sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Plano de socorro dos EUA deve custar "centenas de bilhões" de dólares, diz secretário

O secretário americano do Tesouro, Henry Paulson, anunciou nesta sexta-feira que as medidas que estão sendo preparadas pelo governo dos EUA para ajudar os bancos vão custar "centenas de bilhões" de dólares. O plano deve ser anunciado só na próxima semana.

As medidas podem representar a maior intervenção na economia desde os anos de 1930. Segundo a edição desta sexta do "Wall Street Journal", no centro do programa, está um mecanismo que pode retirar os ativos ruins dos balanços das empresas financeiras.

"Estamos falando de centenas de bilhões", indicou Paulson, em entrevista à imprensa sobre o custo do plano, que está sendo discutido com o Congresso, para livrar os bancos de seus ativos invendáveis.

"Essa soma precisa ser grande o bastante para fazer uma verdadeira diferença e atingir o coração do problema", acrescentou Paulson.

O senador republicano Richard Shelby, número dois da comissão de assuntos bancários no Senado, estimou que o custo pode chegar a US$ 1 trilhão. "Acredito que vai custar pelo menos US$ 500 bilhões", declarou Shelby ao canal de televisão norte-americano ABC.

"Mas, se olharmos para o que o Federal Reserve já fez, se olharmos para a extensão dos poderes do Tesouro para resolver o problema da Fannie Mae e da Freddie Mac, devemos chegar a aproximadamente US$ 1 trilhão", acrescentou Shelby.

Fontes que participam das conversas, iniciadas na quinta-feira, disseram que está sob análise o estabelecimento de um fundo de US$ 800 bilhões para comprar ativos falidos, entre outros pontos.

Objetivos do resgate
O objetivo do plano é ajudar financeiramente os bancos a adquirirem títulos "de alta qualidade" dos fundos monetários, por meio de empréstimos.

O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) anunciou ainda que comprará os títulos de curto prazo emitidos pelos organismos de refinanciamento hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac, assim como os da rede de bancos federais de empréstimos imobiliários (Federal Home Loan Banks).

O secretário americano do Tesouro, Henry Paulson, anunciou nesta sexta-feira que vai trabalhar no fim de semana com o Congresso sobre uma lei para aliviar as instituições financeiras dos ativos "que sufocam nosso sistema financeiro".

"Vou passar o fim de semana trabalhando com os membros do Congresso para examinar medidas que possam amenizar a pressão destes empréstimos ruins de nosso sistema, para que o crédito possa fluir novamente em direção aos consumidores e às empresas americanas", declarou Paulson em entrevista em Washington.

O líder democrata do Senado, Harry Reid, que faz oposição ao governo, observou que a administração americana ainda não apresentou uma proposta detalhada.

Existe a expectativa de que o acordo contemple a criação de um veículo inspirado na Resolution Trust Corporation (RTC), agência criada em 1989 por um ato do Congresso com a tarefa de liquidar ativos podres.

O arquiteto dela foi Richard Breeden, então presidente da Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA).

O jornal britânico "Financial Times" notou que uma nova RTC precisaria de legislação e que um plano desse levaria tempo para ser implementado. Chamou atenção para o fato de que a legislação para a primeira RTC passou em fevereiro de 1989, mas o veículo não começou seu trabalho até agosto.

Na avaliação do senador democrata Charles Schumer, a RTC não é o modelo certo para lidar com a crise atual.

Ativos duvidosos
"Estou ansioso para trabalhar com o Congresso para adotar a lei necessária para tirar esses ativos duvidosos de nosso sistema financeiro", afirmou.

Paulson disse que as autoridades agiram "caso a caso" nas últimas semanas, "mas que agora é preciso adotar medidas extras e decisivas para resolver de maneira eficaz as raízes das tensões de nosso sistema financeiro".

"Os ativos hipotecários invendáveis bloqueiam o sistema. O estrangulamento de nossos mercados financeiros tem o potencial para ter efeitos significativos sobre nosso sistema financeiro e sobre nossa economia", declarou.

Recompra de dívidas
O Fed anunciou nesta sexta-feira um plano para recompra de obrigações de dívida relacionadas às agências hipotecárias americanas Fannie Mae e a Freddie Mac de certas instituições financeiras.

O Fed informou também que pretende comprar das instituições financeiras credenciadas à autoridade monetária (primary dealers) obrigações de dívida de curto prazo, emitidas com um desconto (discount notes) de agências federais, ou obrigações de dívida de curto prazo emitidas pela Fannie Mae e Freddie Mac e dos Bancos de Empréstimo Imobiliário Federal.

Henry Paulson anunciou que os organismos de refinanciamento hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac vão aumentar as compras de títulos atrelados a créditos hipotecários("mortgage-backed securities") e que o Tesouro vai ampliar seu programa de recompra desses mesmos títulos.

Fonte: UOL

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