O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, advertiu o seu colega russo, Dmitry Medvedev, nesta terça-feira, que sua "decisão irresponsável" está "exacerbando as tensões na região e complicando as negociações diplomáticas".
"Esta decisão é inconsistente com várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas em que a Rússia votou a favor no passado, e também é inconsistente com o acordo de cessar-fogo de seis pontos mediado pela França que o presidente Medvedev assinou", disse Bush em uma declaração.
"De acordo com as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas que estão em vigor, a Abecásia e a Ossétia do Sul estão dentro das fronteiras da Geórgia que são reconhecidas internacionalmente e elas precisam continuar assim."
A França, que ocupa a Presidência rotativa da União Européia, também condenou a decisão russa e pediu uma solução política para a crise.
"Nós achamos que isto é contra a integridade territorial da Geórgia e não podemos aceitar", disse o ministro do Exterior da França, Bernard Kouchner.
O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, a aliança de defesa ocidental), Jaap de Hoop Scheffer, disse que o anúncio russo é "uma violação direta" de várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a Geórgia, que a Rússia endossou.
Mais cedo, a Rússia havia cancelado uma visita de Hoop Scheffer ao país - uma de várias medidas para suspender a cooperação com a aliança.
Geórgia
A Geórgia disse que a Rússia está buscando "mudar as fronteiras da Europa à força".
O presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, acusou a Rússia de tentar "separar o Estado georgiano, minar os valores fundamentais da Geórgia e varrer a Geórgia do mapa".
Saakashvili disse que esta é uma "tentativa (da Rússia) de legalizar os resultados da limpeza étnica que os soldados russos estão continuando a cometer (...) e que foi cometida durante vários anos".
Mais cedo, o presidente russo, por sua vez, havia dito em entrevista à BBC que a Rússia foi obrigada a agir por causa do "genocídio" de separatistas promovido pela Geórgia.
Medvedev afirmou ainda que Moscou se sentiu obrigada a reconhecer a independência da Ossétia do Sul e da Abecásia assim como outros países fizeram em relação a Kosovo em meados deste ano.
Moscou acusa as autoridades georgianas de violência contra as populações da Ossétia do Sul e da Abecásia e apóia os rebeldes, comparando a situação à da ex-província de Kosovo, que se separou da Sérvia com o apoio dos Estados Unidos e de grande parte da União Européia.
O líder russo disse que as relações de seu país com o Ocidente estão se deteriorando muito e uma nova Guerra Fria não pode ser descartada, mas que a Rússia não quer que ela ocorra.
"Não há vitoriosos em uma Guerra Fria", disse Medvedev em entrevista exclusiva à repórter da BBC, Bridget Kendall, na cidade russa de Sochi.
Agradecimento
As autoridades separatistas na Abecásia e Ossétia do Sul, que têm gozado de independência, na prática, desde meados da década de 90, agradeceram à Rússia o reconhecimento dado nesta terça-feira.
Os combates entre Rússia e Geórgia começaram no dia 7 de agosto, depois que militares georgianos tentaram retomar a Ossétia do Sul.
Tropas russas lançaram um contra-ataque e o conflito terminou com a expulsão de soldados georgianos das duas regiões separatistas e um cessar-fogo mediado pela União Européia.
'Vontade dos povos'
Em pronunciamento na TV russa, o presidente Medvedev disse que assinou um decreto reconhecendo a Abecásia e a Ossétia do Sul como Estados independentes e pediu a outros Estados que sigam o seu exemplo.
Medvedev disse que levou em conta "a expressão da vontade dos povos" das duas regiões e acusou a Geórgia de ter deixado passar muitos anos sem ter negociado uma solução pacífica.
Fonte: BBC Brasil
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