domingo, 20 de julho de 2008

Colômbia adere a Conselho de Defesa Sul-americano

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, disse neste sábado, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que aceita ingressar no Conselho de Defesa Sul-americano.

Uribe disse que suas “dúvidas” foram esclarecidas após o encontro com Lula e um telefonema à presidente chilena, Michele Bachelet, que atualmente preside a União de Nações Sul-americana (Unasul).

“Nós contamos com a compreensão do presidente Lula e de Bachelet e dada esta compreensão, a decisão da Colômbia é ingressar ao Conselho de Defesa”, afirmou.

No entanto, o presidente colombiano condicionou sua adesão a três aspectos: a tomada de decisões por consenso, a participação exclusiva das forças institucionais dos países membros e, por último, o “rechaço total aos grupos violentos”.

A última condição, que exigiria que todos os países condenassem as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), poderá ser um ponto controvertido entre os outros países membros do Conselho.

Uribe fez as declarações em entrevista coletiva ao lado de Lula e do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que, por sua vez, disse que o Conselho aceita as condições colocadas pelo presidente colombiano.

Proposto pelo Brasil, o Conselho Sul-Americano de Defesa seria responsável pela formulação de uma estratégia conjunta da região na área de defesa.

Farc

Uribe disse ainda que conta com o governo brasileiro para mediar um acordo de paz com as Farc, sempre e quando a guerrilha esteja disposta a negociar.

“Estou certo que no dia em que as Farc quiserem negociar de boa fé, todos nos apoiariam, começando pelo presidente Lula e todo o governo do Brasil”, disse.

“O Brasil é um país tão extenso, tão rico. Vocês vivem sem terroristas. Compreendam que queremos viver como como vocês, sem terrorismo”, acrescentou Uribe.

Durante a coletiva, chamado a comentar a decisão da Nicarágua de estalecer um diálogo com as Farc sem a autorização do governo da Colômbia, Lula respondeu que o Brasil somente participaria de um processo de negociação se fosse convidado por Uribe.

“O Brasil só moverá um dedo para fazer qualquer coisa se a Colômbia autorizar”, afirmou Lula.

Lula também defendeu a via institucional como o caminho para tomar o poder.

“Que as pessoas comecem a compreender que a forma mais fácil de chegar ao poder é disputar eleições, como eu, que perdi três vezes, até chegar à Presidência”, disse.

A viagem de Lula, que fica na Colômbia até domingo, acontece em um momento importante para Uribe do ponto de vista interno.

A Colômbia comemora neste domingo o seu Dia da Independência e a data deverá ser marcada com manifestações no país inteiro com pedidos de libertação dos reféns em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

A recente libertação da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, mantida refém pelas Farc durante seis anos, em uma operação do Exército colombiano, foi considerada uma vitória política para Uribe.

Ainda assim, analistas avaliam que o seu governo permanece isolado na América do Sul devido a sua proximidade com o governo dos Estados Unidos.

Indagado na entrevista coletiva sobre o seu terceiro mandato, Uribe disse que "não está de acordo com a perpetuação no poder" mas que "o preocupa" a continuidade da política de segurança democrática.

Acordos

A adesão da Colômbia ao Conselho Sul-americano de Defesa ocorre depois da assinatura de acordos de cooperação nas áreas de Defesa entre Brasil e Colômbia.

Um deles prevê a cooperação entre os Ministérios de Defesa dos dois países que prevê a promoção de venda e compra de armas e estabeleceria a realização de exercícios militares conjuntos.

O outro trata da cooperação no combate à fabricação e ao tráfico de armas, munições e explosivos.

Havia três acordos em negociação na área de defesa. O terceiro que trata do fortalecimento da segurança na área da fronteira amazônica entre Brasil, Colômbia e Peru será assinado neste domingo, em Letícia, por Lula, Uribe e pelo presidente do Peru, Alan Garcia.

O debate sobre a necessidade de reforçar a segurança nas fronteiras da América do Sul, em especial com a Colômbia, ganhou força depois do bombardeio realizado pelo Exército colombiano a um acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no Equador.

Fonte: BBC Brasil

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