"A medida é revogada e caberá ao ministro da Economia a busca de uma alternativa", disse Alberto Fernández, ministro da Casa Civil, ao anunciar a decisão na Casa Rosada, sede da presidência argentina.
A medida foi anunciada um dia depois de o projeto de lei que estabelecia o aumento dos impostos ter sido derrubado no Senado argentino, após o voto de Minerva do vice-presidente Julio Cobos, que desempatou a votação.
Tecnicamente, apesar da rejeição no Parlamento, a iniciativa – chamada de resolução 125 – continuava em vigor, como espécie de Medida Provisória, que foi revogada nesta sexta-feira.
Popularidade
A partir de agora, automaticamente, a carga tributária para alguns produtos agrícolas de exportação, como a soja, volta aos valores de março, de 35%. Para outros grãos, como trigo e milho, este imposto deverá ser menor.
Com a chamada "resolução 125", esse tributo subiria para quase 50%, dependendo do preço internacional dos grãos.
Nas últimas horas, setores políticos e econômicos da Argentina viviam grande expectativa para saber se o governo revogaria ou não a medida, lançada em março passado, e que provocou protestos em todo o país, além da saída do ministro da Economia, Martín Lousteau.
Cristina Kirchner foi eleita em dezembro passado com 45% dos votos, mas nestes últimos quatro meses de conflito com o setor rural sua popularidade caiu para cerca de 20%.
Minutos depois do anúncio desta sexta-feira, o presidente da Federação Agrária Argentina, Eduardo Buzzi, disse que a revogação é uma boa notícia, mas que os ruralistas esperam “que o governo aproveite agora para reduzir estes 35% que são pesados demais para os pequenos produtores".
Acredita-se que a comercialização de grãos tenda a se normalizar e que a economia argentina, que vinha sendo afetada pelo conflito entre governo e ruralistas, volte aos trilhos.
Mas o vice-presidente da Sociedade Rural (organização que reúne fazendeiros), Hugo Biocatti, disse que a comercialização se normalizará “aos poucos”, dependendo da “confiança dos produtores no governo”.
Relação “normal”
Falando a canais de TV argentinos, o vice-presidente Julio Cobos disse que a relação dele com a presidente está “normal”, apesar do seu voto no Parlamento.
Ele afirmou também que não pretendeu "trair" o governo, mas buscar uma saída para o "consenso".
"A Argentina recuperou a tranqüilidade depois que a medida foi rejeitada no Senado”, disse.
“A sociedade estava angustiada, queria uma solução. Nem todos estavam preocupados com aquele aumento de impostos. Muitos protestos pediam, na verdade, o diálogo, a busca do consenso.”
Como muitos da base parlamentar de Cristina Kirchner rejeitaram a medida, analistas apostam que a derrota no Senado - a primeira em cinco anos de kirchnerismo na Argentina - provocou o surgimento de um novo tabuleiro político na Argentina.Fonte: BBC Brasil
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