terça-feira, 19 de agosto de 2008

Rússia abre frente na 'guerra da informação' contra Geórgia

A Rússia abriu outra frente de combate contra a Geórgia no conflito que opõe os dois países: a guerra da informação.

O Ministério da Emergência russo passou a se encarregar de prover comunicação eletrônica para a província separatista da Ossétia do Sul, que conta com a simpatia russa em sua reclamação por independência de Tbilisi.

O Ministério já anunciou que empresas russas vão fornecer, em caráter de urgência, uma rede de telefonia celular conectada ao sistema interno da Rússia – e não da Geórgia.

Nesta sexta-feira, canais de televisão controlados pelo Estado russo devem iniciar as transmissões para a região através de antenas instaladas às pressas. Jornais russos também já começam a circular na província separatista.

O repórter da BBC Steven Eke diz que essas medidas se aliam a outras também importantes, como a abertura de agências do banco estatal de poupança da Rússia para distribuir ajuda à população osseta.

Steven Eke observou que a ampliação da presença russa na Ossétia do Sul não enfrenta oposições políticas, pois os líderes separatistas da província já têm laços fortes com o governo do vizinho maior.

Para o repórter, as medidas parecem indicar que a Rússia está se mobilizando para tornar sua presença "permanente" na província separatista.

Ocupação militar

Na frente militar, as Forças Armadas da Rússia continuaram a ocupar áreas dentro da Geórgia nesta sexta-feira, enquanto representantes dos dois países negociam um acordo de cessar-fogo que obrigaria as tropas a retornarem à posição de antes do conflito.

Segundo a agência russa Itar-Tass, as tropas da Geórgia já se retiraram completamente dos desfiladeiros de Kodori, na província separatista da Abecásia.

Em uma entrevista coletiva, o vice-chefe de Estado Maior russo, Anatoly Nogovitsyn, disse que suas tropas encontraram na cidade georgiana de Senaki, a cerca de 30 quilômetros da costa do Mar Negro, um "grande arsenal" de armas fabricadas nos Estados Unidos, incluindo centenas de rifles de assalto e lançadores de granadas.

Uma coluna de veículos armados e artilharia do Exército russo foi vista em movimentação pela cidade.

Nogovitsyn disse, entretanto, que a visão russa do episódio não é militar, e que as negociações diplomáticas têm prioridade.

Na cidade portuária de Poti, o repórter da BBC Richard Galpin contou ter visto tropas russas tomarem conta do porto, o maior do país, e destruído pelo menos seis navios militares georgianos.

Segundo o repórter, um tanque e nove caminhões militares com a insígnia de missão de paz, além de barcos militares e helicópteros russos, pareciam conduzir operações para desmantelar a infra-estrutura militar georgiana – ou a "capacidade georgiana de agressão", como qualificou a Rússia no início desta semana.

Computadores e equipamentos de navegação são levados dos navios ou destruídos, disse o repórter.

No centro do país, prosseguem as negociações para um possível patrulhamento conjunto da estratégica cidade de Gori, fora da Ossétia do Sul e a 70 km da capital georgiana, Tbilisi.

Hoje totalmente sob o controle de forças russas, Gori poderia ser devolvida à polícia da Geórgia, mas as reuniões não alcançaram resultado até agora. A Rússia diz que a permanência das suas tropas na cidade é necessária para manter a lei e a ordem.

Anatoly Nogovitsyn disse que a Rússia está levando 120 diplomatas e jornalistas a Gori para comprovar que "armas pesadas não foram usadas" nos combates na cidade.

Fonte: BBC Brasil

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