Mudanças de cenário econômico limitaram a rentabilidade dos ganhos.
Apesar disso, potencial de crescimento e lucros ainda é grande.
Houve um tempo em que o Brasil era o "mundo dos sonhos" para um banco interessado em acumular lucros bilionários e crescentes: com pouco esforço e aplicações em títulos públicos que remuneravam com juros altíssimos, as instituições financeiras não precisavam de muita criatividade para ver os cifrões de seu patrimônio multiplicarem-se.
Segundo economistas ouvidos pelo G1, a realidade agora é diferente: para garantir a expansão dos negócios, os bancos terão que apostar na sofisticação dos produtos e em benefícios para o consumidor.
"Até um tempo atrás, abrir um banco no Brasil era um bom negócio, mas por razões erradas, que tinham a ver com inflação elevada e taxas de juros muito altas, que favoreciam tesouraria (compra de títulos)", diz o professor da FEA/USP e consultor da Tendências, Márcio Nakane. "Era muito rentável, mas as fontes de rendimento dos bancos não necessariamente estavam casadas com o que era de interesse no país", explica.
Vacas 'menos gordas'
Recentemente, o cenário mudou: o aumento no custo de captação, as alterações nas regras do Banco Central (BC) para as tarifas e a crise financeira internacional limitaram as possibilidades de ganhos nos moldes antigos.
No primeiro semestre, embora tenham continuado a apresentar lucros bilionários e crescentes, a rentabilidade de alguns dos principais bancos foi menor do que há um ano. O retorno sobre o patrimônio líquido médio (que mede a rentabilidade do dinheiro próprio investido na empresa) do Bradesco ficou em 25,8%, três pontos porcentuais menor que o de igual período de 2007.
No Itaú, a queda foi idêntica, para 27,5%. O Banco Real também amargou redução de 25,4% para 17,1%. Na contramão, ficaram apenas o Banco do Brasil (ficou em 34%, contra 24,3%) e o Unibanco (praticamente estável em 25,9%).
Menos tarifas
Um dos fatores que mais influencia os resultados é a queda nas receitas com tarifas. Desde o fim de abril, o BC limitou a cobrança dessas taxas. Entre outras regras, foi proibida a incidência de taxas na abertura de crédito e na liquidação antecipada de operações. A mudança tocou em um ponto sensível do resultado financeiros dos bancos, que desde o Plano Real era uma das principais fontes de dinheiro do setor.
"Não quer dizer que isso (a queda na rentabilidade) vá prevalecer. Agora que os bancos vão oferecer pacotes isentos para as contas simples, eles vão focar em serviços e produtos para a alta renda, buscar captação de novos clientes", diz o diretor de relações com empresas da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Abimec), Ricardo Tadeu.
Futuro promissor
Os economistas consultados pelo G1 foram unânimes em prever que as perspectivas para o setor bancário no Brasil ainda são, ainda assim, muito boas.
"O potencial de crescimento da base de clientes é muito grande. Existe quase um outro mercado em quantidade de pessoas não-bancarizadas que está fora do mercado", diz o professor de finanças do Ibmec São Paulo, Domingos Rodrigues Pandeló Júnior.
Na avaliação do economista Márcio Nakane, um dos setores que tende a crescer, por exemplo, é o setor de crédito para habitação, que ainda tem pouca participação dos bancos privados. Segundo ele, a nova fase da relação entre bancos e consumidor deve ser mais favorável para os clientes.
"Daqui para frente esse casamento vai ser melhor. Nós vamos vendo bancos ganhando dinheiro, mas cada vez mais vamos perceber que tem uma contrapartida", afirma.
Fonte: G1
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