresentaram uma melhora dramática nos níveis de subnutrição desde 1990, incluindo Brasil, Vietnã, Arábia Saudita e México.

"Nenhum país está imune e, como sempre, são os países mais pobres e as pessoas mais pobres que sofrem mais", diz o texto.

Diminuição na ajuda

O relatório da FAO foi lançado por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, que ocorre na sexta-feira.

O documento afirma também que a crise econômica reduziu a ajuda estrangeira e o investimento em países mais pobres, além de diminuir o envio de dinheiro dos que trabalham em países mais ricos.

A agência da ONU afirma que é necessário mais esforço internacional para diminuir a fome no mundo e também pede mais investimentos internacionais em agricultura e dispositivos de segurança para a economia em países mais pobres "apesar dos problemas financeiros enfrentados por governos do mundo todo".

Clique Leia mais na BBC Brasil: Produção de alimentos precisa aumentar 70% até 2050, diz ONU

Nesta quinta-feira, o diretor-geral da FAO Jacques Diouf deve apresentar uma série de propostas para ajudar os países mais afetados pela fome.

Brasil

O Índice Global de Fome, uma pesquisa publicada pela Unidade Internacional de Pesquisa em Política Alimentar (IFPRI, na sigla em inglês), revelou que a República Democrática do Congo foi o país com o maior aumento da fome desde 1990, seguido por Burundi, Comores (arquipélago no Oceano Índico) e o Zimbábue.

Por outro lado, de acordo com o índice, alguns países demonstraram uma grande melhora nos níveis de subnutrição desde 1990. Em primeiro lugar está o Vietnã, seguido pelo Brasil.

Ao citar as medidas adotadas pelo Brasil para a melhora nos níveis de subnutrição, o relatório cita programas do governo como o Fome Zero, o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e também o aumento do salário mínimo.

O relatório descreve também uma "crise no preço dos alimentos", pois estes preços se estabilizaram em um nível muito alto para muitas pessoas em países em desenvolvimento.

E como solução, o documento sugere que dar mais poder para mais mulheres nos países em desenvolvimento, por meio de educação e mais acesso a empregos, é a chave para diminuir a fome no mundo.

Fonte: BBC Brasil

Metade dos recursos usados para salvar bancos erradicaria fome no mundo, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta segunda-feira, em Roma, um chamado a que os países destinem recursos ao combate à fome, em uma cúpula marcada pela ausência de líderes das nações mais ricas – em tese as principais financiadores das iniciativas.

Em um discurso de 18 minutos no início da Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar da ONU, Lula disse que "os líderes mundiais não evitaram gastar centenas e centenas de bilhões de dólares para salvar bancos falidos".

"Com menos da metade desses recursos seria possível erradicar a fome no mundo", afirmou o presidente, acrescentando que o combate à fome “continua praticamente à margem da ação coletiva dos governos".

"É como se a fome fosse invisível", criticou. O encontro é promovido pela FAO, a agência da ONU para alimentação e agricultura.

Críticas

Segundo a organização, são necessários investimentos da ordem de US$ 200 bilhões por ano em agricultura primária nos países em desenvolvimento para atender à demanda global por alimentos até 2050, um aumento de 50% em relação aos níveis atuais.

Só a ajuda dos países ricos, diz a FAO, deveria ser de US$ 44 bilhões por ano em agricultura alimentar, – contra US$ 7,9 bilhões gastos atualmente a cada ano.

Entretanto, as mensagens pedindo mais recursos para o combate à fome caíram em um vazio nesta segunda-feira em Roma, já que esta reunião ocorre sem a presença de lideranças importantes do mundo desenvolvido.

Em compensação, não faltaram críticas aos líderes ausentes.

"Eu lamento a ausência dos países ricos neste encontro. É uma mensagem clara de que os ricos decidiram não tomar medidas para combater a fome no mundo", disse o líder líbio, Muamar Khadafi, na sua vez de falar.

"Esta cúpula é sobre a mobilização de recursos e sem os países ricos, ninguém está dando nada para ninguém. A mensagem é que cada um tem de cuidar do seu próprio problema."

Mea culpa

Já a ONG Oxfam, de promoção do desenvolvimento, disse que a ausência dos países ricos é uma "falta de compromisso".

"A falta de preocupação deles preocupa muito, justo quando mais de um bilhão de pessoas estão subnutridas e milhões de outras estão expostas à mudança climática e à volatilidade dos preços globais dos alimentos. Os países em desenvolvimento não deveriam ser deixados a sós nesta cúpula."

Em julho, durante seu encontro anual realizado em L'Acquila, na Itália, o G8, o grupo das sete economias mais industrializadas do planeta mais a Rússia, prometeu destinar aos países em desenvolvimento US$ 20 bilhões em um período de três anos para impulsionar a agricultura nesses países. Até agora o dinheiro não veio.

O anfitrião do encontro, o premiê italiano Silvio Berlusconi, fez um mea culpa e admitiu que, após a promessa, é preciso "começar a trabalhar".

"Precisamos que cada país assuma sua obrigação de forma precisa, que garanta que o dinheiro possa ajudar os agricultores, em especial os pequenos, para elevar a produção de alimentos em todo o mundo", afirmou.

Lula

Enquanto isso não acontece, ONGs e a própria ONU alertam que a fome mata 24 mil pessoas a cada dia – 70% delas, crianças. A cada cinco segundos, uma criança morre por conta da falta de alimentos, dizem.

Ecoando essas estatísticas, o presidente brasileiro qualificou a fome de "a mais temível arma de destruição em massa que existe no nosso planeta".

"Na verdade ela não mata soldados, não mata Exércitos, ela mata sobretudo crianças inocentes que morrem antes de completar um ano de idade".

Lula ainda lamentou que os esforços para socorrer os pobres da miséria, da exclusão e da desigualdade ainda sejam vistos por muitos como "assistencialismo” ou “populismo".

No Brasil, ele disse, tais esforços "foram iniciativas políticas que permitiram ao Brasil retirar 20,4 milhões da pobreza e reduzir em 62% a desnutrição infantil", disse o presidente.

"Os milhões que antes não encontravam lugar em nossa sociedade passaram a ser, pouco a pouco, nosso maior ativo. Hoje, eles formam parte da nova fronteira econômica, social e política que está moldando o Brasil", acrescentou Lula.

Fonte: BBC Brasil

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Lula diz que palestinos não precisam de 'soluções mágicas'

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta sexta-feira a visita do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, em Salvador e defendeu a "persistência" como o melhor caminho na busca por paz e estabilidade no Oriente Médio.

"O Brasil acredita que não se chegará ao entendimento por meio da exclusão e do isolamento", afirmou Lula. "Como tive oportunidade de dizer ao presidente (de Israel) Shimon Peres, não precisamos inventar soluções mágicas para a questão palestina."

"A paz justa e duradoura na região depende do estabelecimento de um Estado palestino próspero, coeso e sem restrições, que garanta a segurança de Israel e que tenha seus direitos e os de sua população respeitados", acrescentou.

Abbas visita o Brasil uma semana depois do presidente de Israel, Shimon Peres, e em um momento de impasse na retomada das negociações de paz no Oriente Médio.

No último domingo, o negociador-chefe palestino, Saeb Erekat, anunciou que pedirá ao Conselho de Segurança da ONU que reconheça um Estado palestino independente.

Nesta semana, logo após o anúncio do plano palestino de uma declaração unilateral de independência, Israel autorizou a construção de mais 900 casas no assentamento de Gilo, que fica em território ocupado, reivindicado pela Autoridade Palestina, em Jerusalém Oriental.

Após se reunir com Abbas, Lula afirmou que a expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia deve ser congelada e que as fronteiras do futuro Estado palestino devem ser preservadas.

O presidente defendeu ainda que os palestinos tenham maior "liberdade de circulação nos territórios ocupados" e disse que a situação humanitária na Faixa de Gaza é "insustentável".

Apoio

No encontro desta sexta-feira com Abbas, Lula também reafirmou o interesse do Brasil em participar da "construção" da paz entre israelenses e palestinos.

"Estou convencido de que o processo de paz se beneficiará da contribuição de outros países, além dos que tradicionalmente estiveram envolvidos", disse o presidente.

As declarações de Lula foram bem recebidas pelo presidente palestino. Abbas disse que o brasileiro tem "respeito e admiração internacional" e que seu apoio ao processo de paz é "bem-vindo".

Durante a reunião em Salvador, os dois presidentes também assinaram um protocolo de intenções para cooperação técnica em diversas áreas.

O líder palestino agradeceu o apoio econômico, humano e político que o Brasil tem oferecido e elogiou a "grande experiência" do país na convivência pacífica de diferentes povos "sem olhar cor, sexo ou religião".

Após deixar Salvador, o presidente palestino visita Porto Alegre, onde se reúne com a comunidade palestina no Rio Grande do Sul - a maior do Brasil. Depois, segue para a Argentina.

Fonte: BBC Brasil

Brasil recebe permissão da OMC para aplicar sanções contra EUA

A Organização Mundial do Comércio (OMC) deu nesta quinta-feira autorização ao Brasil para aplicar sanções de até US$ 147 milhões por ano contra os Estados Unidos por causa de subsídios concedidos pelas autoridades americanas a seus produtores de algodão.

Em agosto, a OMC já havia dado ganho de causa ao Brasil no pedido de arbitragem que havia solicitado à organização, em uma disputa que já dura nove anos.

Os árbitros determinaram que o Brasil não precisa limitar as medidas ao comércio de bens. As medidas poderão abranger serviços ou direitos de propriedade intelectual (a chamada retaliação cruzada).

Após o anúncio desta quinta-feira, teoricamente o Brasil já poderia aplicar as sanções quando quisesse.

Em 9 de novembro, o governo brasileiro divulgou uma lista de 222 itens americanos – entre eles produtos alimentícios, farmacêuticos e têxteis – que poderiam ser alvo de sobretaxas ao serem exportados para o Brasil.

A lista permanece em consulta pública até o dia 30 de novembro e só então o governo deve anunciar quais sofrerão retaliações e de que forma.

No contencioso, o Brasil alegava que os Estados Unidos deram a seus produtores de algodão mais de US$ 12 bilhões em subsídios entre 1999 e 2003, mantendo o preço do produto importado artificialmente alto e prejudicando exportadores como os brasileiros e países africanos.

O Brasil chegou a pedir sanções de mais de US$ 2 bilhões.

Fonte: BBC Brasil


Crise gerou 9 milhões de pobres na América Latina, diz Cepal


Um relatório divulgado nesta quinta-feira pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) indica que a crise financeira internacional fará neste ano com que nove milhões de pessoas passem a viver em situação de pobreza na região.

O estudo, intitulado Panorama Social da América Latina 2009, diz que a pobreza na área aumentará neste ano 1,1% e a indigência, em 0,8%, em relação a dados de 2008.

Com isso, de acordo com as projeções da Cepal, o total de pobres na região saltaria de 180 milhões para 189 milhões, equivalente a 34,1% da população da América Latina ou a um Brasil inteiro.

Já as pessoas em situação de indigência passariam de 71 milhões para 76 milhões (13,7% da população do continente).

No relatório, a Cepal considerou em situação de pobreza pessoas que não têm renda familiar mensal suficiente para comprar uma cesta básica e também pagar por serviços básicos, e em situação de indigência quem sequer tem renda familiar mensal para comprar a cesta básica de alimentos.

Meta do Milênio

A Cepal alerta que estes dados mostram “uma mudança na tendência de redução da pobreza que vinha sendo registrada na região” nos últimos anos.

A secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, disse que tal tendência de redução só foi possível devido ao maior crescimento econômico regional, o incremento do gasto social e melhorias distributivas.

Bárcena ressaltou a “urgência de que a região (América Latina e Caribe) trabalhe num novo sistema de proteção social de longo prazo”.

“Não podemos dizer que deixamos perder as conquistas alcançadas entre 2002 e 2008. No entanto, este aumento da pobreza nos obriga a agir. Devemos repensar os programas de proteção social, com uma visão estratégica de longo prazo e medidas que possam aproveitar o capital humano e protejam o ingresso das famílias e grupos vulneráveis.”

Bárcena observou ainda que o aumento da pobreza atrasará na região o cumprimento da primeira Meta de Desenvolvimento do Milênio da ONU - erradicar a pobreza extrema e a fome até 2015.

O comunicado da Cepal não cita o Brasil, especificamente, mas diz que países que tiveram redução do Produto Interno Bruto (PIB) e aumento do desemprego, como o México, sofrerão maior incremento dos seus níveis de pobreza e indigência do que os demais países da região.

No caso do Brasil, este efeito seria menor, já que o impacto da crise internacional no PIB brasileiro foi menor do que o temido inicialmente.

Fonte: BBC Brasil


Países ricos crescerão em 2010, mas com desemprego, diz OCDE

Um relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado nesta quinta-feira afirma que, em 2010, as economias dos países ricos vão se recuperar da crise financeira global, mas que o desemprego continuará elevado.

Segundo o documento da entidade, o Economic Outlook, as previsões de crescimento para os países ricos mais que duplicaram.

Em vez de 0,7%, previsto pela OCDE em junho passado, o novo relatório diz que o mundo desenvolvido crescerá 1,9% no próximo ano.

No entanto, a OCDE alerta que a recuperação econômica nos países ricos poderá ser "modesta" durante bastante tempo.

BRICs

Para a organização, os países ricos ainda não resolveram alguns assuntos que ameaçam a recuperação, como os altos custos das finanças públicas.

O principal risco para esses países é o desemprego, diz o relatório. Nos Estados Unidos, mais vagas estão sendo fechadas do que criadas e isso deve continuar acontecendo até o começo do próximo ano.

Na União Europeia, a previsão é de que o desemprego continue crescendo até 2011.

O relatório também diz que haverá recuperação econômica e crescimento em quase todas as regiões do mundo no próximo ano.

Para os países em desenvolvimento, especialmente os BRICs (os gigantes emergentes Brasil, Rússia, Índia e China), as previsões são de forte crescimento.

O Brasil deve crescer 4,8% em 2010. Para 2011, a previsão da OCDE é de que o Brasil cresça 4,5%.

Em 2010, o PIB da China deve aumentar em 10%, e a economia da Índia deve crescer mais de 7%.

De acordo com a OCDE, a Rússia deve crescer quase 4,9%, depois de ver sua economia retrair quase 9% neste ano.

Fonte: BBC Brasil

Venezuela dinamita pontes clandestinas na fronteira com a Colômbia

O vice-presidente e ministro da Defesa venezuelano, Ramón Carrizález, confirmou nesta quinta-feira a destruição de duas pontes na fronteira com a Colômbia, alegando que eram passagens ilegais utilizadas por narcotraficantes e contrabandistas.

"Qualquer passarela improvisada que se utilize para entrar e sair de um país sem cumprir com os acordos entre os países, onde não existe a presença de aduanas e do Estado, são ilegais", afirmou.

Carrizález disse que a ponte era utilizada para o tráfico de drogas e de gasolina e que "em nenhum momento" os militares venezuelanos passaram a território da Colômbia e qualificou como "manipulação" a reação do governo de Bogotá, que mais cedo, disse que Caracas violava o direito internacional ao destruir as passagens entre os dois países.

"O governo colombiano está tratando de desviar a atenção do verdadeiro problema (...) querem se passar por vítimas", disse, em alusão ao acordo militar firmado com os EUA.

Horas antes, em meio à crescente tensão diplomática entre Colômbia e Venezuela, oministro da Defesa da Colômbia, Gabriel Silva, disse que um grupo de militares venezuelanos explodiu as pontes para pedestres do município de Ragonvalia, no departamento (Estado) de Norte de Santander, ação que teria deixado "isolados" os moradores da região.

"Uniformizados que chegaram em caminhonetes do lado venezuelano, aparentemente pertencentes ao Exército da Venezuela, localizaram duas pontes de pedestre comunitárias que unem as comunidades dos dois lados (...) e dinamitaram as pontes do lado venezuelano", afirmou Silva a jornalistas em Bogotá.

"Essa ação representa uma violação à lei internacional, à lei humanitária, é uma agressão contra os civis", acrescentou.

“Desgraçado”

A tensão entre os dois países vem aumentando desde que a Colômbia anunciou um acordo militar com os Estados Unidos que permitirá a militares americanos acesso a sete bases militares em território colombiano.

Para o governo de Hugo Chávez, o acordo desestabiliza a região e é parte de um “plano de guerra” contra a Venezuela.

Há duas semanas, Chávez ordenou que militares e civis se preparassem "para a guerra para garantir a paz".


Essas declarações foram interpretadas pelo governo de Álvaro Uribe como uma “ameaça de guerra”, o que levou Bogotá a apresentar uma reclamação contra a Venezuela na Organização de Estados Americanos (OEA) e na Organização das Nações Unidas (ONU).

A última troca de farpas entre os dois governos ocorreu na quarta-feira, quando Chávez chamou o presidente colombiano, Álvaro Uribe, e o chanceler colombiano, Jaime Bermúdez, de "desgraçados" devido a críticas à União de Nações Sul-americanas (Unasul).

Bermúdez criticou a organização por não ter condenado as declarações de Chávez pedindo que o seu país se preparasse para um conflito.

“Saiu o chanceler da Colômbia dizendo que a Venezuela fala de guerra. Não lhes digo o que me provocava porque estamos no ar. (Mas) vou te dizer, desgraçado, como desgraçado é seu presidente, e desgraçaram a Colômbia!", disse Chávez, durante um ato político transmitido pela TV estatal venezuelana.

Para o governo venezuelano, a frequência cada vez maior de conflitos na fronteira com a Colômbia e a presença de paramilitares colombianos em território venezuelano é parte de uma “estratégia” que coincide com a presença norte-americana na Colômbia para “desestabilizar” a revolução liderada por Chávez.

Os governos colombiano e norte-americanos, no entanto, argumentam que o uso das bases militares se limitará a combater o narcotráfico na Colômbia.

Fonte: BBC Brasil

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Kirchner e Lula se reúnem para tentar amenizar conflitos comerciais

A presidente da Argentina, Cristina

Kirchner, se reúne nesta quarta-feira em Brasília com

o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em meio a novas divergências comerciais entre os dois paí

ses, principais sócios do Mercosul.

As diferenças são res

ultado de medidas burocráticas adotadas pelos dois países que acarretam em um atraso no desembarque de produtos no mercado vizinho, geram prejuízos para produtores e exportadores e já afetaram o volume do comércio bilateral.

Segundo o ministro da Economia da Argentina, Amado Boudou, 6% das exportações brasileiras teriam sido atingidas com as chamadas Licenças Não Automáticas (LNA), adotadas pela Argentina em outubro de 2008, em meio à crise internacional.

Para o Brasil, este impacto é maior e varia entre 14% e 17%, se forem somadas todas as recentes iniciativas argentinas, incluindo medidas tidas como antidumping.

Exportações

Em outubro, o embaixador do Brasil em Buenos Aires, Mauro Vieira, divulgou uma nota na qual afirmou que as exportações do Brasil para a Argentina haviam caído 43% no primeiro semestre de 2009, comparado com o mesmo período do ano passado.

Vieira afirmou ainda que, no mesmo período, as exportações da Argentina para o Brasil caíram 19%.

Apesar da queda das exportações e da desvalorização do peso frente ao real, a Argentina registrou, em outubro, o quarto mês consecutivo de déficit comercial com o Brasil, segundo a consultoria Abeceb.

De acordo com a mesma consultoria, até outubro deste ano, o comércio bilateral foi de US$ 18,5 bilhões - 30% menor ao mesmo período de 2008.

LNA

Alguns assessores do governo brasileiro afirmam que as LNAs estão previstas na Organização Mundial de Comércio (OMC), mas desde que não superem os sessenta dias de prazo, o que não estaria ocorrendo, como afirmou Vieira na mesma nota.

Um assessor do governo brasileiro disse à BBC Brasil que muitos empresários brasileiros reclamam que seus produtos estão parados (na alfândega argentina) “há 180 dias”.

Em contrapartida, Cristina Kirchner reclamou contra as LNAs imposta pelo Brasil a produtos argentinos em outubro.

“Isso jamais tinha ocorrido, que mercadorias perecíveis ficassem paradas na fila para entrar no Brasil”, afirmou. Cristina disse que falará sobre o assunto com o presidente Lula. “Sim, conversarei sobre isso com Lula”, disse.

China

O especialista Raul Ochoa, professor de comércio internacional da Universidade de Buenos Aires (UBA), disse à BBC Brasil que os setores brasileiros afetados com as LNAs da Argentina são calçados, têxtil, móveis, brinquedos, autopeças, manufaturados de plástico e borracha e aparelhos elétricos e eletrônicos.

“Estes itens atingidos tiveram uma queda de 52% (nas exportações para Argentina até outubro) na comparação com 2008”, disse Ochoa. “O Brasil alega, e com razão, que com essa medida, houve um desvio de comércio que beneficiou a China no mercado argentino”.

O especialista afirma ainda que as exportações chinesas destes produtos para a Argentina, caíram menos do que as brasileiras e registraram queda de 39%.

Outros impostos

Ochoa disse que foi aprovada ainda uma lei, na Argentina, que aumenta impostos internos e que afetará também as vendas de produtos eletrônicos fabricados no Brasil, como celulares.

Ao mesmo tempo, Ochoa ressaltou que as LNAs implementadas pelo Brasil afetam as vendas argentinas de farinha de trigo, vinhos, passas de uva, azeitonas, azeites de oliva, geleias, pescados e auto-peças.

“São produtos que fazem parte, principalmente, da lista de compras de Natal e representam cerca de 20% das exportações argentinas (para o Brasil)”, afirmou Ochoa.

Para ele, foi o mercado brasileiro que salvou, por exemplo, a produção argentina de automóveis (devido às vendas para o Brasil).

Segundo ele, a Argentina voltou a acumular déficit comercial com o Brasil por problemas próprios, como falta de volumes e diversificação da sua pauta exportadora.

A expectativa entre industriais e assessores do governo brasileiro é de que a Argentina possa “rever” as LNA antes de 2010, quando a previsão é de crescimento econômico nos dois países.

O analista Félix Peña, professor da Universidade Tres de Fevereiro, afirmou que existem hoje pelo menos duas falhas nesta relação bilateral: “medidas do acordo do Mercosul que precisam de rejuvenescimento e maior confiança mútua entre os dois países”.

Fonte: BBC Brasil

Brasil ‘decola’, diz capa da revista ‘The Economist’

A ascensão econômica do Brasil é o tema da capa, de um editorial e de um especial de

14 páginas da edição desta semana da revista britânicaThe Economist, divulgada nesta quinta-feira.

Intitulado Brazil Takes Off (“O Brasil Decola”, em

tradução literal), o editorial afirma que o país parece ter feito sua entrada no cenário mundial, marcada simbolicamente pela escolha do Rio como sede olímpica em 2016.

A revista diz que, se em 2003 a inclusão do Brasil no grupo de emergentes Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) surpreendeu muitos, hoje ela se mostrou acertada, já que o país vem apresentando um desempenho econômico invejável.

A Economist afirma também que o Brasil chega a superar outros Bric. “Ao contrário da China, é uma democracia, ao contrário da Índia, não possui insurgentes, conflitos étnicos, religiosos ou vizinhos hostis. Ao contrário da Rússia, exporta mais que petróleo e armas e trata investidores estrangeiros com respeito.”

Apagão

O editorial da Economist ressalva também que o país tem problemas que não devem ser subestimados, da corrupção à falta de investimentos na educação e infraestrutura “evidenciados pelo apagão desta semana”.

No especial de 14 páginas, oito reportagens analisam as razões do sucesso econômico brasileiro e seus potenciais riscos.

Separadamente, a revista traz um perfil da ministra Dilma Rousseff e afirma que seu desafio na campanha eleitoral do ano que vem é se mostrar próxima o suficiente de Lula para beneficiar-se de sua influência, mas distante o bastante para mostrar que tem personalidade própria.

A revista traz ainda uma reportagem sobre o caso da universitária Geyse Arruda, expulsa da Uniban e depois readmitida. Para a revista, o episódio mostra que no Brasil a tolerância convive desconfortavelmente com o recato exagerado.

Fonte: BBC Brasil

sábado, 14 de novembro de 2009

Brasil é 2º país da América Latina com maior confiança em Forças Armadas

O Brasil é o segundo país da América Latina com maior índice de confiança nas Forças Armadas, segundo barômetro levantado pela Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos.

O país fica em quarto lugar nesse quesito em todo o continente das Américas.

De acordo com a universidade, o Brasil tem 68,4 pontos de confiança, em uma escala até 100, nas Forças Armadas. Os países com maior índice de confiança são o Canadá (79,3 pontos) e os Estados Unidos (74,8 pontos).

O México fica em terceiro lugar com 70,5 pontos. O país com menor índice de confiança é a Argentina, com apenas 36,3 pontos.

O índice foi levantado a partir de dados de entrevistas feitas em 2008 em 22 países, em que foi feita a seguinte pergunta: Até que ponto você confia nas Forças Armadas?

Os pesquisadores perguntaram qual o grau de confiança em uma escala de 1 a 7, em que um significava "nenhuma confiança" e sete significava "muita confiança".

Os valores depois foram recalibrados para uma escala de 100.

O estudo concluiu que, apesar do histórico de ditaduras militares na região, o índice de confiança nas forças armadas é relativamente alto, alcançando média de 59,2 pontos, e é mais alto do que o de confiança em outras instituições de representação, como partidos políticos ou o Congresso.

Alta confiança

Os autores do estudo também compararam os dados com estatísticas econômicas e constataram que o índice de crescimento do PIB per capita de um país estaria relacionado a uma maior confiança nas Forças Armadas.

A universidade, no entanto, não explica o porquê desta relação mas sugere que a prosperidade e o bom desempenho do governo provoca um aumento de confiança em outras instituições públicas. Além disso, afirma, em alguns países as Forças Armadas tiveram um papel influente na política de desenvolvimento do país.

O barômetro ainda estudou variantes que poderiam influenciar no resultado e concluiu que as mulheres tendem a confiar menos nas Forças Armadas, bem como os jovens e os moradores das capitais.

O estudo analisou as respostas de 30.824 entrevistados em 19 desses países – Costa Rica, Panamá e Haiti ficaram de fora da pesquisa.

A pesquisa foi financiado pela agência americana para o desenvolvimento internacional (USAID), e ainda contou com fundos do Banco Interamericano de desenvolvimento, Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, Centro para as Américas e Universidade de Vanderbilt.

Fonte: BBC Brasil

Estudo mostra que 89% da madeira do Pará vem de área ilegal

O desmatamento sem autorização legal atinge 89% da área que sofre exploração madeireira no Estado do Pará, de acordo com estudo da ONG Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia.
É a primeira vez que se faz uma estimativa direta da retirada de madeira ilegal da Amazônia. Até hoje ninguém sabia direito qual é a quantidade de madeira clandestina na região. O número mais citado, impreciso, fala em 50%.

Os dados usados pelo Imazon agora, vindos de imagens de satélite de 2007 e 2008, indicam que até a atividade madeireira legalizada tem irregularidades --como o registro de toras supostamente oriundas de áreas já desmatadas por completo-- em 37% dos casos. A ONG ainda pretende cruzar o mapeamento com os dados de volume total de madeira em cada região do Estado para estimar o volume clandestino.

A primeira conclusão dos pesquisadores é que 89% da área em que a derrubada foi detectada via satélite não corresponde aos locais em que a atividade madeireira foi aprovada pelo Estado. São quase 375 mil hectares, dos quais 73% equivalem a áreas privadas, devolutas ou sob disputa. O Imazon pretende realizar o levantamento todos os anos daqui para a frente, incluindo também Mato Grosso.

Fonte: UOL