O pequeno Líbano desconcerta as pessoas de fora. Até mesmo as pessoas no Oriente Médio consideram sua política confusa.
Estabelecido pela França após a Primeira Guerra Mundial como um Estado predominantemente cristão, o Líbano agora é cerca de 60% muçulmano e 40% cristão.
O país tem 18 grupos religiosos reconhecidos oficialmente, e a divisão de poder entre eles sempre foi um jogo complicado.
Os muçulmanos libaneses tendem a olhar para o Oriente em busca de apoio de parte de outros Estados árabes e do Irã. Os cristãos tendem a olhar para o Ocidente, para a Europa e os Estados Unidos.
A proximidade do país de Israel – e a presença de um grande número de refugiados palestinos em seu território – significa que ele também está intimamente ligado à disputa árabe-israelense.
O Líbano já tem problemas próprios suficientes, mas também se tornou palco de muitos dos conflitos e rivalidades regionais.
Influência síria
O longo conflito que destruiu o país de 1975 a 1990 foi tanto uma guerra civil quanto uma guerra regional.
Ele deixou o Líbano fortemente sob o controle da Síria e com uma faixa ao sul de seu território ocupada por Israel como uma zona de proteção. Israel interveio repetidamente no Líbano para proteger sua fronteira norte.
A guerra civil também trouxe o Irã para combater Israel e apoiar os xiitas libaneses.
Em 1982 o Irã criou o Hezbollah, ou Partido de Deus, que evoluiu para se tornar uma peça importante da política libanesa e um importante aliado do Irã e da Síria.
As tropas israelenses se retiraram finalmente em 2000, e os sírios saíram em 2005.
Mas, enquanto a Síria não tem mais uma presença militar no país, ela manteve sua influência política por meio de seus laços com o Hezbollah.
Ofensiva israelense
Foi diante desse quadro de conflito e polarização que a guerra na fronteira entre o Líbano e Israel se desenrolou em julho de 2006.
A captura de dois soldados israelenses pelo Hezbollah provocou um mês de ataques israelenses.
As áreas nas quais o movimento xiita tem mais apoio – o sul do Líbano e os subúrbios ao sul de Beirute – sentiram o peso da ofensiva israelense.
Os ataques provocaram mortes em larga escala e destruição, mas não conseguiram assegurar a libertação dos soldados ou a derrota do Hezbollah.
O Hezbollah afirmou ter conseguido uma “vitória divina”.
Após a guerra, o país começou a tarefa de reconstrução física, mas ainda está atormentado por suas antigas divisões.
Balança de poder
As forças políticas e o governo são fortemente divididos em facções anti-Síria e pró-Síria.
O primeiro grupo é uma frágil aliança entre sunitas, cristãos e drusos (grupo religioso originário do islamismo) e tem o apoio dos Estados Unidos.
O segundo é essencialmente um agrupamento de xiitas dominado pelo Hezbollah, com o apoio da Síria e do Irã.
Simbolizando esta polarização está o fato de que tradicionamente o presidente é pró-Síria, e o primeiro-ministro, anti-Síria.
Mas esse equilíbrio é tão delicado que no final de 2007, quando um novo presidente deveria ser escolhido, o Parlamento do país não conseguiu chegar a um acordo e não conseguiu indicar um nome para o cargo. O processo paralisou a política do país e tem aprofundado ainda mais as divisões.
O Líbano está vivendo um dos momentos mais delicados de sua história desde o final da guerra civil.
O resultado da crise influenciará não somente o destino desse pequeno país, mas a balança de poder em todo o Oriente Médio.
Fonte: BBC Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário