quarta-feira, 23 de julho de 2008

Brasil adverte emergentes para moderar 'freio' nas importações

Amorim fez alerta ao ministro de Comércio da Índia, Kamal Nath.
Indiano apenas escutou Amorim falar, sem demonstrar reação alguma.

O Brasil passou a alertar grandes países emergentes importadores agrícolas que não aceitará retrocessos no acesso para suas exportações, como o mecanismo de salvaguarda especial que a China, Índia, Indonésia e outros desejam para frear importações no setor.

Na véspera, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, tinha pedido ao ministro chinês Chen Deming para Pequim moderar sua demanda de sobretaxar importações agrícolas. Hoje cedo, foi a vez de dar a mensagem ao ministro de Comércio da Índia, Kamal Nath.

A diferença é que o chinês mostrou-se receptivo a encontrar solução, enquanto o indiano Kamal apenas escutou Amorim falar, sem reagir.

Opções

Países em desenvolvimento pedem dois mecanismos: designação de produtos especiais, que terão corte tarifário menor. E, sobretudo, o uso do mecanismo de salvaguarda especial, pelo qual a China e outros querem bloquear importações quando houver aumento súbito de volume ou queda no preço.

Pelo que está em discussão na Organização Mundial do Comércio (OMC), sobretaxas de até 25% poderiam ser impostas quando as importações agrícolas excederem 110% de um período de três anos. Poderiam colocar barreira também quando o preço do produto importado cair abaixo de 85% da média dos últimos três anos.

Só que uma das opções na mesa de negociação autoriza os países importadores a inclusive impor sobretaxa superior à tarifa atual negociada na Rodada Uruguai (1987-1995).

Ou seja, o novo acordo de liberalização trazia um retrocesso, porque em certos casos a alíquota de importação de alguns produtos em países em desenvolvimento poderia ser maior do que atualmente.

O que o Brasil está alertando a China, Índia e outros é de que, para ter uma solução na OMC, essa possibilidade deve ser excluída. Amorim reiterou que a questão é sensível para o país.

Oposição

Esta semana, o Paraguai e o Uruguai, membros do G-20, denunciaram como totalmente inaceitável para as pequenas economias sobretudo a maneira como o G-33, grupo do qual a China também faz parte, quer deflagrar o mecanismo de salvaguarda especial para frear súbito aumento de importações ou queda de preços agrícolas.

Exemplificaram que a China poderá acionar a salvaguarda e impor sobretaxa sobre 70% a 80% de suas importações agrícolas, já que elas vêm aumentando rapidamente no rastro do crescimento econômico chinês.

O maior exemplo é a soja, com expansão de 48% ao ano. Nesse caso, a tarifa atual de 3% poderia chegar a até 18%, se as negociações de Doha levarem em conta o que a China, Índia, Indonésia e outros importadores desejam, e se Pequim quiser restringir suas compras.

Fonte: G1

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