A medida de pressão, que será adotada nos quatro Departamentos que exigem autonomia – Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando – e em Chuquisaca, elevou a tensão no país.
O governo enviou reforços policiais para as regiões e colocou pessoal militar em instituições estatais para evitar que sejam ocupadas.
Dirigentes empresariais, líderes da sociedade civil e os prefeitos (governadores) da oposição exigem que o governo volte atrás na decisão de cortar repasses da receita obtida com a exploração de hidrocarbonetos, que passaram a financiar um programa de auxílio a maiores de 60 anos.
Segundo eles, grupos de controle e bloqueios de estradas serão adotados para garantir o sucesso da greve.
Acusações e esclarecimentos
O governo acusa a oposição de preparar atos violentos para esta terça-feira. O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, comparou a greve com o início da preparação para o golpe de 19 de agosto de 1971 pelo general Hugo Banzer.
"Devo manifestar nossa profunda preocupação pela estranha coincidência de se decretar uma greve cívica que contém cinismo, violência e provocação na mesma data em que na Bolívia se completam exatos 37 anos do início do golpe militar mais violento (da história do país)", disse Quintana.
"Referimo-nos ao dia 19 de agosto de 1971, quando o coronel Hugo Banzer, com organizações e instituições de Santa Cruz, levou adiante um golpe militar violento."
O presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz, Branko Marinkovic, rejeitou as acusações do governo e disse que "a greve será pacífica, tranqüila, não será uma tomada das instituições".
Santa Cruz viveu dias tensos desde a sexta-feira da semana passada, quando a polícia desalojou um protesto de deficientes físicos que reclamavam o pagamento de um benefício anual.
Após estes ocorridos, a União Juvenil de Santa Cruz, um grupo de choque do Comitê Cívico, tentou tomar à força o comando da Polícia do Departamento.
Empate complicado
Após o episódio, que deixou mais de 20 feridos, o prefeito (governador) do Departamento, Rubén Costas, pediu o controle da polícia regional, algo que o governo não está disposto a ceder.
Em vez disso, o governo enviou reforços de segurança para as regiões opositoras para evitar possíveis atos violentos.
Após o referendo revogatório que confirmou o mandato do presidente Morales e dos principais prefeitos da oposição, os dois lados tentaram iniciar um diálogo que esbarrou na polêmica em torno do corte de repasses aos governos regionais.
No referendo, Morales venceu em seis das nove regiões e a oposição conseguiu ratificar quatro de seis prefeitos - de forma que todos se declararam vencedores e ninguém está disposto a ceder para resolver a crise política do país.
Fonte: BBC Brasil
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