Rice, que se encontrou em Tbilisi, capital da Geórgia, com o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, questionou o papel que a Rússia pretende desempenhar na política internacional.
"Nossa tarefa mais urgente hoje é a retirada imediata das forças armadas russas e o retorno dessas forças para a Rússia", afirmou Condoleezza Rice, em uma entrevista coletiva. "Precisamos de observadores internacionais neutros."
Em um discurso duro, assim como outro, feito horas antes pelo presidente americano, George W. Bush, ela reiterou o apoio americano à Geórgia e disse que a invasão russa terá "profundas implicações para a paz e a segurança" no mundo.
"Temos de iniciar uma discussão sobre as conseqüências do que a Rússia fez. O presidente Bush se expressou muito bem quando disse que os russos buscaram integração em fóruns políticos, diplomáticos e econômicos, e que isto levanta a questão sobre qual papel a Rússia quer desempenhar realmente na política internacional", afirmou."(Nós, os Estados Unidos), apoiamos a soberania da Geórgia, apoiamos sua independência, apoiamos sua integridade territorial, apoiamos sua democracia e seu governo democraticamente eleito. Esta é a posição dos Estados Unidos e em minhas discussões com meus colegas europeus é também a posição dos europeus."
Durante uma reunião nesta sexta-feira com a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente russo, Dmitry Medvedev, ressaltou que “apenas a Rússia pode garantir os interesses e vidas dos que vivem nas regiões separatistas da Ossétia do Sul e Abecásia”.
O presidente russo ainda disse que não pretende abalar suas relações com outros países, mas que a Rússia precisa cumprir com seu mandato de paz nas regiões separatistas.
Saakashvili
No encontro de quatro horas com Rice, Saakashvili assinou o plano de paz de seis pontos proposto pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, que hoje encabeça a Presidência rotativa da União Européia.
O presidente disse que o acordo não é "uma solução permanente" para o conflito.
"Tenho de especificar que este não é um acordo de cessar-fogo, não é uma solução final. Estamos sob invasão russa e ocupação russa neste momento. E queremos encerrar a invasão e ocupação russa", disse o presidente georgiano.
"Devemos avançar deste arranjo temporário para uma genuína força internacional de paz em substituição aos ocupantes e àqueles que querem problemas."
"Hoje estamos encarando o diabo diretamente nos olhos. E hoje o diabo é muito forte, muito mau e muito perigoso", disse Saakashvili, em referência à Rússia.
"Vamos reconstruir (o que foi destruído), queremos (os russos) fora. Quero que o mundo saiba que a Geórgia nunca vai admitir a ocupação de um só quilômetro quadrado de seu território soberano, nunca."
Ele criticou também "alguns membros" da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que em abril deste ano recusaram o início da adesão georgiana à aliança militar – um fator com potencial de dissuadir uma intervenção militar como a atual.
"Não apenas eles (esses membros) nos negaram o plano de ação mas disseram ao mundo especificamente que estavam negando por conta de conflitos territoriais existentes na Geórgia, basicamente convidando à confusão."
Incursão
Mas, apesar das críticas, as tropas russas continuaram sua incursão pela Geórgia nesta sexta-feira.
Há informações de que cinco caminhões russos montaram um posto de checagem na cidade de Kaspi, a apenas 35 km da capital da Geórgia, Tbilisi.
A repórter da BBC em Tbilisi, Natália Antelava, disse que conversou com jornalistas estrangeiros que testemunharam a montagem do posto.
Os russos continuam controlando a cidade estratégica de Gori, fora da Ossétia do Sul e a 70 km da capital georgiana, Tbilisi, depois que uma tentativa de patrulhamento conjunto com a polícia georgiana fracassou.
Os russos dizem que já começaram a devolver o controle de Gori à polícia da Geórgia, mas insistem que a permanência das suas tropas na cidade é necessária para manter a lei e a ordem.
Na cidade portuária de Poti, o repórter da BBC Richard Galpin contou ter visto tropas russas tomarem conta do porto, o maior do país, e destruído pelo menos seis navios militares georgianos.Fonte: BBC Brasil
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