segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Mais de um bilhão de pessoas passam fome no mundo, diz ONU

Mais de um bilhão de pessoas, cerca de um sexto da população mundial, sofre com a subnutrição de acordo com o relatório anual da Organização das Nações Unidas (ONU) a respeito de segurança alimentar, divulgado nesta quarta-feira.

O relatório elaborado pela FAO, a agência da ONU para alimentação e agricultura, afirma que o número de pessoas que sofre com a fome estava crescendo antes mesmo da crise econômica mundial, mas depois a situação piorou ainda mais.

"A FAO estima que 1,02 bilhão de pessoas estão subnutridas no mundo todo em 2009", diz o documento, divulgado na sede da organização, em Roma. "Isto representa mais pessoas com fome do que em qualquer outra época desde 1970 e uma piora das tendências que já estavam presentes antes mesmo da crise econômica."

"A meta da Cúpula Mundial sobre Alimentos (de 1996), de reduzir o número de pessoas subnutridas pela metade, para não mais do que 420 milhões até 2015, não será alcançada se as tendências que prevaleceram antes da crise continuarem", acrescentou o relatório.

A FAO afirma que as regiões da Ásia e Oceano Pacífico têm o maior número de pessoas subnutridas, 642 milhões, seguidas pela África Subsaariana, com 265 milhões de pessoas.

No entanto, o relatório também afirma que alguns países apresentaram uma melhora dramática nos níveis de subnutrição desde 1990, incluindo Brasil, Vietnã, Arábia Saudita e México.

"Nenhum país está imune e, como sempre, são os países mais pobres e as pessoas mais pobres que sofrem mais", diz o texto.

Diminuição na ajuda

O relatório da FAO foi lançado por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, que ocorre na sexta-feira.

O documento afirma também que a crise econômica reduziu a ajuda estrangeira e o investimento em países mais pobres, além de diminuir o envio de dinheiro dos que trabalham em países mais ricos.

A agência da ONU afirma que é necessário mais esforço internacional para diminuir a fome no mundo e também pede mais investimentos internacionais em agricultura e dispositivos de segurança para a economia em países mais pobres "apesar dos problemas financeiros enfrentados por governos do mundo todo".

Clique Leia mais na BBC Brasil: Produção de alimentos precisa aumentar 70% até 2050, diz ONU

Nesta quinta-feira, o diretor-geral da FAO Jacques Diouf deve apresentar uma série de propostas para ajudar os países mais afetados pela fome.

Brasil

O Índice Global de Fome, uma pesquisa publicada pela Unidade Internacional de Pesquisa em Política Alimentar (IFPRI, na sigla em inglês), revelou que a República Democrática do Congo foi o país com o maior aumento da fome desde 1990, seguido por Burundi, Comores (arquipélago no Oceano Índico) e o Zimbábue.

Por outro lado, de acordo com o índice, alguns países demonstraram uma grande melhora nos níveis de subnutrição desde 1990. Em primeiro lugar está o Vietnã, seguido pelo Brasil.

Ao citar as medidas adotadas pelo Brasil para a melhora nos níveis de subnutrição, o relatório cita programas do governo como o Fome Zero, o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e também o aumento do salário mínimo.

O relatório descreve também uma "crise no preço dos alimentos", pois estes preços se estabilizaram em um nível muito alto para muitas pessoas em países em desenvolvimento.

E como solução, o documento sugere que dar mais poder para mais mulheres nos países em desenvolvimento, por meio de educação e mais acesso a empregos, é a chave para diminuir a fome no mundo.

Fonte: BBC Brasil

Metade dos recursos usados para salvar bancos erradicaria fome no mundo, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta segunda-feira, em Roma, um chamado a que os países destinem recursos ao combate à fome, em uma cúpula marcada pela ausência de líderes das nações mais ricas – em tese as principais financiadores das iniciativas.

Em um discurso de 18 minutos no início da Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar da ONU, Lula disse que "os líderes mundiais não evitaram gastar centenas e centenas de bilhões de dólares para salvar bancos falidos".

"Com menos da metade desses recursos seria possível erradicar a fome no mundo", afirmou o presidente, acrescentando que o combate à fome “continua praticamente à margem da ação coletiva dos governos".

"É como se a fome fosse invisível", criticou. O encontro é promovido pela FAO, a agência da ONU para alimentação e agricultura.

Críticas

Segundo a organização, são necessários investimentos da ordem de US$ 200 bilhões por ano em agricultura primária nos países em desenvolvimento para atender à demanda global por alimentos até 2050, um aumento de 50% em relação aos níveis atuais.

Só a ajuda dos países ricos, diz a FAO, deveria ser de US$ 44 bilhões por ano em agricultura alimentar, – contra US$ 7,9 bilhões gastos atualmente a cada ano.

Entretanto, as mensagens pedindo mais recursos para o combate à fome caíram em um vazio nesta segunda-feira em Roma, já que esta reunião ocorre sem a presença de lideranças importantes do mundo desenvolvido.

Em compensação, não faltaram críticas aos líderes ausentes.

"Eu lamento a ausência dos países ricos neste encontro. É uma mensagem clara de que os ricos decidiram não tomar medidas para combater a fome no mundo", disse o líder líbio, Muamar Khadafi, na sua vez de falar.

"Esta cúpula é sobre a mobilização de recursos e sem os países ricos, ninguém está dando nada para ninguém. A mensagem é que cada um tem de cuidar do seu próprio problema."

Mea culpa

Já a ONG Oxfam, de promoção do desenvolvimento, disse que a ausência dos países ricos é uma "falta de compromisso".

"A falta de preocupação deles preocupa muito, justo quando mais de um bilhão de pessoas estão subnutridas e milhões de outras estão expostas à mudança climática e à volatilidade dos preços globais dos alimentos. Os países em desenvolvimento não deveriam ser deixados a sós nesta cúpula."

Em julho, durante seu encontro anual realizado em L'Acquila, na Itália, o G8, o grupo das sete economias mais industrializadas do planeta mais a Rússia, prometeu destinar aos países em desenvolvimento US$ 20 bilhões em um período de três anos para impulsionar a agricultura nesses países. Até agora o dinheiro não veio.

O anfitrião do encontro, o premiê italiano Silvio Berlusconi, fez um mea culpa e admitiu que, após a promessa, é preciso "começar a trabalhar".

"Precisamos que cada país assuma sua obrigação de forma precisa, que garanta que o dinheiro possa ajudar os agricultores, em especial os pequenos, para elevar a produção de alimentos em todo o mundo", afirmou.

Lula

Enquanto isso não acontece, ONGs e a própria ONU alertam que a fome mata 24 mil pessoas a cada dia – 70% delas, crianças. A cada cinco segundos, uma criança morre por conta da falta de alimentos, dizem.

Ecoando essas estatísticas, o presidente brasileiro qualificou a fome de "a mais temível arma de destruição em massa que existe no nosso planeta".

"Na verdade ela não mata soldados, não mata Exércitos, ela mata sobretudo crianças inocentes que morrem antes de completar um ano de idade".

Lula ainda lamentou que os esforços para socorrer os pobres da miséria, da exclusão e da desigualdade ainda sejam vistos por muitos como "assistencialismo” ou “populismo".

No Brasil, ele disse, tais esforços "foram iniciativas políticas que permitiram ao Brasil retirar 20,4 milhões da pobreza e reduzir em 62% a desnutrição infantil", disse o presidente.

"Os milhões que antes não encontravam lugar em nossa sociedade passaram a ser, pouco a pouco, nosso maior ativo. Hoje, eles formam parte da nova fronteira econômica, social e política que está moldando o Brasil", acrescentou Lula.

Fonte: BBC Brasil

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Lula diz que palestinos não precisam de 'soluções mágicas'

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta sexta-feira a visita do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, em Salvador e defendeu a "persistência" como o melhor caminho na busca por paz e estabilidade no Oriente Médio.

"O Brasil acredita que não se chegará ao entendimento por meio da exclusão e do isolamento", afirmou Lula. "Como tive oportunidade de dizer ao presidente (de Israel) Shimon Peres, não precisamos inventar soluções mágicas para a questão palestina."

"A paz justa e duradoura na região depende do estabelecimento de um Estado palestino próspero, coeso e sem restrições, que garanta a segurança de Israel e que tenha seus direitos e os de sua população respeitados", acrescentou.

Abbas visita o Brasil uma semana depois do presidente de Israel, Shimon Peres, e em um momento de impasse na retomada das negociações de paz no Oriente Médio.

No último domingo, o negociador-chefe palestino, Saeb Erekat, anunciou que pedirá ao Conselho de Segurança da ONU que reconheça um Estado palestino independente.

Nesta semana, logo após o anúncio do plano palestino de uma declaração unilateral de independência, Israel autorizou a construção de mais 900 casas no assentamento de Gilo, que fica em território ocupado, reivindicado pela Autoridade Palestina, em Jerusalém Oriental.

Após se reunir com Abbas, Lula afirmou que a expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia deve ser congelada e que as fronteiras do futuro Estado palestino devem ser preservadas.

O presidente defendeu ainda que os palestinos tenham maior "liberdade de circulação nos territórios ocupados" e disse que a situação humanitária na Faixa de Gaza é "insustentável".

Apoio

No encontro desta sexta-feira com Abbas, Lula também reafirmou o interesse do Brasil em participar da "construção" da paz entre israelenses e palestinos.

"Estou convencido de que o processo de paz se beneficiará da contribuição de outros países, além dos que tradicionalmente estiveram envolvidos", disse o presidente.

As declarações de Lula foram bem recebidas pelo presidente palestino. Abbas disse que o brasileiro tem "respeito e admiração internacional" e que seu apoio ao processo de paz é "bem-vindo".

Durante a reunião em Salvador, os dois presidentes também assinaram um protocolo de intenções para cooperação técnica em diversas áreas.

O líder palestino agradeceu o apoio econômico, humano e político que o Brasil tem oferecido e elogiou a "grande experiência" do país na convivência pacífica de diferentes povos "sem olhar cor, sexo ou religião".

Após deixar Salvador, o presidente palestino visita Porto Alegre, onde se reúne com a comunidade palestina no Rio Grande do Sul - a maior do Brasil. Depois, segue para a Argentina.

Fonte: BBC Brasil

Brasil recebe permissão da OMC para aplicar sanções contra EUA

A Organização Mundial do Comércio (OMC) deu nesta quinta-feira autorização ao Brasil para aplicar sanções de até US$ 147 milhões por ano contra os Estados Unidos por causa de subsídios concedidos pelas autoridades americanas a seus produtores de algodão.

Em agosto, a OMC já havia dado ganho de causa ao Brasil no pedido de arbitragem que havia solicitado à organização, em uma disputa que já dura nove anos.

Os árbitros determinaram que o Brasil não precisa limitar as medidas ao comércio de bens. As medidas poderão abranger serviços ou direitos de propriedade intelectual (a chamada retaliação cruzada).

Após o anúncio desta quinta-feira, teoricamente o Brasil já poderia aplicar as sanções quando quisesse.

Em 9 de novembro, o governo brasileiro divulgou uma lista de 222 itens americanos – entre eles produtos alimentícios, farmacêuticos e têxteis – que poderiam ser alvo de sobretaxas ao serem exportados para o Brasil.

A lista permanece em consulta pública até o dia 30 de novembro e só então o governo deve anunciar quais sofrerão retaliações e de que forma.

No contencioso, o Brasil alegava que os Estados Unidos deram a seus produtores de algodão mais de US$ 12 bilhões em subsídios entre 1999 e 2003, mantendo o preço do produto importado artificialmente alto e prejudicando exportadores como os brasileiros e países africanos.

O Brasil chegou a pedir sanções de mais de US$ 2 bilhões.

Fonte: BBC Brasil


Crise gerou 9 milhões de pobres na América Latina, diz Cepal


Um relatório divulgado nesta quinta-feira pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) indica que a crise financeira internacional fará neste ano com que nove milhões de pessoas passem a viver em situação de pobreza na região.

O estudo, intitulado Panorama Social da América Latina 2009, diz que a pobreza na área aumentará neste ano 1,1% e a indigência, em 0,8%, em relação a dados de 2008.

Com isso, de acordo com as projeções da Cepal, o total de pobres na região saltaria de 180 milhões para 189 milhões, equivalente a 34,1% da população da América Latina ou a um Brasil inteiro.

Já as pessoas em situação de indigência passariam de 71 milhões para 76 milhões (13,7% da população do continente).

No relatório, a Cepal considerou em situação de pobreza pessoas que não têm renda familiar mensal suficiente para comprar uma cesta básica e também pagar por serviços básicos, e em situação de indigência quem sequer tem renda familiar mensal para comprar a cesta básica de alimentos.

Meta do Milênio

A Cepal alerta que estes dados mostram “uma mudança na tendência de redução da pobreza que vinha sendo registrada na região” nos últimos anos.

A secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, disse que tal tendência de redução só foi possível devido ao maior crescimento econômico regional, o incremento do gasto social e melhorias distributivas.

Bárcena ressaltou a “urgência de que a região (América Latina e Caribe) trabalhe num novo sistema de proteção social de longo prazo”.

“Não podemos dizer que deixamos perder as conquistas alcançadas entre 2002 e 2008. No entanto, este aumento da pobreza nos obriga a agir. Devemos repensar os programas de proteção social, com uma visão estratégica de longo prazo e medidas que possam aproveitar o capital humano e protejam o ingresso das famílias e grupos vulneráveis.”

Bárcena observou ainda que o aumento da pobreza atrasará na região o cumprimento da primeira Meta de Desenvolvimento do Milênio da ONU - erradicar a pobreza extrema e a fome até 2015.

O comunicado da Cepal não cita o Brasil, especificamente, mas diz que países que tiveram redução do Produto Interno Bruto (PIB) e aumento do desemprego, como o México, sofrerão maior incremento dos seus níveis de pobreza e indigência do que os demais países da região.

No caso do Brasil, este efeito seria menor, já que o impacto da crise internacional no PIB brasileiro foi menor do que o temido inicialmente.

Fonte: BBC Brasil


Países ricos crescerão em 2010, mas com desemprego, diz OCDE

Um relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado nesta quinta-feira afirma que, em 2010, as economias dos países ricos vão se recuperar da crise financeira global, mas que o desemprego continuará elevado.

Segundo o documento da entidade, o Economic Outlook, as previsões de crescimento para os países ricos mais que duplicaram.

Em vez de 0,7%, previsto pela OCDE em junho passado, o novo relatório diz que o mundo desenvolvido crescerá 1,9% no próximo ano.

No entanto, a OCDE alerta que a recuperação econômica nos países ricos poderá ser "modesta" durante bastante tempo.

BRICs

Para a organização, os países ricos ainda não resolveram alguns assuntos que ameaçam a recuperação, como os altos custos das finanças públicas.

O principal risco para esses países é o desemprego, diz o relatório. Nos Estados Unidos, mais vagas estão sendo fechadas do que criadas e isso deve continuar acontecendo até o começo do próximo ano.

Na União Europeia, a previsão é de que o desemprego continue crescendo até 2011.

O relatório também diz que haverá recuperação econômica e crescimento em quase todas as regiões do mundo no próximo ano.

Para os países em desenvolvimento, especialmente os BRICs (os gigantes emergentes Brasil, Rússia, Índia e China), as previsões são de forte crescimento.

O Brasil deve crescer 4,8% em 2010. Para 2011, a previsão da OCDE é de que o Brasil cresça 4,5%.

Em 2010, o PIB da China deve aumentar em 10%, e a economia da Índia deve crescer mais de 7%.

De acordo com a OCDE, a Rússia deve crescer quase 4,9%, depois de ver sua economia retrair quase 9% neste ano.

Fonte: BBC Brasil

Venezuela dinamita pontes clandestinas na fronteira com a Colômbia

O vice-presidente e ministro da Defesa venezuelano, Ramón Carrizález, confirmou nesta quinta-feira a destruição de duas pontes na fronteira com a Colômbia, alegando que eram passagens ilegais utilizadas por narcotraficantes e contrabandistas.

"Qualquer passarela improvisada que se utilize para entrar e sair de um país sem cumprir com os acordos entre os países, onde não existe a presença de aduanas e do Estado, são ilegais", afirmou.

Carrizález disse que a ponte era utilizada para o tráfico de drogas e de gasolina e que "em nenhum momento" os militares venezuelanos passaram a território da Colômbia e qualificou como "manipulação" a reação do governo de Bogotá, que mais cedo, disse que Caracas violava o direito internacional ao destruir as passagens entre os dois países.

"O governo colombiano está tratando de desviar a atenção do verdadeiro problema (...) querem se passar por vítimas", disse, em alusão ao acordo militar firmado com os EUA.

Horas antes, em meio à crescente tensão diplomática entre Colômbia e Venezuela, oministro da Defesa da Colômbia, Gabriel Silva, disse que um grupo de militares venezuelanos explodiu as pontes para pedestres do município de Ragonvalia, no departamento (Estado) de Norte de Santander, ação que teria deixado "isolados" os moradores da região.

"Uniformizados que chegaram em caminhonetes do lado venezuelano, aparentemente pertencentes ao Exército da Venezuela, localizaram duas pontes de pedestre comunitárias que unem as comunidades dos dois lados (...) e dinamitaram as pontes do lado venezuelano", afirmou Silva a jornalistas em Bogotá.

"Essa ação representa uma violação à lei internacional, à lei humanitária, é uma agressão contra os civis", acrescentou.

“Desgraçado”

A tensão entre os dois países vem aumentando desde que a Colômbia anunciou um acordo militar com os Estados Unidos que permitirá a militares americanos acesso a sete bases militares em território colombiano.

Para o governo de Hugo Chávez, o acordo desestabiliza a região e é parte de um “plano de guerra” contra a Venezuela.

Há duas semanas, Chávez ordenou que militares e civis se preparassem "para a guerra para garantir a paz".


Essas declarações foram interpretadas pelo governo de Álvaro Uribe como uma “ameaça de guerra”, o que levou Bogotá a apresentar uma reclamação contra a Venezuela na Organização de Estados Americanos (OEA) e na Organização das Nações Unidas (ONU).

A última troca de farpas entre os dois governos ocorreu na quarta-feira, quando Chávez chamou o presidente colombiano, Álvaro Uribe, e o chanceler colombiano, Jaime Bermúdez, de "desgraçados" devido a críticas à União de Nações Sul-americanas (Unasul).

Bermúdez criticou a organização por não ter condenado as declarações de Chávez pedindo que o seu país se preparasse para um conflito.

“Saiu o chanceler da Colômbia dizendo que a Venezuela fala de guerra. Não lhes digo o que me provocava porque estamos no ar. (Mas) vou te dizer, desgraçado, como desgraçado é seu presidente, e desgraçaram a Colômbia!", disse Chávez, durante um ato político transmitido pela TV estatal venezuelana.

Para o governo venezuelano, a frequência cada vez maior de conflitos na fronteira com a Colômbia e a presença de paramilitares colombianos em território venezuelano é parte de uma “estratégia” que coincide com a presença norte-americana na Colômbia para “desestabilizar” a revolução liderada por Chávez.

Os governos colombiano e norte-americanos, no entanto, argumentam que o uso das bases militares se limitará a combater o narcotráfico na Colômbia.

Fonte: BBC Brasil

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Kirchner e Lula se reúnem para tentar amenizar conflitos comerciais

A presidente da Argentina, Cristina

Kirchner, se reúne nesta quarta-feira em Brasília com

o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em meio a novas divergências comerciais entre os dois paí

ses, principais sócios do Mercosul.

As diferenças são res

ultado de medidas burocráticas adotadas pelos dois países que acarretam em um atraso no desembarque de produtos no mercado vizinho, geram prejuízos para produtores e exportadores e já afetaram o volume do comércio bilateral.

Segundo o ministro da Economia da Argentina, Amado Boudou, 6% das exportações brasileiras teriam sido atingidas com as chamadas Licenças Não Automáticas (LNA), adotadas pela Argentina em outubro de 2008, em meio à crise internacional.

Para o Brasil, este impacto é maior e varia entre 14% e 17%, se forem somadas todas as recentes iniciativas argentinas, incluindo medidas tidas como antidumping.

Exportações

Em outubro, o embaixador do Brasil em Buenos Aires, Mauro Vieira, divulgou uma nota na qual afirmou que as exportações do Brasil para a Argentina haviam caído 43% no primeiro semestre de 2009, comparado com o mesmo período do ano passado.

Vieira afirmou ainda que, no mesmo período, as exportações da Argentina para o Brasil caíram 19%.

Apesar da queda das exportações e da desvalorização do peso frente ao real, a Argentina registrou, em outubro, o quarto mês consecutivo de déficit comercial com o Brasil, segundo a consultoria Abeceb.

De acordo com a mesma consultoria, até outubro deste ano, o comércio bilateral foi de US$ 18,5 bilhões - 30% menor ao mesmo período de 2008.

LNA

Alguns assessores do governo brasileiro afirmam que as LNAs estão previstas na Organização Mundial de Comércio (OMC), mas desde que não superem os sessenta dias de prazo, o que não estaria ocorrendo, como afirmou Vieira na mesma nota.

Um assessor do governo brasileiro disse à BBC Brasil que muitos empresários brasileiros reclamam que seus produtos estão parados (na alfândega argentina) “há 180 dias”.

Em contrapartida, Cristina Kirchner reclamou contra as LNAs imposta pelo Brasil a produtos argentinos em outubro.

“Isso jamais tinha ocorrido, que mercadorias perecíveis ficassem paradas na fila para entrar no Brasil”, afirmou. Cristina disse que falará sobre o assunto com o presidente Lula. “Sim, conversarei sobre isso com Lula”, disse.

China

O especialista Raul Ochoa, professor de comércio internacional da Universidade de Buenos Aires (UBA), disse à BBC Brasil que os setores brasileiros afetados com as LNAs da Argentina são calçados, têxtil, móveis, brinquedos, autopeças, manufaturados de plástico e borracha e aparelhos elétricos e eletrônicos.

“Estes itens atingidos tiveram uma queda de 52% (nas exportações para Argentina até outubro) na comparação com 2008”, disse Ochoa. “O Brasil alega, e com razão, que com essa medida, houve um desvio de comércio que beneficiou a China no mercado argentino”.

O especialista afirma ainda que as exportações chinesas destes produtos para a Argentina, caíram menos do que as brasileiras e registraram queda de 39%.

Outros impostos

Ochoa disse que foi aprovada ainda uma lei, na Argentina, que aumenta impostos internos e que afetará também as vendas de produtos eletrônicos fabricados no Brasil, como celulares.

Ao mesmo tempo, Ochoa ressaltou que as LNAs implementadas pelo Brasil afetam as vendas argentinas de farinha de trigo, vinhos, passas de uva, azeitonas, azeites de oliva, geleias, pescados e auto-peças.

“São produtos que fazem parte, principalmente, da lista de compras de Natal e representam cerca de 20% das exportações argentinas (para o Brasil)”, afirmou Ochoa.

Para ele, foi o mercado brasileiro que salvou, por exemplo, a produção argentina de automóveis (devido às vendas para o Brasil).

Segundo ele, a Argentina voltou a acumular déficit comercial com o Brasil por problemas próprios, como falta de volumes e diversificação da sua pauta exportadora.

A expectativa entre industriais e assessores do governo brasileiro é de que a Argentina possa “rever” as LNA antes de 2010, quando a previsão é de crescimento econômico nos dois países.

O analista Félix Peña, professor da Universidade Tres de Fevereiro, afirmou que existem hoje pelo menos duas falhas nesta relação bilateral: “medidas do acordo do Mercosul que precisam de rejuvenescimento e maior confiança mútua entre os dois países”.

Fonte: BBC Brasil

Brasil ‘decola’, diz capa da revista ‘The Economist’

A ascensão econômica do Brasil é o tema da capa, de um editorial e de um especial de

14 páginas da edição desta semana da revista britânicaThe Economist, divulgada nesta quinta-feira.

Intitulado Brazil Takes Off (“O Brasil Decola”, em

tradução literal), o editorial afirma que o país parece ter feito sua entrada no cenário mundial, marcada simbolicamente pela escolha do Rio como sede olímpica em 2016.

A revista diz que, se em 2003 a inclusão do Brasil no grupo de emergentes Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) surpreendeu muitos, hoje ela se mostrou acertada, já que o país vem apresentando um desempenho econômico invejável.

A Economist afirma também que o Brasil chega a superar outros Bric. “Ao contrário da China, é uma democracia, ao contrário da Índia, não possui insurgentes, conflitos étnicos, religiosos ou vizinhos hostis. Ao contrário da Rússia, exporta mais que petróleo e armas e trata investidores estrangeiros com respeito.”

Apagão

O editorial da Economist ressalva também que o país tem problemas que não devem ser subestimados, da corrupção à falta de investimentos na educação e infraestrutura “evidenciados pelo apagão desta semana”.

No especial de 14 páginas, oito reportagens analisam as razões do sucesso econômico brasileiro e seus potenciais riscos.

Separadamente, a revista traz um perfil da ministra Dilma Rousseff e afirma que seu desafio na campanha eleitoral do ano que vem é se mostrar próxima o suficiente de Lula para beneficiar-se de sua influência, mas distante o bastante para mostrar que tem personalidade própria.

A revista traz ainda uma reportagem sobre o caso da universitária Geyse Arruda, expulsa da Uniban e depois readmitida. Para a revista, o episódio mostra que no Brasil a tolerância convive desconfortavelmente com o recato exagerado.

Fonte: BBC Brasil

sábado, 14 de novembro de 2009

Brasil é 2º país da América Latina com maior confiança em Forças Armadas

O Brasil é o segundo país da América Latina com maior índice de confiança nas Forças Armadas, segundo barômetro levantado pela Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos.

O país fica em quarto lugar nesse quesito em todo o continente das Américas.

De acordo com a universidade, o Brasil tem 68,4 pontos de confiança, em uma escala até 100, nas Forças Armadas. Os países com maior índice de confiança são o Canadá (79,3 pontos) e os Estados Unidos (74,8 pontos).

O México fica em terceiro lugar com 70,5 pontos. O país com menor índice de confiança é a Argentina, com apenas 36,3 pontos.

O índice foi levantado a partir de dados de entrevistas feitas em 2008 em 22 países, em que foi feita a seguinte pergunta: Até que ponto você confia nas Forças Armadas?

Os pesquisadores perguntaram qual o grau de confiança em uma escala de 1 a 7, em que um significava "nenhuma confiança" e sete significava "muita confiança".

Os valores depois foram recalibrados para uma escala de 100.

O estudo concluiu que, apesar do histórico de ditaduras militares na região, o índice de confiança nas forças armadas é relativamente alto, alcançando média de 59,2 pontos, e é mais alto do que o de confiança em outras instituições de representação, como partidos políticos ou o Congresso.

Alta confiança

Os autores do estudo também compararam os dados com estatísticas econômicas e constataram que o índice de crescimento do PIB per capita de um país estaria relacionado a uma maior confiança nas Forças Armadas.

A universidade, no entanto, não explica o porquê desta relação mas sugere que a prosperidade e o bom desempenho do governo provoca um aumento de confiança em outras instituições públicas. Além disso, afirma, em alguns países as Forças Armadas tiveram um papel influente na política de desenvolvimento do país.

O barômetro ainda estudou variantes que poderiam influenciar no resultado e concluiu que as mulheres tendem a confiar menos nas Forças Armadas, bem como os jovens e os moradores das capitais.

O estudo analisou as respostas de 30.824 entrevistados em 19 desses países – Costa Rica, Panamá e Haiti ficaram de fora da pesquisa.

A pesquisa foi financiado pela agência americana para o desenvolvimento internacional (USAID), e ainda contou com fundos do Banco Interamericano de desenvolvimento, Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, Centro para as Américas e Universidade de Vanderbilt.

Fonte: BBC Brasil

Estudo mostra que 89% da madeira do Pará vem de área ilegal

O desmatamento sem autorização legal atinge 89% da área que sofre exploração madeireira no Estado do Pará, de acordo com estudo da ONG Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia.
É a primeira vez que se faz uma estimativa direta da retirada de madeira ilegal da Amazônia. Até hoje ninguém sabia direito qual é a quantidade de madeira clandestina na região. O número mais citado, impreciso, fala em 50%.

Os dados usados pelo Imazon agora, vindos de imagens de satélite de 2007 e 2008, indicam que até a atividade madeireira legalizada tem irregularidades --como o registro de toras supostamente oriundas de áreas já desmatadas por completo-- em 37% dos casos. A ONG ainda pretende cruzar o mapeamento com os dados de volume total de madeira em cada região do Estado para estimar o volume clandestino.

A primeira conclusão dos pesquisadores é que 89% da área em que a derrubada foi detectada via satélite não corresponde aos locais em que a atividade madeireira foi aprovada pelo Estado. São quase 375 mil hectares, dos quais 73% equivalem a áreas privadas, devolutas ou sob disputa. O Imazon pretende realizar o levantamento todos os anos daqui para a frente, incluindo também Mato Grosso.

Fonte: UOL

sábado, 31 de outubro de 2009

Entenda os principais pontos do acordo em Honduras

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e o líder do governo interino, Roberto Micheletti, chegaram a um acordo para pôr fim à crise política no país, que já dura mais de quatro meses.

O acordo prevê que a decisão sobre o retorno ou não de Zelaya à Presidência ficará a cargo do Congresso. No entanto, estabelece que também será feita uma consulta prévia ao Supremo Tribunal de Justiça.

A implementação do acordo deve levar algum tempo, e ainda não há um prazo fixado para o retorno de Zelaya à Presidência.

O documento foi firmado após a pressão de uma comissão do governo americano enviada a Honduras.

A resolução do impasse político em Honduras é considerada crucial para que as eleições presidenciais no país, marcadas para 29 de novembro, sejam reconhecidas pela comunidade internacional.

Abaixo, a BBC Brasil responde a algumas perguntas sobre o acordo e o futuro da situação política em Honduras.

Quais os principais pontos do acordo?

O acordo determina que a decisão sobre a restituição de Manuel Zelaya à Presidência de Honduras será do Congresso. Esse ponto era uma das exigências de Zelaya e um dos principais entraves para um entendimento.

O Congresso apoiou a deposição de Zelaya, em 28 de junho. No entanto, partidários do presidente deposto acreditam que, como cerca de metade dos parlamentares irá disputar a eleição de 29 de novembro, votariam a favor da restituição do presidente, para garantir que o pleito seja reconhecido pela comunidade internacional.

Apesar de a decisão sobre a volta de Zelaya à Presidência ser do Congresso, o acordo prevê a realização de uma consulta prévia ao Supremo Tribunal de Justiça. Inicialmente, o governo interino, comandado por Roberto Micheletti, exigia que a decisão ficasse a cargo do Tribunal.

O acordo prevê a criação de um governo de união nacional. Os dois lados reconheceriam as eleições de 29 de novembro. Também será formada uma comissão de verificação para garantir que os termos do acordo sejam cumpridos.

A proposta fala em restaurar o poder Executivo à situação anterior ao dia 28 de junho (data em que Zelaya foi deposto e expulso do país). Com isso, Micheletti retornaria ao seu cargo anterior, de presidente do Congresso.

O acordo também prevê que Zelaya abandone qualquer tentativa de mudar a Constituição para permitir a reeleição presidencial - fato que desencadeou a crise.

Qual a participação dos Estados Unidos no acordo?

O acordo final - que teve como base uma proposta anterior, mediada pelo presidente da Costa Rica, Oscar Árias - foi costurado por uma delegação dos Estados Unidos, liderada pelo secretário assistente de Estado para o Hemisfério Ocidental, Thomas Shannon. A comitiva americana foi a Honduras para pressionar os dois lados por um acordo.

Em encontros com representantes dos dois lados, Shannon deixou claro que um acordo era necessário para que a comunidade internacional pudesse ajudar Honduras em seu processo eleitoral, marcado para 29 de novembro, e que a definição era urgente, já que falta menos de um mês para o pleito.

Qual a reação da comunidade internacional?

Diversos governos manifestaram satisfação com a notícia de um acordo em Honduras. A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, divulgou uma nota em que chama o acordo de "histórico". "Não me lembro de outro país na América Latina que, tendo passado por uma ruptura em sua ordem democrática e constitucional, tenha superado a crise por meio da negociação e do diálogo", disse.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse em uma declaração esperar que o acordo coloque Honduras "no caminho da completa restauração da ordem democrática e constitucional".

Em nota, o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, também manifestou satisfação com o acordo. "Cumprimento os cidadãos de Honduras por ter alcançado a meta que todos queríamos: a assinatura de um acordo feito por e para os hondurenhos."

"O presidente Zelaya e o senhor Micheletti, junto com suas delegações, deram uma apreciável mostra de flexibilidade e de sentimento patriótico", afirma a nota. A OEA também afirma que deverá trabalhar pelo levantamento da suspensão de Honduras da organização.

O presidente da Costa Rica, Oscar Árias, autor de uma proposta anterior na qual se baseou o novo acordo, disse estar "muito satisfeito".

O governo espanhol também divulgou um comunicado em que garante "o desejo de contribuir para o êxito do processo, junto com seus sócios da União Europeia e da OEA".

Qual a reação do Brasil?

Em nota divulgada nesta sexta-feira, o Itamaraty afirma que o governo brasileiro "recebeu com satisfação a notícia do acordo" e que "expressa a expectativa de que a normalidade institucional se restabeleça dentro do mais breve prazo em Honduras, com a volta da titularidade do Poder Executivo ao estado prévio ao golpe de estado de 28 de junho".

Aifrma ainda que "o Brasil confia em que o acordo ontem alcançado permita a plena reintegração de Honduras ao sistema interamericano e internacional e a pronta normalização da situação de sua Embaixada em Tegucigalpa".

O fato de o Brasil abrigar o presidente deposto provocou polêmica. Desde 21 de setembro, quando retornou a Honduras sem autorização do governo interino, Zelaya permanece na embaixada brasileira ao lado de familiares e apoiadores.

Como ficam as eleições de 29 de novembro?

A restituição de Zelaya era uma exigência da comunidade internacional para reconhecer o resultado das eleições de 29 de novembro.

Com o acordo firmado pelos dois lados, observadores internacionais deverão ser enviados a Honduras para acompanhar a realização do pleito.

A OEA já anunciou que vai designar uma missão para observar as eleições. Os hondurenhos irão eleger um novo presidente, além de 128 deputados no Congresso, 20 no Parlamento Centroamericano e 298 prefeitos.

Qual a origem da crise?

A crise política em Honduras foi motivada pela proposta, apresentada por Zelaya, de que nas eleições de 29 de novembro também fosse realizada uma consulta sobre a possibilidade de convocar uma Assembleia Constituinte para mudar a Constituição e permitir a reeleição presidencial.

No dia 28 de junho, Zelaya pretendia realizar uma consulta sobre a consulta, perguntando aos eleitores se concordavam ou não com sua proposta. O então presidente do Congresso, Roberto Micheletti, que era do mesmo partido que Zelaya, o Partido Liberal, afirmou que a consulta não teria validade jurídica e que pela atual Constituição ela seria considerada um delito.

Zelaya foi detido e expulso do país, e Micheletti assumiu o comando do governo interino.

Fonte: BBC Brasil

Chile e Argentina assinam tratado de integração na A.Latina

As presidentes do Chile e da Argentina, Michelle Bachelet e Cristina Fernández de Kirchner, assinaram hoje em Santiago o Tratado de Maipú de Integração e Cooperação, um convênio inédito entre as duas nações que aprofunda as relações bilaterais.

O cenário da assinatura do tratado foi a comunidade de Maipú, ao sudoeste da capital chilena, onde em 1818 um Exército chileno-argentino capitaneado pelos generais Bernardo O'Higgins e José de San Martín derrotou às tropas espanholas e selou a independência do Chile.

Imitando a parceria da independência, Bachelet e Fernández selaram o acordo nesta sexta-feira com um abraço, que substituirá ao Tratado de Paz e Amizade, assinado em 1984 para desativar um grave conflito entre os países pela controvérsia sobre o Canal de Beagle, no extremo sul do continente.

O acordo inclui o aprofundamento das relações, da conectividade à criação de um grupo de trabalho para preparar um acordo de livre circulação de pessoas em ambos os países.

Contempla ainda o compromisso para a construção de um trem transandino e de um túnel na passagem Águas Negras, unindo a região de Coquimbo com a província argentina de San Juan.

O Tratado de Maipú institucionalizará a rede de 57 mecanismos de trabalho entre os dois países.

Além disso, facilita a cooperação entre os conselhos regionais e as legislaturas provinciais para harmonizar normas jurídicas e fomentar o trabalho comum frente a outras regiões e países do mundo.

Nas áreas de trabalho e justiça, os países se comprometem a aplicar um convênio de previdência social já redigido, assim como a simplificar os processos de extradição.

Nas comunicações, se estenderão os sistemas de controles integrados em cinco áreas de fronteira, para agilizar o fluxo de pessoas e mercadorias.

Simultânea à cerimônia entre as chefes de Estado em Maipú, o intendente da região do Maule, Fernando Coloma, e o vice-presidente da província argentina de Mendoza, Cristian Raacconto, realizaram a assinatura do tratado com um encontro na passagem fronteiriça Cristo Redentor.

Bachelet e Kirchner devem liderar nesta sexta-feira a 29ª Feira Internacional do Livro de Santiago, que neste ano tem à Argentina como convidada de honra, pelas celebrações do Bicentenário da Independência das nações em 2010.

Fonte: UOL

Colômbia assina acordo para uso de bases militares pelos EUA

Os Estados Unidos e a Colômbia anunciaram nesta sexta-feira que assinaram o acordo que dá a tropas americanas acesso a sete bases colombianas.

O ministro colombiano do Exterior, Jaime Bermúdez, disse que o conteúdo do entendimento será divulgado na semana que vem.

As negociações do acordo, em agosto, causaram mal-estar entre os vizinhos da Colômbia, como Brasil, Equador e Venezuela, temerosos quanto ao aumento da presença militar americana em suas fronteiras.

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, teve de acionar sua diplomacia e dar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sua "palavra" de que o uso de bases militares pelos americanos se limitará ao território colombiano.

"Que fique claro: o que este acordo busca é acabar com o narcotráfico e o terrorismo na Colômbia. Os países vizinhos e toda a região podem ficar tranquilos", declarou nesta sexta-feira o Bermúdez em entrevista à rádio colombiana RCN.

Em nota à imprensa, a chancelaria colombiana garantiu que as operações americanas se darão "com base nos princípios de respeito total da igualdade soberana, integridade territorial e não-intervenção nos assuntos internos dos outros Estados".

Um dos maiores críticos da negociação colombiana com os Estados Unidos foi o presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Em agosto, o líder da Venezuela taxou o acordo de "ameaça" à integração regional, e disse que, com a aproximação, os Estados Unidos desejam manter os olhos sobre a Amazônia brasileira, o petróleo venezuelano e o Aquífero Guarani, no Cone Sul, considerado a maior reserva de água doce do mundo.

Fonte: BBC Brasil

Entenda o que muda com a Venezuela no Mercosul

A Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou nesta quinta-feira o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul. A decisão ocorre depois de meses de discussões entre parlamentares governistas e de oposição.

A matéria já passou pela Câmara. Após aprovação na comissão, deverá ser votada no plenário do Senado.

O protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul foi assinado em 2006 e deve ser aprovado por todos os integrantes para que o país se torne um membro integral do bloco.

Argentina e Uruguai já ratificaram o ingresso da Venezuela no Mercosul. O Paraguai espera a decisão do Brasil para votar o protocolo.

Abaixo, a BBC Brasil responde a algumas perguntas sobre os impactos da entrada da Venezuela no Mercosul.

Que impacto a entrada da Venezuela no Mercosul deverá ter no bloco e nas relações com outros países?

Setores contrários à entrada da Venezuela no Mercosul afirmam que o governo do presidente Hugo Chávez deixa a desejar em relação ao respeito aos princípios democráticos e que a adesão de seu país pode ser prejudicial ao bloco.

De acordo com analistas consultados pela BBC Brasil, o estilo "personalista" de Chávez pode ser motivo de temor em alguns países da região.

"É um tipo de governo que, de alguma forma, traz outro comportamento para dentro do Mercosul", diz Sônia de Carmago, professora da PUC-Rio. Segundo ela, enquanto Lula tem uma atuação "agregadora" em política externa, o presidente venezuelano é mais intempestivo e cultiva um "nacionalismo exacerbado".

José Alexandre Hage, professor de Relações Internacionais da Trevisan Escola de Negócios, questiona ainda como o bloco irá agir diante de problemas que a Venezuela tradicionalmente tem, como os conflitos com a Colômbia.

"Se a Venezuela entra no Mercosul, de certa forma estamos corroborando os problemas dela. E a rivalidade que a Venezuela tem com a Colômbia, por exemplo? Como fica o bloco?", questiona.

O discurso antiamericano do presidente da Venezuela também é visto por alguns como um problema, e há o temor de que possa prejudicar as relações do bloco com os Estados Unidos. "Uma alta dose de Chávez no Mercosul pode aumentar uma ideologização antiamericana", diz Hage.

Há ainda o temor de que a presença da Venezuela prejudique as negociações para um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.

No entanto, o argumento dos defensores do ingresso da Venezuela no Mercosul é o de que não se pode impedir a entrada do povo venezuelano no bloco devido à atual circunstância política e que deixar o governo Chávez isolado seria pior.

"O problema não é a Venezuela, todo mundo quer que a Venezuela faça parte do Mercosul. O problema é o governo Chávez", diz Georges Landau, conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

A Venezuela deve se beneficiar da integração comercial com o Mercosul. De acordo com alguns analistas, também o bloco teria benefícios com o ingresso do país.

"Do ponto de vista de se criar um bloco político mais coeso, a entrada da Venezuela pode ajudar. De certa forma, os países que compõem o Mercosul são muito parecidos na essência, com governos de centro-esquerda, com traços de um certo nacionalismo. O Chávez é um pouco mais denso nesse nacionalismo, isso pode dar ao bloco um pouco mais de consistência", afirma Hage.

O ingresso da Venezuela no Mercosul pode aumentar o poder de influência de Hugo Chávez na região?

Alguns analistas afirmam que o ingresso da Venezuela no Mercosul dará a Chávez mais poder de influência na região. O país, que já integra a Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) e a Unasul (União de Nações Sul-Americanas), ganharia um palco importante.

"Aumenta o grau de projeção de Chávez, tem muito mais espaço de articulação", diz Hage. "Ganharia um palco muito melhor que Unasul e Alba, que são expectativas, enquanto o Mercosul, apesar da crise, realmente existe."

Como os venezuelanos veem a adesão do país ao bloco?

Nesta semana, um dos principais opositores de Chávez, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, veio ao Brasil e defendeu a aprovação da entrada da Venezuela no Mercosul. O líder opositor afirma que o povo venezuelano não pode ser punido com o isolamento por causa do governo Chávez.

Além disso, há a expectativa de que, com a entrada da Venezuela, aumente o poder de pressão do Mercosul sobre o governo Chávez, para que cumpra pré-requisitos democráticos. Em uma audiência no Senado, Ledezma disse que a adesão da Venezuela ao Mercosul seria uma chance de "enquadrar" Chávez.

O Protocolo de Ushuaia, parte do Tratado de Assunção, que criou o Mercosul, afirma que "a plena vigência das instituições democráticas é condição essencial para o desenvolvimento dos processos de integração" do bloco. Em caso de não cumprimento das cláusulas democráticas, um país pode sofrer suspensão.

"A Venezuela é uma democracia em termos formais, mas tem uma forma de governo muito autoritária", diz Sonia de Camargo.

No entanto, alguns analistas afirmam que os resultados práticos desse tipo de pressão por parte do Mercosul podem ficar aquém do esperado. "Não há mecanismos para isso, porque o Mercosul é muito pouco institucionalizado", diz Hage.

Apesar das limitações, alguns defensores do ingresso da Venezuela no Mercosul afirmam que é melhor ter o país no bloco, atendendo a algumas regras, do que independente e sem controle.

Qual o impacto econômico da adesão da Venezuela ao Mercosul?

No ano passado, a balança comercial do Brasil com a Venezuela alcançou US$ 5,7 bilhões, com superávit de US$ 4,6 bilhões para o Brasil.

Desde 2007, o Brasil passou a ser o segundo sócio comercial do país, ficando atrás somente dos Estados Unidos, principal consumidor do petróleo venezuelano.

A Venezuela importa 70% do que consome, a maior parte da Colômbia e dos Estados Unidos. Defensores afirmam que o ingresso do país no Mercosul traria vantagens econômicas e fortaleceria o PIB do bloco. Também estenderia o bloco para o norte da América do Sul, com influência na região caribenha e benefícios para os Estados da região norte do Brasil.

Para fazer parte do Mercosul, a Venezuela tem de cumprir critérios, entre eles a adoção da Tarifa Externa Comum (TEC), vigente no comércio do bloco. Críticos afirmam que a Venezuela ainda não cumpriu esses critérios e não aceitou o tratado de tarifas comuns com terceiros países.

Fonte: BBC Brasil

terça-feira, 27 de outubro de 2009

País pobre perde até 89% dos 'cérebros'

Guiana, Haiti e Granada estão entre os locais nos quais mais de 80% dos que atingem o nível superior se mudam para trabalhar no exterior

Em Guiana, que faz fronteira com Roraima e Pará, de cada dez pessoas que terminam a faculdade, nove deixam o país. Quadro semelhante foi constatado em Granada e na Jamaica (8,5 em cada dez), no Haiti (8,4) e em pequenos países africanos e asiáticos, aponta o estudo Fluxo de Capacidade: Uma Reconsideração Fundamental da Mobilidade dos Trabalhadores Capacitados e o Desenvolvimento. O trabalho faz parte de uma série de pesquisas que subsidiaram o RDH (Relatório de Desenvolvimento Humano) de 2009, intitulado Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos.

O documento aponta que as nações menores e mais pobres são as que mais sofrem com a fuga de cérebros. “Sabendo que esses países também concentram os piores índices educacionais e o menor número de trabalhadores com nível superior, esse tipo de mão-de-obra está deixando precisamente os lugares onde ela é mais escassa”, afirma o texto do pesquisador Michael A. Clemens. No total, elenca o estudioso, 81 países têm pelo menos 15% de seus cidadãos formados vivendo fora, e em 34 dessas nações a proporção supera um terço. O estudo foi feito com dados de 2000 referentes a 173 países-membros da ONU.

A lógica verificada mundialmente se repete no interior de países de grande extensão, como o Brasil. Cálculos feitos pelo pesquisador com base em dados do Censo de 2000 mostram uma tendência de a população brasileira com nível superior deixar Estados pequenos e pobres, como o Acre e Piauí, e permanecer em populosos e ricos, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Uma das principais razões para esse movimento é o abismo salarial entre os países desenvolvidos e o restante. “Um desenvolvedor de software na Índia pode triplicar seus ganhos reais ao mudar para os Estados Unidos; um médico da Costa do Marfim pode multiplicar seu salário por seis se for trabalhar na França”, afirma o texto. Por ganho real, entenda-se o salário ajustado pela paridade do poder de compra, que elimina a diferença de custo de vida entre os países.

O gráfico abaixo mostra alguns desses exemplos de disparidade de renda:




Outros fatores

A desigualdade salarial, entretanto, não é o único fator que contribui para que as pessoas com maior instrução deixem países pobres. Conflitos armados, falhas nas instituições, corrupção, condições de trabalho precárias, poucas oportunidades de se aprimorar profissionalmente e repressão política também influenciam.

Para mostrar como a questão vai além do salário, Clemens deteve-se sobre o período de maior fuga de cérebros de algumas nações. A análise mostra que na Etiópia, por exemplo, o aumento da saída de formados coincidiu com a ascensão de uma junta militar marxista chamada Derg (de 1974 a 1991), que antecedeu uma violenta guerra civil. De forma semelhante, a fuga de cérebros cresceu na Libéria durante a ditadura de Samuel Doe (1980 a 1990) e o regime violento de Charles Taylor (1997 a 2003). A Uganda também registrou maior crescimento durante instabilidades do governo na década de 80 e o Zimbábue a partir da crise econômica no mandato de Robert Mugabe (no início da década de 90).

Barreiras

O estudo afirma que se formou um consenso de que a fuga de pessoas com nível superior tem papel prejudicial, particularmente na saúde. Agências da ONU como a UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) fizeram alertas nesse sentido, e um dirigente da Associação Médica Britânica chegou a classificar a emigração de profissionais da área como “estupro dos países mais pobres”. Um especialista chega a sugerir que aqueles que recrutam profissionais de saúde desses países deveriam ser julgados por crimes contra a humanidade.

Esse tipo de pensamento fez com que os britânicos durante muitos anos não divulgassem vagas de trabalho para países em desenvolvimento e que a UNCTAD recomendasse que políticas fossem criadas para reduzir esse fluxo, comenta Clemens. O trabalho do pesquisador, entretanto, contesta a visão de que os profissionais mais capacitados de países pobres devem ser controlados para não “fugirem”. Mesmo que não houvesse fluxo migratório, as nações em desenvolvimento ainda sofreriam com a falta de profissionais de saúde, segundo estudos da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). “Essa e muitas outras razões explicam o porquê de um maior número de médicos e enfermeiras que emigram de um país africano não estar diretamente relacionado com menores índices de saúde daquela nação”, afirma.

Outra das razões, segundo o texto, é que não há estudos que provem — e nada garante — que, ficando no país, os especialistas vão se dedicar à população menos favorecida e mais carente. “No Quênia, apenas 8,3% da população vive na capital Nairóbi, mas 65,8% dos médicos estão concentrados lá. Em Moçambique, apenas 8% da população mora na capital Maputo, que abriga 51% dos médicos do país”, argumenta.

Propostas

Clemens cita algumas boas práticas para combater as causas da fuga de cérebros. Entre elas, está ampliar incentivos ou prêmios para melhorar a qualidade dos serviços e fazê-los chegar a regiões rurais. O autor cita pesquisas que mostram que gratificações de menos de 1% sobre o salário já são suficientes para fazer com que médicos comecem a se mudar para localidades rurais. Da mesma forma, pequenas gratificações por qualidade dos serviços melhorariam a situação da saúde ao mesmo tempo em que diminuiriam a opção por sair do país.

Outra ação tomada por alguns países que pode funcionar, diz o estudo, é proporcionar bolsas de estudo e empréstimos para aqueles que querem estudar em centros universitários fora do país, com a contrapartida de que, após a conclusão da faculdade, essas pessoas possam pagar ao governo voltando e trabalhando no país de origem. Desburocratizar o exercício de certas profissões e incentivar centros de excelência também pode ajudar.

Fonte: PNUD Brasil


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Brasil é eleito para o Conselho de Segurança da ONU

O Brasil foi eleito nesta quinta-feira para um mandato de dois anos em uma das vagas rotativas do Conselho de Segurança da ONU.

O mandato brasileiro entra em vigor no dia 1º de janeiro de 2010 e vai até o dia 31 de dezembro de 2011.

É a décima vez que o país ocupa uma posição no Conselho de Segurança, o órgão da ONU responsável pela manutenção da paz e da segurança internacional.

É também a segunda vez que o país ocupa uma vaga rotativa na ONU durante a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva. A primeira foi entre 2004 e 2005.

Vaga

O país será representado pela primeira vez no Conselho por uma mulher, a embaixadora Maria Luisa Viotti, que comanda a missão brasileira na ONU.

O Brasil vem pleiteando há muitos anos um assento permanente no Conselho da ONU, mas, a despeito de ter obtido manifestações de apoio por diferentes países, ainda não alcançou esse objetivo.

Os membros permanentes do Conselho são Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China, que tem direito de veto em qualquer medida votada pelo órgão.

A eleição do Brasil já era esperada e não houve outros concorrentes entre os países da América Latina. Ao todo, 182 países de um total de 183 votaram no Brasil.

As outras nações que obtiveram vagas não-permanentes para o mandato de 2010-2011 foram Bósnia-Herzegóvina, Gabão, Líbano e a Nigéria.

O Brasil e estas nações se somarão a Áustria, Japão, México, Turquia e Uganda, que cumprem mandato relativo a 2009 e 2010.

O país já integrou o Conselho de Segurança da ONU em 1946-47, 1951-52, 1954-55, 1963-64, 1967-68, 1988-89, 1993-94, 1998-99 e 2004-05.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, entre as prioridades brasileiras ao longo de seu mandato estão "a estabilidade no Haiti, a situação na Guiné-Bissau, a paz no Oriente Médio, os esforços em favor do desarmamento, a promoção do respeito ao Direito Internacional Humanitário, a evolução das operações de manutenção da paz e a promoção de um enfoque que articule a defesa da segurança com a promoção do desenvolvimento socioeconômico".

Fonte: BBC Brasil

Especialista diz que em 20 anos Oceano Ártico pode não ter mais gelo no verão

Um especialista em gelo polar afirmou que o Oceano Árctico poderia perder todo o seu gelo durante o verão e se tornar navegável nos meses mais quentes em até 20 anos.

"É como se o homem estivesse tirando a tampa da parte norte do planeta", afirma o professor Peter Wadhams, da Universidade de Cambridge.

Wadhams vem estudando o gelo ártico desde os anos 60. Em uma palestra em Londres, ele apresentou os resultados da Catlin Arctic Survey, uma pesquisa realizada durante uma expedição de 435 quilômetros ao longo do Ártico este ano.

Uma equipe liderada pelo explorador Pen Hadow descobriu que as camadas de gelo que se formam no verão têm cerca de 1,8 metros de profundidade, o que é considerado muito pouco em relação ao histórico da região.

'Novo consenso'

"Os dados da Catlin Arctic Survey servem de base ao novo consenso - baseado na variação sazonal da extensão e profundidade do gelo - de que o Ártico não terá gelo no verão em cerca de 20 anos, e muito dessa diminuição ocorrerá em dez anos", diz Wadhams, que analisou os dados da expedição.

"Isso significa que você poderá tratar o Ártico como se fosse fundamentalmente um mar aberto no verão, com possibilidade de transporte pelo Oceano Ártico."

Segundo Wadhams, no curto prazo, o derretimento traz alguns benefícios, como mais facilidade na navegação e maior acesso a reservas de petróleo e gás.

Mas no longo prazo, a perda permanente do gelo pode acelerar o aquecimento global, mudar os padrões de ventos nos oceanos e na atmosfera e ter efeitos desconhecidos em ecossistemas devido ao aumento da acidez das águas.

Pen Hadow e seus parceiros Ann Daniels e Martin Hartley enfrentaram ventos fortes, temperaturas de menos de 70 graus, falta de comida e atrasos no suprimento de mantimentos durante a expedição entre os dias 1º de março e 7 de maio.

Hadow admite que a expedição não produziu nenhum "grande salto adiante no conhecimento", mas afirma que ela ajudou os cientistas a entender mais sobre o gelo, com dados que não estavam disponíveis nas medições por satélite e por submarinos.

O explorador disse que está chocado com a perspectiva de "em minha vida vermos mudanças em como o planeta é visto do espaço".

Ele também disse que as expedições para o Ártico mudaram, e são diferentes do passado, quando cães puxavam trenós pelo gelo.

"Os cachorros conseguem nadar, mas eles não conseguem puxar um trenó na água, que é o que precisamos agora", disse.

"Agora temos que vestir roupas de mergulho e nadar, e precisamos de trenós que boiam. Eu prevejo trenós que são mais parecidos com canoas, para que possam ser puxados na água."

Fonte: BBC Brasil