quinta-feira, 31 de julho de 2008

Setor informal 'é principal via para escapar da pobreza'

O setor informal retira mais trabalhadores da pobreza do que o formal, segundo um artigo divulgado em uma publicação do Centro Internacional da Pobreza (CIP), órgão ligado ao Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP).

"Empregos para trabalhadores pobres são escassos no setor formal. Para melhorar a sua renda, os pobres apelam para empregos informais e sem registro que são altamente vulneráveis", dizem a pesquisadora Ana Flávia Machado, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Rafael Perez Ribas, do CIP, no artigo Onde Estão os Empregos que Tiram as Pessoas da Pobreza no Brasil?

Utlizando dados da Pesquisa Mensal de Emprego de 2004 para avaliar a relação entre mobilidade entre estados de pobreza e inserção no mercado de trabalho, os autores classificaram trabalhadores entre 18 e 60 anos em três grupos: trabalhadores do setor formal, do setor informal e desempregados.

Os autores constataram que 6% dos desempregados, 3% dos trabalhadores pobres do setor informal e 1% dos trabalhadores pobres do setor formal saem da pobreza de um mês para o outro. Segundo eles, isso mostra que "trabalhadores pobres do setor formal têm menos chances de sair da pobreza."

Além disso, cerca de 85% de trabalhadores informais que saem da pobreza continuam no setor informal, e apenas 11% passam a ter um emprego no setor formal.

No setor formal, entre os que saem da pobreza, 91% continuam no setor formal, enquanto 9% se deslocam para a informalidade.

Já entre os desempregados que conseguem sair da pobreza, 37% encontram emprego no setor informal, enquanto que 14% o fazem no setor formal.

"Isso sugere que o setor formal não tem ajudado as pessoas a saírem da pobreza tanto quanto o setor informal", dizem os autores.

Vulnerabilidade

Por outro lado, o artigo diz que os trabalhadores do setor informal têm mais chances de cair na pobreza do que os do setor formal, porque "podem não ter proteção social durante tempos de crise econômica".

Os dados compilados pelos autores mostram que 4% dos trabalhadores informais, 3% dos desempregados e 2% dos trabalhadores do setor formal passam a ser pobres de um mês para o outro.

Os autores também concluíram que a porcentagem de trabalhadores que entram na pobreza por causa do desemprego é maior no setor informal (16%) do que no formal (12%).

"O setor formal oferece as melhores condições para os trabalhadores, mas no Brasil os pobres têm acesso limitado a esse setor. A informalidade tem sido um meio alternativo de promover mobilidade sob condições de baixa renda, apesar de sua maior vulnerabilidade", concluem os pesquisadores.

Fonte: BBC Brasil

A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva afirmou nesta segunda-feira em São Paulo que está na hora de o Brasil implementar a legislação ambiental que tem e iniciar as mudanças para um modelo de desenvolvimento sustentável.

"Alguns (governos) criaram marco regulatório, outros criaram medidas importantes de implementação da legislação. Agora cabe a equação de implementar a lei e viabilizar as estruturas para mudança de modelo. E não é fácil mudar modelo de desenvolvimento", disse Marina, que reassumiu sua cadeira no Senado após a renúncia, em maio.

A senadora respondeu a perguntas de jornalistas durante encontro na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) com representantes da federação e com os atores Victor Fasano e Christiane Torloni, fundadores do movimento Amazônia para Sempre.

Questionada sobre a gestão do seu sucessor, Carlos Minc, Marina disse acreditar que o atual ministro esteja dando continuidade às suas políticas.

"Tanto que as medidas tomadas em relação ao aumento do desmatamento foram mantidas, e o ministro está com a responsabilidade de implementá-las. É claro que ele vai dar continuidade e torço para que consiga consolidar as medidas, que não são poucas."

"Às vezes brinco que trocaram seis por uma dúzia. Antes, eu estava no Ministério. Agora tem eu e o Minc, então fez 12."

Angra 3

A ex-ministra também reiterou a sua posição contrária à construção da usina nuclear de Angra 3, cuja licença prévia foi concedida pelo Ibama, com o argumento de que se trata de uma energia cara e pouco segura.

"Esse investimento que será feito para produção de energia nuclear pode ser feito em outras fontes de energia renovável, o que também é caro por enquanto, mas (em que) se pode fazer um investimento porque é uma fonte mais segura, do ponto de vista dos riscos."

A ministra defendeu rigor na emissão de licenças ambientais, processo pelo qual sofreu críticas na sua gestão e que Minc prometeu acelerar quando assumiu.

"São processos que dão trabalho mas são mais eficazes. Nós saímos de uma média de 140 licenças para 222 licenças por ano, sem que nenhuma tivesse judicializado (sido contestada judicialmente)", disse a ministra.

"Dá mais trabalho, mas é até mais rápido. Uma coisa é dar uma licença de qualquer jeito e depois o Ministério Público com legítima razão entra (na Justiça) e você fica dois, três, quatro, cinco anos na Justiça."

Sobre se teria um grau de ingerência maior fora do governo, Marina disse que a atuação que como ministra e como senadora são "de natureza diferente".

"Dentro do governo pude criar 24 milhões de hectares em Unidades de Conservação. Foi possível fazer um plano que levou 700 pessoas à cadeia, desmontar 1.500 empresas ilegais, apreender 1 milhão de metros cúbicos de madeira", disse Marina.

"São coisas muito objetivas, agora fora do governo posso estar aqui conversando com outros agentes para que a gente saia da agenda de comando e controle e vá para a mais estratégica, do desenvolvimento sustentável."

Sem 'reinventar a roda'

A ex-ministra discutiu com os artistas e representantes da Fiesp formas de preservar a Amazônia.

"O presidente (da Fiesp, Paulo) Skaf me convidou para uma reunião de chuva de idéias, nós estamos na primeira chuva", brincou, acrescentando que é preciso avaliar o que já existe em políticas públicas e iniciativas privadas para não se tentar "reiventar a roda".

Christiane Torloni disse que o país vive um momento decisivo, que comparou à "tomada de consciência" que antecedeu o movimento Diretas-Já.

"Estamos agora, por uma questão absolutamente cósmica, a ponto de sermos líderes mundiais: produzindo alimentos, biocombustível e proteção ambiental. Ou não, podemos ser os maiores vilões do planeta: produzindo a madeira mais ilegal do mundo, a soja mais ilegal do mundo, a carne mais ilegal do mundo, e produzindo o maior deserto do mundo, cabe a nós escolhermos."

"Essa tomada de consciência que mudou a história do país há 20 anos", acrscentou.

Os dois artistas articularam a iniciativa Amazônia para Sempre, que reuniu 1,1 milhão de assinaturas num abaixo-assinado pela preservação da floresta.

Fonte: BBC Brasil

FMI diz que risco cresce nos mercados emergentes

Um relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma que o risco está crescendo nos mercados emergentes, devido à atual crise mundial de crédito.

No Relatório sobre Estabilidade Financeira Global, o FMI diz que os mercados emergentes continuam "relativamente fortes", apesar do período de turbulência na economia internacional.

"Esta força será testada, primeiro por causa da situação nos mercados financeiros – com condições financeiras mais restritas – e em segundo lugar por causa das pressões inflacionárias, que no caso dos mercados emergentes é importante", disse o diretor do departamento de mercados monetário e de capitais do FMI, Jaime Caruana.

Na seção do documento intitulada "Risco crescendo nos mercados emergentes", o FMI alerta que "alguns mercados emergentes estão passando por um crescente escrutínio, especialmente em relação às suas políticas para combater o aumento da inflação".

O relatório destaca que a saída de capital de fundos de equity está concentrada nos mercados asiáticos, onde as preocupações com inflação e desaquecimento da economia são maiores.

O FMI também afirma que, com o aumento do preço internacional de commodities, o "apetite por risco" diminui, afetando os mercados emergentes.

Sobre a economia mundial, o FMI afirma que não há sinais de que a atual a crise global de crédito está acabando.

Segundo a entidade, a queda no preço dos imóveis e a diminuição do crescimento econômico estão afetando o crédito.

Os bancos continuam sob pressão e mais cortes em empréstimos bancários poderiam reduzir ainda mais o crescimento da economia.

Fonte: BBC Brasil

Troca de acusações marca 2ª semana de reuniões na OMC

Depois de uma semana de debates em torno de temas controversos, a troca de acusações agora é explícita nos corredores da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra.

Os Estados Unidos acusam Índia e China de ameaçar o "delicado equilíbrio" da Rodada Doha, e a Argentina se distancia do Brasil no capítulo referente à abertura do setor industrial dos paises emergentes.

Um alto funcionário americano enviou aos demais sócios da OMC um comunicado no qual afirma que a posição de Índia e China representa o "maior perigo" que a rodada já sofreu desde seu lançamento, em 2001.

No domingo, a negociadora americana, Susan Schwab, já havia feito uma velada referência a esses países ao dizer que "um pequeno grupo de países emergentes" está "comprometendo o delicado equilíbrio" do processo.

A principal preocupação de chineses e indianos é proteger seus pequenos agricultores da abertura de mercados, que, segundo eles, poderia ameaçar a segurança alimentar nacional e levar milhares de trabalhadores à miséria.

A China já anunciou que incluirá arroz, açúcar e algodão na lista de produtos especiais que poderá ficar livre de qualquer corte de tarifas de importação.

Além disso, apóia a exigência da Índia de facilitar a aplicação de um mecanismo de salvaguarda especial – flexibilidade que permitiria aos países em desenvolvimento voltar a subir as tarifas de importação para proteger-se de um acentuado aumento nas importações.

No domingo, o ministro de Comércio indiano, Kamal Nath, afirmou que outros cerca de 80 países têm a mesma preocupação.

Concessões na indústria

A China também acusou os americanos de pressionar os países em desenvolvimento a fazer concessões em setores industriais nos quais os Estados Unidos têm grande vantagem exportadora, como o de maquinaria, químico e automotivo.

Nesse capítulo, a Argentina se soma às reclamações, distanciando-se do Brasil, seu sócio no Mercosul, que já se disse satisfeito com a abertura proposta para suas indústrias.

Lamy deve apresentar nesta segunda-feira um texto revisado para tentar aproximar as posições opostas, mas seu porta-voz, Keith Rockwell, admite que será um documento cheio de espaços em branco.

"O objetivo é colocar no papel o que já foi tratado até agora para que as delegações tenham tempo suficiente para avaliar as propostas. Os temas sobre os que ainda não há convergência estarão em branco", explicou.

As principais pendências são a definição da lista de produtos tropicais que terão cortes mais rápidos nas tarifas de importação, o possível fim do sistema de preferências que dá vantagens às exportações dos países do bloco ACP (África, Caribe e Pacifico) aos países ricos, e os subsídios dos Estados Unidos a seus produtores de algodão.

Esses temas serão discutidos pelo Grupo dos Sete, cujas conclusões devem ser apresentadas, posteriormente, aos cerca de trinta ministros que participam das negociações em Genebra.

Na reunião desta segunda-feira com todos os membros da OMC, Lamy disse que "é hora de mostrar flexibilidade", já que o tempo "está se esgotando".

"Todos estão cansados e não podem ficar em Genebra para sempre", afirmou seu porta-voz, Rockwell.

Fonte: BBC Brasil

Doha: Disputa entre emergentes 'não afeta Brasil no longo prazo'

A disputa entre os países do G20 em relação à proposta apresentada pelo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) na Rodada Doha não deverá afetar o Brasil no longo prazo, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil.

A proposta, apresentada na última sexta-feira por Pascal Lamy, foi aceita pelo Brasil, enquanto recebeu críticas de países como Argentina e Índia.

"Não se pode falar em ruptura definitiva (no G20)", diz Rabih Nasser, professor de direito internacional do GV Law, da Fundação Getúlio Vargas.

Segundo Nasser, esses países do G20 "se beneficiam da liderança que o Brasil teve" e não devem abandonar o grupo.

"Todo mundo tem consciência de que o G20 traz benefícios para todos", diz Nasser.

Em relação ao Mercosul, Nasser também afirma que as divergências em torno da Rodada Doha não terão efeitos de longo prazo.

"É improvável. São poucos os países se sentindo contrariados. Argentina e talvez Venezuela", afirma.

"Há interesses maiores em jogo. Não é de interesse de nenhum país do Mercosul causar esfacelamento", diz Nasser.

"Todos dependem do Brasil, a começar pela Argentina."

A imprensa argentina chegou a dizer que os países do Mercosul entenderam como "traição" o apoio brasileiro à proposta.

A Índia critica especialmente os parâmetros estabelecidos para a aplicação do mecanismo de salvaguarda especial para a agricultura.

Proposta

Segundo os analistas ouvidos pela BBC Brasil, a proposta aceita pelo Brasil era a possível dentro do contexto das negociações.

"Todo mundo queria mais, mas nesse contexto isso é o que foi obtido", afirma Ricardo Caldas, professor do Instituto de Ciência Política da Unviersidade de Brasília (UnB).

"Divergências sempre vão existir. O objetivo é obter um consenso mínimo. Para isso, todos têm que ceder", diz Caldas.

Ele afirma que o objetivo do Brasil "não é ter a liderança do G20, e sim ter resultado nas negociações comerciais".

Segundo Caldas, "o G20 é uma estratégia para obter esses resultados".

O diretor-geral do Icone (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais), André Nassar, afirma que a ruptura ocorre do lado argentino e indiano, não por parte do Brasil.

"O Brasil está fazendo o que tinha que fazer", diz Nassar.

O professor Rabih Nasser, do GV Law, afirma que "os outros países é que estão com posições um pouco extremadas".

"O Brasil viu que seus interesses estavam atendidos dentro do nível de ambição que se pode esperar a essa altura", afirma Nasser.

"Não impede que se tente acomodar as necessidades dos outros países", diz.

Fonte: BBC Brasil

Brasil domina ranking das 500 maiores empresas da América Latina

As empresas brasileiras dominam um ranking que reúne as 500 maiores empresas da América Latina em 2007, de acordo com um estudo anual realizado pela revista AméricaEconomía.

De acordo com a listagem, que reúne informações financeiras de grandes corporações latino-americanas, do total de empresas analisadas, 210 são brasileiras.

O número representa um aumento de apenas quatro companhias em relação ao ano anterior, mas põe o Brasil muito à frente do México, o segundo colocado, com 134 empresas.

Apesar de contar com o maior número de companhias, o Brasil não lidera o ranking, encabeçado pela petrolífera mexicana Pemex, com volume de vendas estimado em US$ 103,9 bilhões.

Na segunda posição vem a Petrobras, que subiu do terceiro para o segundo lugar, depois que suas vendas aumentaram 12% em um ano, batendo US$ 96,3 bilhões em 2007.

A estatal brasileira ultrapassou a venezuelana PDVSA que caiu da primeira para terceira posição, com um total de vendas estimado em US$ 96,2 bilhões, uma queda de 6% em relação a 2006.

“Se a petroleira brasileira mantiver em 2008 o ritmo médio de crescimento alcançado nos últimos dez anos (18,63%) e supondo que suas rivais mexicanas e venezuelanas façam o mesmo, podemos adiantar que fechará 2008 como a maior empresa em vendas da América Latina”, afirma a publicação, com sede em Santiago, no Chile.

Era dourada

De acordo com a AméricaEconomía, o advento da Petrobras como a maior empresa da região “é apenas uma das diversas manifestações da forte liderança que as companhias brasileiras começam a tomar na América Latina”.

De acordo com dados da revista, as companhias do Brasil são as que mais cresceram em volume de vendas de 2006 para 2007 (35%), enquanto o índice de crescimento registrado entre todas as 500 listadas foi de 23%.

Ainda segundo a revista, além do setor petrolífero, o Brasil também desponta no topo de outros setores econômicos citados no estudo, como o de alimentos e agroindústria.

“As firmas brasileiras de alimentos vivem uma era dourada. Crescem os estímulos à exportação e a demanda interna. O aumento das vendas das 11 brasileiras no ranking do setor é sintomático: passou de 30% para 65%.”

Entre outras empresas brasileiras citadas entre as 50 primeiras do ranking geral estão a Vale do Rio Doce (5°), Petrobras Distribuidora (7°), Grupo Votorantim (13°), Gerdau (15°), Odebrecht (16°) e Eletrobras (19°).

"Brasilcentrismo"

Na avaliação da revista, as multinacionais já falam no termo “Brasilcentrismo” quando traçam sua estratégia de investimento na América Latina.

“Trata-se de um conceito que busca explicar o afã de executivos em reduzir seu plano latino-americano ao penetrar exclusivamente no maior país da região.”

“O Brasil sempre foi o centro de gravidade da América Latina, pelo menos da América do Sul. No entanto, as taxas de crescimento positivas dos últimos anos, as reformas realizadas e a seriedade econômica com a qual se está administrando o país, incrementaram o poder de atração deste gigante que começa a crescer e cujo atrativo ameaça ofuscar outras economias da região”, avalia a revista.

A expansão das empresas brasileiras e mexicanas, que somam 344 do total, castigam as argentinas, colombianas, chilenas, peruanas e venezuelanas, que perderam terreno, reduzindo seu número de participantes de 169 para 144.

Na avaliação da revista, o que explica o bom desempenho das 500 maiores empresas da região são os rendimentos das economias domésticas.

“A valorização das moedas locais frente ao dólar dificultou as exportações”, diz a revista. “De fato, a fatia das vendas para o exterior caiu de 47,5% para 39,8% em 2007.

“O que está realmente por trás dos bons resultados é o rendimento das economias domésticas. Em 2007, a América Latina teve seu quarto ano de expansão consecutiva, acima dos 3%”, afirma a Américaeconomía.

Fonte: BBC Brasil

Polêmica sobre salvaguarda põe em risco acordo na Rodada Doha

A falta de consenso sobre um mecanismo de salvaguarda que permitiria aos países em desenvolvimento subir tarifas aduaneiras para se proteger de um surto de importações que possa prejudicar sua segurança alimentar é o ponto crucial que está ameaçando o acordo da Rodada Doha em Genebra.

Com o clima de pessimismo e a guerra de acusações que toma conta da sede da Organização Mundial do Comércio (OMC), diplomatas envolvidos nas negociações acreditam que o fracasso da Rodada Doha pode ser declarado na noite desta segunda-feira.

"Estamos por um fio. Agora realmente estamos em um momento crítico", afirmou o negociador de um dos sete principais lados envolvidos na negociação (Brasil, Índia, Estados Unidos, China, Austrália, Japão e a União Européia), que pediu para não ser identificado.

Segundo ele, apenas quatro envolvidos na negociação realmente aceitam o pacote apresentado na última sexta-feira pelo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy: Brasil, União Européia, Estados Unidos e Austrália.

Diferenças

Países cuja economia está baseada na exportação de poucos produtos agrícolas reclamam que o tipo de flexibilidade previsto no chamado mecanismo de salvaguarda especial lhes faria perder qualquer benefício que poderiam ter com a liberalização global do comércio.

Segundo o texto atual, um país poderia subir suas tarifas em até 15% quando a média das importações de alimentos aumentarem 40%. Mas Índia, China e outros 80 países de economias vulneráveis defendem que as salvaguardas possam ser acionadas quando as importações subirem 10%.

Para Paraguai e Uruguai, mesmo um gatilho de 10% já colocaria em risco o crescimento de suas exportações. Os países também defendem que o remédio de 15% seria em muitos casos mais elevado que as tarifas atuais, um argumento compartilhado pelo Brasil.

"Não exportamos minerais, não exportamos máquinas. Exportamos agricultura. Temos muito poucos produtos de exportação e nossos mercados emergentes são os países em desenvolvimento", justificou o embaixador do Uruguai na OMC, Guillermo Valles.

Uruguai uniu forças com Paraguai para se impor contra a facilitação da aplicação das salvaguardas.

"O Paraguai não pode hipotecar seu futuro aceitando um custo como este. Não é possível que paguemos o preço de uma abertura que beneficiará os países mais ricos", defendeu o embaixador do Paraguai na OMC, Rigoberto Gauto.

Em entrevista coletiva na sede da instituição, ambos os embaixadores afirmaram que seus países não aceitarão o acordo como o que está atualmente no papel.

Inflexibilidade

Em uma reunião privada com um grupo de jornalistas, fontes diplomáticas afirmaram que as posições são radicais e nenhum lado se mostra disposto a ceder.

"A Índia vai impedir a rodada se não buscarmos uma solução", afirmou o negociador.

Ao mesmo tempo, o embaixador da China para a OMC, Sun Zhenyu, afirmou que seu país "já não pode fazer concessões em pontos importantes, como produtos especiais (protegidos de redução de tarifas) e mecanismo de salvaguarda, que afetam a milhões de agricultores pobres".

Segundo o negociador, na reunião desta segunda-feira do grupo dos sete principais envolvidos nas negociações, o Brasil tentou mediar o conflito propondo que os sócios da OMC busquem uma solução "neutra" que permita flexibilizar as posições de seus aliados no G20 sem ter que mudar os pontos já definidos no pacote de Lamy.

"Se mudarmos uma coisa nesse pacote, teríamos que mudar tudo. Por isso a única solução possível seria pensar em algum tipo de compensação que beneficie por outro lado esses países que se sentem prejudicados", disse o negociador.

União Européia e Austrália apóiam a iniciativa brasileira, mas Estados Unidos se mostraram reticentes. Resta saber se os demais membros da OMC estarão dispostos.

Fonte: BBC Brasil

sábado, 26 de julho de 2008

"Classe Média"

Bem pessoal,

Novas atualizações, só na segunda feira!

Mas fiquem com essa música do Max Gonzaga para vocês refletirem um pouco!




Até a próxima pessoal!

Coreanos estudam 16 horas por dia para entrar na faculdade

Olha só pessoal como que vocês reclamam de mais!



Fonte:UOL/Herald Tribune

Crise dos alimentos: 'O pior já passou', diz FAO

O pior da crise dos alimentos já passou e a América Latina "está se consolidando como a grande produtora de alimentos do planeta", na opinião de José Graziano Da Silva, diretor regional para a América Latina e o Caribe da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, a FAO.

"Neste momento, acreditamos que as perspectivas (sobre uma solução para a crise) são muito boas. Nos dá a impressão de que o pior já passou", disse Graziano em entrevista à BBC.

Graziano diz que os preços dos principais produtos, como o trigo e o arroz, estão se estabilizando e que "a produção de quase todos os cereais tem registrado um crescimento muito significativo e (espera-se) alcançar um recorde mundial em 2008".

Depois de meses de manchetes alarmantes sobre o aumento contínuo dos preços dos alimentos, a FAO acredita que a situação mundial de oferta e demanda melhorará graças a um aumento da produção mundial de cereais de 2,8%.

Segundo Graziano, esse aumento na produção será especialmente marcante na América Latina, onde ficará em torno de 5,7%.

"Os países do Mercosul, incluindo o Brasil, têm aumentando sua produção, o que tem contribuído para frear a escalada dos preços", afirmou.

Produção e fome

Graziano afirmou, no entanto, que a América Latina vive um paradoxo, já que produz mais do que consome e "os mais pobres são os pobres do campo, que são os que produzem os alimentos."

Para Graziano, a solução está em políticas de proteção aos setores mais vulneráveis - já iniciadas por governos da região - e no estímulo à agricultura familiar.

"A alta nos preços dos alimentos pode representar uma oportunidade de melhora das receitas. Isso se os países têm políticas de apoio à agricultura familiar, às infra-estruturas nas zonas rurais", afirmou.

Ele afirmou ainda que o país da região que mais o preocupa é a Bolívia.

"Há uma situação de insegurança alimentar severa. As zonas mais afetadas têm sido as do altiplano, que têm sofrido inundações."

Crescimento e inflação

O diretor da FAO disse que o grande problema da inflação na América Latina é que ela afeta os pobres em dobro.

"A inflação média na região está em cerca de 6%, mas o impacto sobre os mais pobres chega a 12% e isso acontece porque a maior parte de sua renda vai para o consumo de alimentos", afirmou.

Mesmo assim, Graziano afirma que o impacto que as medidas antiinflacionárias terão sobre o crescimento é ainda mais preocupante.

"A maior parte dos bancos centrais, por recomendação das instituições financeiras internacionais, começaram a aumentar as taxas de juros. Isso vai afetar o crescimento, e o crescimento para a América Latina é vital", afirmou.

Biocombustíveis

Segundo Graziano, a FAO reconhece que os combustíveis tem tido um impacto importante no aumento dos preços dos alimentos, mas afirma que é preciso esclarecer a que tipo de biocombustível a organização se refere.

"A FAO reconhece dois tipos de impacto: o primeiro seria o aumento do consumo do milho nos Estados Unidos para a produção do álcool e o segundo é o aumento do consumo da colza, que se utiliza na Europa para a produção de biocombustíveis", afirmou.

"Por outro lado, nós não temos verificado um impacto significativo do uso da cana-de-açúcar", completou.

Desigualdade

Apesar das boas expectativas para a solução da crise, Graziano afirma que nos países que têm baixas receitas, como os africanos, "não houve um aumento tão significativo da produção, e continuará existindo uma pressão dos preços no número de pessoas famintas."

A longo prazo, o diretor da FAO acredita que o mundo terá condições de produzir o suficiente para alimentar mais pessoas.

"A FAO estima que para o ano de 2050 vamos ter de duplicar a produção alimentar para atender a uma população de 9 milhões de pessoas, mas acreditamos que isso será possível", afirmou.

O principal problema, na opinião de Graziano, está na desigualdade da partilha desses alimentos.

"Há países e regiões e setores dentro de cada país que consomem mais do que precisam, e outros têm níveis elevados de desperdício por causa do mal armazenamento ou transporte", completou.

Fonte: BBC Brasil

Crise alimentar pressiona áreas de alagamento, alertam especialistas

A crise dos alimentos e o aumento da demanda por biocombustíveis estão entre as maiores ameaças à preservação das áreas úmidas, alerta a declaração final da 8ª Conferência Internacional de Áreas Úmidas (Intecol), segundo um esboço adiantado à imprensa.

De acordo com a declaração, chamada Carta de Cuiabá, a busca de novas terras para a agricultura e para produzir biocombustíveis e projetos de hidrelétricas pressionam cada vez mais essas áreas, em geral pouco conhecidas e protegidas.

O documento diz que hidrelétricas e outros projetos de grande porte não deveriam ser realizados nessas regiões sem uma análise profunda dos seus impactos sócio-ambientais.

"Decisões inteligentes de política social exigem análises de custo-benefício consistentes que incluam parâmetros ambientais e sociais, a fim de adaptar esses megaprojetos a parâmetros econômicos, ecológicos e sociais aceitáveis antes de iniciar a construção porque a mitigação de muitos efeitos colaterais negativos não é possível", diz a declaração.

“Esponjas”

Resultado de cinco dias de discussões entre 600 cientistas de 28 países, a Carta de Cuiabá faz um apelo a governos e organizações e internacionais para resistir a essas pressões e tomar as medidas necessárias para preservar essas regiões.

Por áreas úmidas, os cientistas entendem basicamente quaisquer áreas que tenham interface entre água doce ou salgada e terreno seco, como é o caso de pântanos, córregos, mangues e lagoas.

Os pesquisadores citam exemplos de países como Alemanha, Estados Unidos e China, que destruíram suas áreas úmidas e agora gastam fortunas tentando recuperá-las.

De acordo com cálculos apresentados durante o evento pelo pesquisador Wolfgang Junk, do Instituto Max Plank de Liminologia, na Alemanha, pelo menos 20% da América do Sul é coberta por áreas úmidas, e no Brasil a proporção certamente é maior do que isso.

Essas áreas, destacaram os cientistas durante o evento, além de conterem uma biodiversidade própria, guardam importantes estoques de água e, por funcionarem como "esponjas", retêm uma quantidade de carbono que, se liberada, poderia dobrar os gases de efeito estufa que já existem na atmosfera hoje.

"É hora de reconhecer o incalculável valor das áreas úmidas para todas as espécies - incluindo a nossa", afirmou Paulo Teixeira de Sousa Jr., secretário-executivo do Centro de Pesquisas do Pantanal, entidade que organizou o evento.

Inventário

Wolfgang Junk diz que o uso "inteligente" das áreas já está previsto Convenção de Ramsar (de 1971 e ratificada por 158 países, incluindo o Brasil) e que não implica proteção total para todas as áreas úmidas.

"Há uma grande diversidade de áreas úmidas", disse. "Mas tem certas áreas onde é melhor não mexer porque os benefícios que tiramos a curto prazo vão ser superados pelos custos (econômicos, ambientais e sociais) que vamos criar."

Foi consenso entre os especialistas e destaque na declaração a necessidade de fazer um inventário das áreas úmidas e a partir disso formular políticas públicas específicas.

Representantes do governo do Mato Grosso, da Agência Nacional de Águas (ANA), e do Ministério da Ciência e Tecnologia participaram de sessões da conferência.

Os pesquisadores disseram que as suas recomendações de melhora na legislação foram bem recebidas pelas autoridades que estiveram no evento.

O evento foi organizado pelo Centro de Pesquisas do Pantanal, em parceria com a Associação Internacional de Ecologia e a Universidade Federal de Mato Grosso.

Fonte: BBC Brasil

UE apresenta amanhã nova proposta para desbloquear Rodada de Doha

Genebra, 26 jul (EFE).- A União Européia (UE) apresentará amanhã uma proposta de acordo para a Rodada de Doha que seja capaz de "desbloquear" o processo, anunciou o comissário de Comércio europeu, Peter Mandelson.

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o francês Pascal Lamy, apresentou ontem um projeto de acordo, que inicialmente teve o apoio de seis dos sete principais negociadores - Brasil, Austrália, China, Estados Unidos, Índia e mais a União Européia -, mas que foi rejeitado por Nova Délhi.

Hoje, foi a vez de os ministros da UE rejeitarem a proposta, com o argumento de que ela não é equilibrada.

Entre os países que mais a rejeitam estão França, Irlanda e Itália, que estão preocupadas com o alcance das concessões agrícolas contidas no texto.

A proposta apresentada por Lamy inclui um corte nas ajudas agrícolas que desequilibram o comércio, o que, no caso da UE, só afetaria uma parte de suas subvenções.

O projeto prevê ainda reduções de até 70% em tarifas impostas a produtos, as quais são maiores nos países desenvolvidos.

Para expor sua rejeição ao projeto, a UE decidiu criar uma nova proposta, que será apresentada amanhã, quando os 30 países que negociam há seis dias o desbloqueio da Rodada de Doha voltarão a se reunir.

Mandelson deixou claro que o desbloqueio já não existe mais, uma vez que as partes pararam de falar sobre chegar a um acordo e começaram a redigi-lo.

O comissário europeu disse ainda que, como está comprometida com o sucesso da rodada, a UE vai apresentar uma minuta de acordo que seja equilibrada nas áreas de agricultura e bens industriais.

No entanto, o comissário quis esclarecer que (o acordo) "ainda está longe de ser fechado" porque faltam discutir assuntos fundamentais, entre eles o da banana, o dos produtos tropicais, o do algodão e o do esgotamento das preferências, os quais estão sendo intensamente discutidos em grupos setoriais.

Fonte: UOL/EFE

De olho na Copa de 2014, Brasil quer investir em infra-estrutura aeroportuária

Quem está aguardando ansiosamente por 2014 e por aquilo que deverá ser o maior feriado futebolístico da vida - a Copa do Mundo no Brasil - recebeu algumas boas notícias da área de transportes.

A Infraero, a companhia estatal que administra a maioria dos aeroportos brasileiros, pretende investir R$ 4 bilhões (? 1,6 bilhão, US$ 2,5 bilhões, £ 1,3 bilhão) até 2010 para garantir que as multidões consigam viajar de jogo a jogo através deste vasto país.

Os aeroportos brasileiros estão freqüentemente lotados, e nos últimos dois anos ficam quase paralisados em períodos de pico nos feriados, enquanto uma infra-estrutura insuficiente não dá conta da pressão adicional provocada por dois desastres - um avião de passageiros caiu na Floresta Amazônica após uma colisão em pleno ar com uma outra aeronave; um outro desintegrou-se ao pousar em São Paulo há um ano -, bem como por reparos emergenciais das pistas e greves de controladores de tráfego aéreo.

Mas o anúncio feito pela Infraero não foi bem recebido por todos. Os críticos afirmam que a instituição deveria concentrar-se no seu papel de promover o desenvolvimento econômico por todo o Brasil, ao invés de basear as suas prioridades de investimentos em um torneio esportivo.

"Já temos problemas graves com as viagens aéreas, e existem enormes lacunas na rede que precisam ser preenchidas", afirma Saturnino Sérgio da Silva, diretor de infra-estrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

"Com a 'interiorização' da economia brasileira, especialmente devido ao crescimento dos agronegócios e da produção de açúcar e etanol, os investidores estrangeiros estão sentido dificuldade em circular pelo país devido à falta de aeroportos", diz Sérgio Silva. "Os funcionários de alguns aeroportos importantes viram-se paralisados pelas investigações conduzidas pelos órgãos fiscalizadores".

"Não estou muito satisfeito com o fato de o motivo para o investimento ser um jogo", afirma Sérgio Silva. "O Brasil precisa fazer um planejamento sério para proporcionar o transporte que atualmente é vital, e que será ainda mais importante no futuro".

Fonte: UOL/Financial Times

Ahmadinejad diz que Irã tem 6 mil centrífugas de enriquecimento de urânio

O número é o dobro do divulgado anteriormente, de 3 mil.
O presidente falou para uma platéia de professores universitários na cidade de Mashhad.

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse neste sábado que seu país possui 6 mil centrífugas de enriquecimento de urânio, noticiou a agência semi-oficial Fars.

O novo número é o dobro do divulgado anteriormente, de 3 mil. O presidente falou para uma platéia de professores universitários na cidade de Mashhad.

Em abril deste ano, Ahmadinejad disse que seu país havia dado início à instalação de 6 mil centrífugas em Natanz. Seus comentários deste sábado foram a primeira declaração pública de que o país alcançou o objetivo.

O anúncio é outro ato de desafio frente às cobranças dos EUA e de países europeus para que o Irã pare com os trabalhos de enriquecimento.

'Diálogo justo'

Ahmadinejad também falou neste sábado (26) que seu país "não vai ser ajoelhar diante das insaciáveis reivindicações dos opressores", informou a agência oficial iraniana de notícias "Irna".

"O Irã quer encontrar um entendimento dentro de um ambiente de dialogo justo e lógico, mas as potências do mundo não devem pensar que vamos nos ajoelhar diante de suas insaciáveis reivindicações", afirmou.

Ahmadinejad disse que os países ocidentais se concentram apenas "nos pontos fracos do Irã, e diminuem a importância de suas vitórias, porque a velocidade do desenvolvimento do Irã assombrou o mundo."

"O iraniano sempre foi um povo pioneiro no mundo tanto na ciência como na cultura e na economia, mas ficou para trás nos últimos 400 anos por culpa de dois ou três regimes fracos que não tinham identidade", afirmou Ahmadinejad, em referência às dinastias que governaram o Irã antes da revolução islâmica de 1979.

Fonte: G1

Bird: Programa antiAids do Brasil é modelo mas tem lacunas

O programa brasileiro de prevenção contra a Aids e o vírus HIV ''atingiu a maioridade'', mas ainda conta com ''lacunas'' em áreas como gerenciamento e campanhas de informação.

É essa a opinião de Joana Godinho, especialista-sênior na área de Saúde do Banco Mundial (Bird, na sigla em inglês), que deu entrevista à BBC Brasil, por telefone, a partir de Washington, na sede da instituição.

O Bird tem desde 1988 uma parceria com o governo brasileiro na área de prevençao à Aids e já investiu um total de US$ 400 milhões em diferentes programas ligados ao combate da epidemia.

No começo dos anos 90, a epidemia de Aids vinha crescendo no Brasil e os índices de pessoas que viviam com HIV eram semelhantes aos da África. Atualmente, a taxa de soropositivos caiu para 0,6% da população adulta e o número de mortes causadas pela Aids caiu para metade.

As estimativas iniciais do Bird eram de que o Brasil teria 1,2 milhões de pessoas com o vírus da Aids até o ano 2000, mas atualmente o índice de infectados é de 620 mil.

Futuro da parceria

Os avanços feitos pelo Brasil levam a especialista até a dizer que a parceria com o banco pode até estar caminhando para o fim, já que o país ''começa a deixar de precisar do auxílio técnico e financeiro do Bird''.

Mas ela vê a necessidade de progressos em diferentes setores, como o de informações relativas aos grupos considerados mais vulneráveis: homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, usuários de drogas injetáveis e mulheres grávidas.

Godinho afirma que o mais recente programa aprovado pelo Bird, chamado Aids-SUS, quer contornar esse problema, trabalhando mais de perto com o Sistema Único de Saúde (SUS) e procurando obter dados mais específicos a respeito destes grupos.

''Como a epidemia está a avançar para o interior do país, entre grupos mais pobres e entre as mulheres, é preciso atuar muito mais com o SUS para alcançar pessoas em comunidades mais remotas, por exemplo, no Norte e no Nordeste. Essa seria uma importante área de trabalho, garantir o acesso à cobertura dos novos grupos atingidos pela doença.''

Gerenciamento

A especialista acredita ainda que seria preciso progredir no sistema de gerenciamento dos programas de combate à Aids. ''Outros setores da sociedade brasileira têm avançado para a gestão de resultados'', através dos quais ''municípios e Estados recebem financiamentos baseados em programas de monitoramento e avaliação''.

Godinho acredita que o programa brasileiro é um sucesso porque há uma sintonia entre os diversos participantes envolvidos com o combate e a prevenção da doença.

''Temos no Brasil uma parceria entre todos os vários envolvidos. As pessoas com HIV estão muito ativas e organizadas e defendem os seus interesses. Há hoje mais de mil organizações da sociedade civil que trabalham na questão dos direitos, prevenção e aconselhamento e o governo exerce suas responsabilidades nas áreas de tratamento e prevenção''.

Conferência

A especialista do Bird acredita que a experiência brasileira servirá de modelo durante a 27ª Conferência Internacional sobre Aids, a ser realizada entre os dias 3 e 8 de agosto, na cidade do México.

O evento contará com a participação de representantes de diversos países, entre eles o Brasil, além da presença do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e do ex-presidente americano Bill Clinton, atualmente à frente de uma fundação que financia programas de combate à Aids.

''O Brasil está desenvolvendo muitas parcerias no âmbito sul-americano, além de exportar medicamentos retrovirais para países como Bolívia e Paraguai, e para nações africanas de língua portuguesa, como Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Cabo Verde'', afirma.

''O Brasil tem um grande manancial de conhecimento nessa área, que já está sendo exportado. E pode fazer ainda muito mais'', conclui Godinho.

Fonte: BBC Brasil

Brasil aceita nova proposta para Rodada de Doha

A nova proposta que o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, apresentou nesta sexta-feira para tentar salvar as negociações da Rodada Doha é “aceitável” para o Brasil, afirmou o chanceler Celso Amorim.

“O primeiro país a dizer que é aceitável o papel do Lamy como um pacote - e sempre que seja um pacote porque, se mudar uma vírgula, acabou - foi o Brasil”, disse o ministro nesta sexta-feira, ao deixar a sede da OMC, neste quinto dia de reuniões.

“Houve uma convergência para alguns números, que são os números centrais do acordo. Isso envolve tanto produtos agrícolas como produtos industriais. Hoje demos um passo muito importante.”

No entanto, Amorim admitiu que não foi “um passo completo”, porque “um dos membros do G7 não está de acordo com os termos do pacote”.

O chamado G7 é composto por Brasil, Índia, Estados Unidos, China, Austrália, Japão e a União Européia.

O chanceler não quis revelar a qual país se referia, mas diplomatas próximos às negociações comentam que a Índia tem se mostrado inflexível em relação ao chamado mecanismo especial de salvaguarda, que permite a um país voltar a aumentar as tarifas de importação sobre determinado alimento quando o volume das importações puder ameaçar sua indústria interna.

Os termos definidos para a aplicação dessas salvaguardas ainda suscitam dúvidas entre os membros do G33, grupo de países de baixa renda importadores netos de alimentos.

Acordo

O texto aceito por seis dos principais atores da Rodada determina que os Estados Unidos limitem os subsídios agrícolas a US$ 14,5 bilhões e que a redução nas tarifas mais altas hoje seja de 70%.

Tantos os países em desenvolvimento como os desenvolvidos poderão voltar a subir as tarifas até um nível limitado quando suas importações aumentarem mais de 140%.

Ao mesmo tempo, todos os países poderão incluir entre 4% e 6% de seus produtos em uma lista de ítens sensíveis que poderão ter uma redução nas tarifas de importação menor que o corte geral.

No capítulo industrial, os países emergentes devem ter tarifa máxima de importação entre 20% e 25%. No caso da importação de carros pelo Brasil, a tarifa deve ser reduzida dos 35% atuais para cerca de 24% se o acordo for concluído.

Esses países também deverão aceitar negociar pelo menos dois grandes acordos setoriais, pelos que receberiam incentivos para reduzir mais rapidamente as tarifas de determinados setores.

No máximo 12% dos produtos industrializados poderão ser protegidos do corte geral e submetidos a uma redução mais leve de suas tarifas.

Mas com a implementação da cláusula anti-concentração, em um mesmo setor esse tratamento especial só poderia ser dado a, no máximo, 80% dos produtos ou 9% do volume comercializado.

Etanol

Segundo Amorim, “há muita coisa ainda para ser feita”, e uma delas é fechar a negociação sobre o etanol com a União Européia.

O comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, propôs ao Brasil que uma cota de 1,4 milhões de toneladas de etanol possa ser exportada por ano com tarifa de 10% até 2020. As exportações que excedam essa cota estariam submetidas a uma tarifa de 35%.

O Itamaraty considera a proposta insuficiente, já que as atuais exportações de etanol para o bloco somam 900 milhões de toneladas por ano, que enfrentam tarifas de 45%.

Os ministros também devem passar agora a outros temas polêmicos das negociações, como um eventual fim do sistema de preferências que permite à banana produzida nos países do bloco África, Caribe e Pacífico entrar no mercado europeu isenta de tarifas, em detrimento de países produtores latino-americanos.

Além disso, falta tocar no delicado tema dos subsídios americanos aos produtores de algodão, principal reivindicação dos negociadores africanos que o Brasil, como líder do G20, quer defender.

Mas Amorim promete ser flexível para ajudar o grupo a chegar a um acordo final.
“Falei com o presidente Lula ontem e a instrução que recebi foi de que, desde que os outros fossem mais flexíveis e que o resultado fosse favorável aos mais pobres, eu também poderia ser flexível”, afirmou.

Fonte: BBC Brasil

Lula: Governo não cortará gastos para reduzir inflação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em Lisboa que o governo não vai cortar mais gastos para diminuir a inflação. Segundo Lula, o governo não tem margem de manobra para mais cortes.

“Não temos mais o que cortar de gastos. Fizemos um reajuste que deveria ser feito, fizemos um fundo soberano que é uma mistura de fundo soberano e superávit primário. Acho que as medidas estão tomadas”, disse Lula numa entrevista coletiva com a imprensa brasileira em Lisboa, onde participa da 7ª Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Segundo o presidente, não há uma previsão de quando a inflação vai baixar, porque a origem do processo inflacionário não está no Brasil. “Eu não sei quando a inflação vai ficar abaixo do teto. Só sei que vamos tomar todas as medidas que o governo tiver que tomar, todas as medidas que o Banco Central tiver que tomar, porque não nos interessa a volta da inflação. Temos uma inflação com forte conteúdo internacional e que atingiu praticamente todos os países do mundo. Graças a Deus o Brasil é um dos países menos atingido pela inflação e, dos países emergentes, é o que tem a inflação mais controlada”.

Lula garantiu: “A única coisa que eu posso afirmar para vocês é que a inflação não voltará”.

Juros

Sobre a subida da taxa de juros em 0,75%, o presidente considera que uma das conseqüências poderá ser uma diminuição do crescimento econômico. No entanto, acredita que os principais investimentos para o país não serão afetados.

“O objetivo do Banco Central é que haja uma diminuição da demanda. Mas é importante pensarem que os investimentos que estão acontecendo não estão ligados à taxa Selic. Quando decidimos que a Petrobras vai fazer duas refinarias para 900 mil barris a um custo de US$ 30 bilhões, não vai ser à taxa Selic. Na política agrícola, a juros de 6,25%, não está prevista a taxa Selic.”

Doha

Na avaliação do presidente, apesar das dificuldades as negociações da rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio vão dar certo. “Eu acabei de falar com o ministro Celso Amorim e, como vocês podem perceber pela minha fisionomia, não estou preocupado. Eu até o último milésimo de segundo, vou acreditar que vai dar certo.”

Ao tentar explicar o que acontece em Doha, Lula afirmou que os americanos deverão baixar o limite dos subsídios para US$ 12 a 13 bilhões anuais, os europeus terão de flexibilizar a entrada de produtos agrícolas nos seus mercados e os emergentes abrir para os produtos industriais.

Ele foi taxativo em relação às críticas do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes: “A fala do Stepahnes não tem nenhuma influência na negociação da rodada de Doha.”

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Stephanes afirmou que a negociação para liberalizar o comércio global "não servirá para nada" e que a abertura dos mercados acabará acontecendo "por razões de mercado".

Inviollabilidade para os advogados

Questionado sobre se pretende vetar o projeto que prevê a inviolabilidade dos escritórios de advogados, não se comprometeu, afirmando que não conhecia o projeto, mas deu indicações do que vai ser a sua decisão: “A lei vale para todos. Se vale para o presidente da República e vale para um jornalista, ela tem que valer para a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) também.”

Prêmio

Nesta sexta-feira, após terminar a reunião de chefes de Estado e de governo da CPLP – que teve como tema a língua portuguesa e sua expansão no mundo –, Lula entregou, junto com o presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, o Prêmio Camões ao escritor português Antônio Lobo Antunes.

Trata-se do mais importante prêmio literário de língua portuguesa, que é acompanhado de um cheque de 100 mil euros.

Fonte: BBC Brasil

Jornal chinês sai das bancas por foto da Praça Tianamen

Um jornal chinês pode ser punido por publicar uma fotografia com vítimas dos protestos da Praça da Paz Celestial, em 1989.

A foto mostra homens feridos na parte de trás de um triciclo e foi publicada nas páginas internas do Beijing News sob o título "Os Feridos", para ilustrar uma entrevista com o fotógrafo Liu Xiangcheng, autor da fotografia.

O jornal foi retirado das bancas, e parte do seu website foi bloqueada depois que a foto foi publicada.

Os protestos de estudantes da Praça da Paz Celestial e a reação violenta das autoridades contra os manifestantes ainda são um tabu na China continental.

Os livros escolares não mencionam o evento, e a imprensa nacional está proibida de publicar artigos sobre o assunto. Buscas nos principais sites por “Tiananmen”, que quer dizer “Paz Celestial” em chinês, resulta em links bloqueados.

Em 4 de junho de 1989, a liderança chinesa permitiu o uso da força para dispersar milhares de manifestantes que estavam acampados há várias semanas em frente à sede do governo, na Praça da Paz Celestial de Pequim, pressionando por mais mudanças democráticas.

A ação militar expulsou os manifestantes que se recusaram a sair, matando centenas ou até milhares de pessoas. Não há um número preciso de mortes, mas estimativas variam entre trezentos e quatro mil.

O governo comunista oficialmente classifica as demonstrações de 89 como “contra-revolucionárias” e nunca divulgou detalhes sobre o evento. Em 2005, Pequim rejeitou pedidos de dissidentes para rever a questão de Tiananmen e dar maior abertura ao debate.

O governo chinês também mantém um controle rígido sobre a mídia.

Em maio deste ano, o governo fechou uma revista que publicou um ensaio de fotos de modelos seminuas em meio aos destroços do terremoto que atingiu a província de Sichuan e deixou mais de 65 mil mortos.

Fonte: BBC Brasil

Itália aprova Estado de emergência devido a fluxo de imigrantes

O Conselho de Ministros da Itália aprovou nesta sexta-feira a declaração do estado de emergência em "todo o território nacional, devido ao persistente e excepcional afluxo de cidadãos estrangeiros", de países não pertencentes à União Européia (UE).

A decisão tem o objetivo de "potencializar as atividades de contraste e de gestão do fenômeno" migratório, informou um comunicado divulgado pelo governo.

A proposta de estender o Estado de emergência a todo o país foi feita pelo ministro do Interior, Robert Maroni.

"A emergência em razão da imigração começou em 2002, mas estava limitada a quatro regiões", acrescentou.

Com a medida aprovada hoje, o Estado de emergência foi estendido para todo o território italiano.

Ainda nesta quinta-feira, duas embarcações com 147 imigrantes clandestinos foram interceptadas a poucos quilômetros da costa da ilha siciliana de Lampedusa por uma lancha da guarda costeira.

Lampedusa, o território mais próximo da costa africana, é uma dos principais destinos de chegada de imigrantes procedentes da África e Ásia.

Fonte: Folha de São Paulo

McCain pede à China libertação de tibetanos

O virtual candidato republicano às eleições presidenciais nos Estados Unidos, John McCain, pediu à China que liberte prisioneiros tibetanos e atente para as preocupações com o seu desempenho em relação aos direitos humanos.

A declaração foi feita nesta sexta-feira, depois de um encontro com o líder espiritual do Tibete, o Dalai Lama, em Aspen, no Estado americano do Colorado.

Os Jogos Olímpicos de verão, que começam no mês que vem em Pequim, seriam uma boa oportunidade para que o governo chinês demonstre seu respeito aos direitos humanos, disse McCain, segundo a agência de notícias EFE.

"Peço ao governo chinês que ponha em liberdade os presos políticos tibetanos, dê conta dos que 'desapareceram' desde os protestos de março e entre em um diálogo significatio sobre uma genuína autonomia para o Tibete", disse McCain.

A inquietação no Tibete teve início no dia 10 de março, aniversário de um levante histórico dos tibetanos contra a dominação chinesa.

Inicialmente, monges budistas promoveram passeatas pacíficas na capital, Lhasa, que se tornaram violentas e se espalharam para outras províncias onde há chineses de etnia tibetana.

O governo da China afirma que pelo menos 19 pessoas morreram, mas o governo do Tibete no exílio afirma que a repressão das forças de segurança chinesas resultou em dezenas de mortes. Foram os piores confrontos dos últimos 20 anos.

Iraque

Antes do encontro com o líder tibetano, McCain falou nesta sexta-feira sobre a situação no Iraque.

Segundo McCain, a política de seu possível rival na corrida pela Casa Branca, o virtual candidato democrata, Barak Obama, em relação à guerra do Iraque, mostrou que ele não está pronto para ser comandante em chefe (das Forças Armadas dos Estados Unidos, cargo acumulado pelo presidente americano).

Em discurso a militares veteranos de origem hispânica, McCain afirmou que se Obama tivesse tido sucesso em sua tentativa de impedir o aumento do número de soldados americanos no Iraque, a coalizão (liderada pelos Estados Unidos) poderia ter sido derrotada.

Obama disse que, se eleito, promoverá a retirada de tropas de combate dos Estados Unidos do Iraque dentro de 16 meses.

McCain é contrário ao estabelecimento de um cronograma, dizendo que os soldados americanos devem permanecer no Iraque até que haja segurança no país.

Fonte: BBC Brasil

Pecuária ameaça Pantanal, afirmam pesquisadores brasileiros

Como a Amazônia, o Pantanal já teve 17% da sua paisagem natural devastada, mas o drama da planície alagada, assim como o de outras áreas úmidas do Brasil, é praticamente ignorado pelos governos estaduais e federal, afirmam cientistas reunidos em Cuiabá para discutir o futuro dessas regiões.

Segundo Walfrido Tomás, especialista em gestão da biodiversidade da Embrapa Pantanal, a pecuária intensiva está se difundindo no Pantanal, principalmente por meio de pessoas de fora da região, e tem desmatado muito mais do que a tradicional pecuária pantaneira.

"A terra é barata e é óbvio que as pessoas não têm ligação cultural com a paisagem. Elas vêm com capital e a melhor forma de (obter retorno rápido) é desmatar", disse Tomás, em entrevista por telefone à BBC Brasil.

Segundo pesquisadores, a pecuária tradicional é mais compatível com o ecossistema do Pantanal porque o pantaneiro vive de acordo com o ciclo das águas da região, não desmata para plantar pasto artificial e sabe quais plantas podem retirar do pasto natural.

"O Pantanal tem paisagens diversas: cordões arenosos, ilhas de vegetação, é todo mesclado. Quem vem de outras culturas não sabe administrar diferentes unidades de paisagem, precisam uniformizar, desmatam tudo", afirmou Cátia Nunes, coordenadora do programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade da UFMT.

Dados da Embrapa de 2004 sugerem que a pecuária intensiva é a grande responsável pela alteração da paisagem do Pantanal. Além da pecuária, outra ameaça à região, destaca Tomás, é a construção das hidrelétricas planejadas para o rio Paraguai. Segundo ele, as usinas podem alterar todo o ciclo hidrológico do principal rio do Pantanal.

Cobrança

Os dois pesquisadores estão entre os cerca de 600 pesquisadores de 30 países que participam da 8ª Conferência Internacional de Áreas Úmidas, prevista para terminar nesta sexta-feira.

O evento foi organizado pelo Centro de Pesquisas do Pantanal, em parceria com a Associação Internacional de Ecologia e a Universidade Federal de Mato Grosso.

No caso do Brasil, além de falar sobre as ameaças os pesquisadores destacaram a falta de uma definição legal e de uma política de preservação dessas áreas.

"As áreas úmidas precisam ser tratadas de forma estratégica e devem ser tratadas pelo valor ambiental que têm. O fato de o Brasil não ter políticas públicas para áreas úmidas é resultado da atitude que nós temos ante a essas áreas, como áreas que 'têm mosquito'. Por isso, as pessoas geralmente drenam", disse Tomás.

De acordo com cálculos apresentados pelo pesquisador Wolfgang Junk, do Instituto Max Plank de Liminologia, na Alemanha, pelo menos 20% da América do Sul é coberta por áreas úmidas.

Representantes do governo do Mato Grosso, incluindo o governador Blairo Maggi, da Agência Nacional de Águas (ANA), e do Ministério da Ciência e Tecnologia participaram de sessões da conferência.

São consideradas áreas úmidas as que têm água de forma periódica ou sazonal. São campos úmidos, lagoas, pequenos córregos, tudo que esteja entre água e áreas secas e que tenha vida biológica ligada à água.

Fonte: BBC Brasil

Construindo a paz entre judeus e muçulmanos, um doce de cada vez

Em um momento em que uma brisa de possível mudança começa a soprar no Oriente Médio, tem sentido um grupo de mulheres francesas judias e muçulmanas se reunir para fazer doces e proibir qualquer conversa sobre o conflito israelense-palestino?

Muito, segundo as mulheres, que se chamam de Les Bâtisseuses de Paix, ou "as construtoras da paz". Seu objetivo não é solucionar um conflito que desafia os melhores cérebros da diplomacia há décadas, mas principalmente "bloquear a transferência do conflito israelense-palestino para a França".

Até seus adversários dizem que a meta é louvável, embora os meios possam ser inadequados para abordar problemas tão intratáveis.

Mas isso não arrefece o espírito das mulheres. Cerca de 50 delas se reuniram para tomar chá de hortelã recentemente no Les Jardins de la Méditerranée, um restaurante kosher em Créteil, subúrbio de Paris. Depois de beijos e elogios aos penteados, chega a hora dos negócios. "Vamos trabalhar!", grita uma mulher, enquanto ovos, tâmaras e outros ingredientes doces são distribuídos.

O que parecia um clube de culinária foi criado em 2002 por Annie-Paule Derczansky, uma ex-jornalista que se sentiu perturbada pelo surto de atos anti-semitas na França, o país europeu que tem as maiores populações muçulmana e judia. Ela diz que a hostilidade entre as duas comunidades foi alimentada por "franceses judeus pensando que são israelenses e franceses muçulmanos pensando que são palestinos".

As Construtoras da Paz enfrentam esse problema atirando a política pela janela, fornecendo um espaço neutro para as mulheres que não querem se envolver nas amargas preocupações que muitas vezes opuseram as duas comunidades. Do seu enfoque para a solidariedade entre judias e muçulmanas nasceu a regra de ouro da associação: não falar sobre Israel e Palestina, ou, como diz a judia Derczansky: "A primeira que mencionar o conflito tem de sair".

Seis anos depois de sua criação, as Construtoras da Paz contam com centenas de participantes. Elas promovem programas de "intercâmbio cultural" em grandes instituições árabes e judias, oferecem seminários em Paris, participam de conferências em Bruxelas e estão em campanha para colocar uma placa na Grande Mesquita de Paris comemorando os judeus salvos por muçulmanos durante a Segunda Guerra Mundial.

Importantes franceses judeus e muçulmanos elogiam suas iniciativas. "O que elas fazem é muito corajoso, porque é trabalho prático em campo", diz Evelyne Berdugo, 60, que é chefe da organização de mulheres judias Coopération Féminine. "Nada de grandes palavras e discursos, mas ação com pessoas comuns que não são muito conhecidas."

Ghaleb Bencheikh, 47, âncora de um programa de televisão chamado "Islam", diz que o "carinho e o sentimento maternal" das mulheres fazem delas "os melhores agentes para conter o conflito".

Mas outros criticam a associação por proibir a discussão do elefante na sala: o conflito. "É bom dar ênfase ao que os dois grupos têm em comum", disse Jean-Pierre Allali, 69, que escreveu extensamente sobre assuntos judeus. "Infelizmente não é assim que vamos conseguir solucionar os problemas entre israelenses e palestinos ou entre judeus e árabes na França."

Em algum momento o tema vai ter de aparecer, ele disse, acrescentando: "Há uma certa hipocrisia em não o discutir".

Allali citou a recente agressão a um adolescente judeu em Paris por uma gangue de jovens principalmente muçulmanos como um exemplo do tipo de obstáculo que as mulheres enfrentam. Mas ele não foi totalmente negativo. "Essa associação em si não pode conseguir muita coisa", disse. "Mas ao multiplicar esse tipo de iniciativa talvez algo possa ser feito."

Derczansky, 48, está consciente dos desafios. Ela fica desanimada com comentários depreciativos sobre os muçulmanos que ouve em círculos judeus. Mas essas conversas só confirmam sua crença de que por enquanto a maneira de incentivar a estabilidade muçulmano-judaica na França é se concentrar em coisas simples que as duas comunidades podem compartilhar - como receitas.

A França tem cerca de 5 milhões de muçulmanos e 600 mil judeus, muitos concentrados em Paris e seus subúrbios, onde as tensões têm surgido com maior força. Mas a comida é algo que une essas populações, já que a maioria dos judeus franceses hoje é de sefarditas, com laços familiares com o norte da África.

As Construtoras da Paz permite que mulheres que podem ser sionistas declaradas ou decididamente pró-Palestina arregacem as mangas e unam forças na cozinha, onde as preocupações giram mais em torno de amêndoas e bolinhos do que de geopolítica.

Uma mulher que participa da oficina de doces mensal é Nathalie Obadia, uma judia de origem tunisiana para quem as questões divisórias do Oriente Médio não devem envenenar as relações com suas vizinhas. "O que está acontecendo lá é lá", diz Obadia, 39. "Aqui estamos na França."

A união prevaleceu no recente dia de doces assados, com as mulheres aplaudindo sua produção de "yo-yos" (rosquinha do norte da África), "charutos" (espécie de rocambole) e bolos em forma de diamante com mel e pistache.

Quer esse trabalho tenha ou não um impacto sobre a geopolítica, logo vai adquirir uma dimensão internacional. Em outubro, a Construtoras da Paz viajará para Nova York para se encontrar com mulheres americanas judias e muçulmanas.

Na Europa há outras iniciativas para tentar reforçar os laços judeus-muçulmanos evitando a política em favor da cultura. Um grupo britânico, o Alif-Aleph U.K., encoraja os contatos inter-religiosos através de projeções de filmes, apresentações musicais e eventos sociais. Na Holanda, o projeto MAJO Soccer organiza partidas de futebol entre jovens judeus e muçulmanos, seguidos de refeições kosher e halal.

Mas os grupos especificamente para mulheres judias e muçulmanas são raros.

A Bâtisseuses de Paix foi inspirada por uma viagem como repórter que Derczansky fez ao Oriente Médio em 2002, durante a segunda intifada, quando ela descobriu que embora a comunicação política estivesse desgastada os grupos culturais de mulheres israelense-palestinos perduravam.

Ela voltou à França convencida de que um modelo de harmonia judaico-muçulmana poderia ser transmitido pelas mulheres. "A palavra das mães é muito importante nas famílias judias e muçulmanas", notou Derczansky.

Djamila Saadi, 45, uma muçulmana da Argélia que participou da oficina de doces, compreende essa mensagem. "Isto é para nossos filhos", ela diz, com as mãos cobertas de farinha, enquanto mulheres judias trabalham ao seu lado. "É para mais tarde."

Fonte: UOL/Herald Tribune

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Doha atravessa 'momento crítico', diz OMC

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, alertou, nesta sexta-feira, que as negociações da Rodada Doha atravessam um "momento crítico" e irão fracassar se não houver uma mudança radical na posição dos principais negociadores.

Segundo Lamy, é preciso que os representantes consigam um "rápido progresso", ainda hoje.

"A não ser que as posições mudem, e radicalmente, o acordo que todos vocês vieram fechar aqui esta semana não será possível, com todas as consequências que isso possa implicar", afirmou Lamy, segundo seu porta-voz, Keith Rockwell.

De acordo com o diretor geral, as negociações estão "em um momento crítico" e a aproximação das posições é "dolorosamente lenta depois de uma semana de reuniões a nível ministerial".

"Temos que mudar de marcha para aproveitar o pouco tempo que sobra", enfatizou o diretor em seu alerta aos cerca de 30 ministros reunidos em Genebra.

Flexibilidade

Lamy espera que Estados Unidos e União Européia melhorem suas ofertas de redução de subsídios e corte de tarifas de importação no setor agrícola.

Ele também pede que os países em desenvolvimento, liderados por Brasil e Índia, sejam flexíveis no capítulo industrial em relação às cláusulas anti-concentração. Lamy espera também maior flexibilidade nos acordos setoriais com os quais se incentivaria um corte mais alto nas tarifas de setores específicos – algo que os americanos querem tornar obrigatório.

Ao chegar à sede da OMC nesta sexta-feira, Celso Amorim voltou a dizer que este é o dia do "vai ou racha".

Ainda assim, o ministro estava bem-humorado. Questionado sobre sua opinião acerca de um possível acordo nesta sexta-feira, Amorim disse que acreditava nessa possibilidade e enfatizou: "Mas é que eu tenho muita imaginação", brincou.

Etanol

Na quinta-feira, o comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, escreveu em seu blog que ofereceu um acordo que daria mais acesso para o etanol brasileiro ao mercado da UE e que Amorim teria recusado a proposta.

"Surpreendentemente, dada a importância do tema para Brasília, Amorim pareceu minimizar o valor da proposta", escreveu Mandelson.

A delegação brasileira afirma que desconhece a informação e acusa o negociador europeu de tentar "causar intrigas".

"É preciso ver a que tipo de proposta Mandelson se refere. Amorim já tinha falado que desconfiava que a UE tentaria estabelecer cotas para o etanol (o que limitaria a quantidade do produto que poderia ter acesso ao mercado europeu com tarifas reduzidas). Se essa foi sua proposta, então é lamentável", disse um integrante da equipe brasileira.

África

O quinto dia de reuniões começa com apenas uma certeza: o Grupo dos Sete (Brasil, Índia, Estados Unidos, China, Austrália, Japão e a União Européia) volta a se reunir para tentar superar o impasse.

"O resto da agenda irá sendo definida durante o dia, dependendo do resultado dessa reunião", explicou Rockwell.

Segundo o porta-voz, o criticismo acerca desse sistema diminuiu, já que os demais países entenderam que o grupo restrito "reúne, em uma mesma sala, 80% do comércio mundial".

Ainda assim, os dez ministros africanos que participam das negociações cobraram que o Grupo dos Sete assuma as responsabilidades de sua liderança.

A África é responsável por menos de 3% do comércio mundial e os ministros do continente culpam os altos subsídios dados por países ricos de ameaçar sua produção agrícola e torná-los dependentes de ajudas externas.

"Estamos aqui desde domingo, sendo pacientes. Mas é preciso que o G7 entenda que as questões que tem diante não são apenas seus interesses, e sim os interesses e as necessidades de todos nós", disse o ministro de Comércio do Kênia, Uhuru Kenyatta.

Seu homólogo de Burkina Faso, Mamadou Sanon, reclamou que a questão dos altos subsídios que Estados Unidos dão aos produtores de algodão ainda não tenha sido tratada.

"Os ministros dos países ricos podem negociar durante o tempo que quiserem, mas nós não podemos esperar eternamente. A indústria do algodão em meu país, da qual dependem milhares de vidas, está desaparecendo, e isso está aumentando a miséria", criticou.

Fonte: BBC Brasil

Assembléia aprova nova Constituição do Equador

Nova Carta Magna concede ao presidente Rafael Correa amplos poderes.
A nova Constituição será submetida a referendo em setembro.

A Assembléia Constituinte aprovou na noite desta quinta-feira (24) a nova Carta Magna do Equador, que concede ao presidente Rafael Correa amplos poderes.

A nova Constituição, que será submetida a referendo em setembro, foi aprovada por 94 votos contra 32.

Em sua última sessão, a Assembléia, dominada pelos governistas, deu seu aval ao texto constitucional de 444 artigos, ao final de oito meses de debate, nos quais a oposição denunciou a interferência de Correa.

O referendo constitucional está previsto para o dia 28 de setembro.

Reforça controle sobre a economia

A nova Carta Magna traz várias reformas em relação à Constituição vigente, de 1998, como a reeleição presidencial, além de reforçar o controle do Estado sobre a economia e permitir ao presidente dissolver o Congresso, por uma vez, durante o mandato de quatro anos.

"Os cães ladram, é um sinal de que avançamos", disse o presidente da Constituinte, Fernando Cordero, estimando que a nova Constituição acabará com as múltiplas desigualdades sociais.

"Hoje nasce um novo país, onde apenas os que não querem ser parte dele podem negar esta superação de uma década perdida", na qual o Equador enfrentou sua maior crise política, com três presidentes que não puderam terminar seus mandatos.

Cordero, o último a votar, pediu à oposição que deixe de lado as divergências e se some "ao carro da mudança", pois de outro modo, voltará a 'partidocracia', a injustiça e a corrupção".

"O Equador começará a viver uma nova etapa, uma nova esperança para o país que queremos. Vou viver neste novo país".

Oposição ataca Correa

A oposição acusa Correa de querer se perpetuar no poder, por meio da nova Carta Magna.

"Essa Constituição trata é de perenizar o presidente para que possa, dessa forma, controlar todos os atos de nossas vidas", expressou a parlamentar Anabella Azín, do partido Prian (de direita), acrescentando que o documento foi elaborado por "assessores estrangeiros e pelo bureau político" do governo.

Segundo Azín, o órgão "foi manipulado por pessoas que não foram eleitas pela vontade do povo", o que gerou uma Constituição que "concentra poder no presidente, dá um poder ilimitado ao presidente".

"Destrói-se a base da democracia, que é o balanço dos poderes", atacou Azín, insistindo em que o socialismo do século XXI, promovido por Correa, junto com seu amigo e aliado venezuelano Hugo Chávez, "é irrealizável".

Anabella destacou que a nova Carta Política fecha as portas para o investimento privado, devido à falta de garantias para que "se possa produzir de acordo com as regras de livre mercado".

Correa, que tem certeza de que conseguirá uma esmagadora vitória no referendo constitucional, negou que o documento tenha sido redigido para seu próprio interesse e descartou uma estatização da economia.

"A má-fé diz agora que se convocou uma Assembléia Constituinte para fazer uma Constituição na medida de Rafael Correa", ironizou o presidente, garantindo que, desde antes de chegar à presidência, em 2006, vinha pedindo uma nova Carta Política para "superar o neoliberalismo" e uma "revolução cidadã para mudar o país, radicalmente, em paz e em democracia".

Fonte: G1