"De modo geral, aprovamos os seis princípios do cessar-fogo e do acordo para a solução do conflito", disse Sarkozy.
Um dos principais pontos do plano indica que as todas as tropas devem retornar às áreas que estavam antes do início dos conflitos, na última quinta-feira.
O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, sugeriu que alguns detalhes acatados pela Rússia são inaceitáveis e disse que o documento precisa ser mais específico.
União Européia
Sarkozy, cujo país ocupa atualmente a Presidência rotativa da União Européia (UE), conversou com o presidente russo Dmitry Medvedev, em Moscou, na terça-feira, e com Saakashvili, na capital georgiana, Tbilisi.
O presidente francês realizou entrevistas coletivas conjuntas com Medvedev, e depois com Saakashvili, e os três líderes disseram que concordaram com um plano. Entre as propostas em discussão está o futuro status da Abecásia.
Apesar de pontos ainda pendentes, Sarkozy afirmou que o documento será examinado por ministros do Exterior da União Européia e membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Os ministros europeus estão reunidos em Bruxelas nesta quarta-feira para discutir o conflito entre a Rússia e a Geórgia e alguns pontos sobre o plano de paz, inclusive o possível envio de agentes de paz para garantir o cessar-fogo entre os dois países.
Sarkozy quer que os ministros endossem sua iniciativa de paz antes de submeter o plano ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Atividade militar
Na terça-feira, a Rússia anunciou que sua atividade militar na área foi concluída e testemunhas afirmam que viram soldados em retirada.
No entanto, o correspondente da BBC na Geórgia, Gabriel Gatehouse, afirmou que o conflito na Ossétia do Sul não parece ter acabado.
Mas apesar da diplomacia e aparente retirada militar, a retórica dos dois lados continua incendiária e analistas prevêem um longo caminho até se chegar à paz.
Segundo a correspondente da BBC em Moscou, Caroline Wyatt, a Rússia se manteve no controle durante o conflito e parece determinada a terminar a disputa com uma vitória militar e diplomática.
Ainda de acordo com Wyatt, o país demonstrou seu poder na região e as fraquezas dos países ocidentais, que não se mostraram dispostos a ajudar a Geórgia com nada além de palavras de apoio.
Rússia
Os combates começaram na noite de quinta-feira, quando a Geórgia enviou seu Exército para retomar o controle da Ossétia do Sul, uma região nominalmente parte da Geórgia, mas que, na realidade, é independente e onde há um grande número de habitantes com passaporte russo.
A Rússia enviou tropas à Ossétia do Sul e à Abecásia, uma outra província separatista georgiana. Cidades na Geórgia fora das duas regiões também foram bombardeadas.
Estima-se que cerca de 100 mil pessoas ficaram desabrigadas por causa do conflito.
Ao declarar esta quarta-feira como um dia de luto nacional, o presidente russo acusou a Geórgia de preparar o “genocídio do povo da Ossétia do Sul”.
Medvedev não deu informações sobre o número de vítimas do conflito na Ossétia do Sul, mas afirmou que são “muitas”.
O Exército russo afirma que 18 dos seus soldados foram mortos, 14 estão desaparecidos e 52 ficaram feridos.
O líder da Geórgia, por sua vez, disse em um comício em Tbilisi, na terça-feira, que a Rússia continua sua "destruição cruel" de cidadãos georgianos.
Dificuldades
Negociações de paz, contudo, podem ser dificultadas não apenas pela linguagem incendiária, mas também pela situação na região.
Rebeldes separatistas continuam a lutar contra tropas da Geórgia em Kodori Gorge, na Abecásia - a única área da Abecásia sob controle militar georgiano.
A Geórgia apresentou ainda várias queixas junto a organismos internacionais por causa das ações da Rússia - inclusive ao Tribunal Internacional de Justiça, alegando limpeza étnica.
Saakashvili disse no comício em Tbilisi que tropas de paz russas na Abecásia serão vistas agora como uma força de ocupação, pondo fim a um acordo vigente desde 1994.
O líder georgiano disse ainda que seu país vai deixar a Comunidade de Estados Independentes, organização formada após a desintegração da União Soviética que reúne boa parte dos ex-países soviéticos.Fonte: BBC Brasil
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