sexta-feira, 25 de julho de 2008

OMC reduz negociação a sete delegações, e excluídos protestam

Nesta madrugada, somente sete países participaram das discussões.
Mesmo assim, consenso é que não houve progressos significativos.

Após as negociações entre as 35 delegações convidadas para discutir a Rodada Doha não apresentarem progresso, o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, reduziu as conversas a um grupo de sete países líderes em comércio global - Brasil, Estados Unidos, Japão, Índia, Austrália, União Européia e China - na madrugada desta quinta-feira (24).

Mas a reunião com os países apeliadados de G-6+1 não resultou em progressos suficientes para garantir um acordo de liberalização no comércio mundial, segundo declararam representantes dos países que participaram do encontro. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, considerou que "não há ainda equilíbrio". O Comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, disse que as negociações foram tensas.

Houve também protesto dos "excluídos". A delegação suíça convocou outras sete nações - Argentina, Quênia, Mauritânia, Indonésia, Turquia, Egito e Taiwan - para protestar contra o novo formato de negociação adotado por Lamy. "Fomos simplesmente colocados na sala de espera", disse a ministra da Economia da Suíça, Doris Leuthard, que liderou o protesto.

A Suíça é líder do G-10, grupo das nações mais protecionistas na agricultura. A Indonésia, líder do G-33, aliança de países que querem frear importações agrícolas. O Egito tem influência na África. Amorim se reuniu com o ministro argentino Jorge Taiana pela manhã para contar como foi a reunião restrita que terminou na madrugada. Taiana sinalizou que a Argentina não fará concessões na área industrial.

Discussão

Os países discutiram acesso a mercados não agrícolas e agrícolas e subsídios agrícolas aplicados de forma indireta. Lamy orientou os países a discutir números para subsídios futuros e níveis de tarifa dentro das margens propostas no esboço do acordo, que serve de base para as discussões, e que chegassem a um consenso.

Em seu blog, Mandelson descreveu o encontro da madrugada: "Foram quase 12 horas de negociações intensas, algumas das mais difíceis e de confrontação que já presenciei desde que sou comissário europeu". "Estamos finalmente atendendo as questões problemáticas. Todos sabem disso, e a atmosfera está tensa", escreveu ele.

O ministro do Comércio da Índia, Kamal Nath, afirmou que houve "progresso em produtos sensíveis, redução de tarifas, mas ainda há muito a fazer". Representantes de 35 países estão em Genebra desde a segunda-feira, para destravar as negociações da Rodada Doha, de comércio multilateral da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Emergentes x desenvolvidos

Já a representante de comércio dos EUA, Susan Schwab, foi mais reticente, dizendo que houve apenas "algum progresso", enquanto saía rapidamente do local da reunião. Os Estados Unidos e a União Européia fizeram, respectivamente, ofertas esta semana para reduzir subsídios e tarifas agrícolas, e agora esperam propostas dos países em desenvolvimento para que abram seus mercados para produtos industriais.

Ontem à noite, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em Brasília, que as discussões fracassarão a menos que EUA e UE façam concessões maiores. “Se não houver redução efetiva dos subsídios dos EUA, e não houver flexibilização no mercado agrícola europeu, não haverá acordo”, disse ele. Nesse caso, disse Lula, “cada um terá que assumir suas responsabilidades, e cada um terá que colher o que plantou”.

Fonte: G1

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