segunda-feira, 8 de junho de 2009

Partido anti-imigração britânico conquista cadeiras no Parlamento Europeu

O Partido Trabalhista, do governo britânico, sofreu sua maior derrota do período pós-guerra, ficando em terceiro lugar no Reino Unido, atrás dos Conservadores e do UKIP - o Partido Independente, que defende a saída da Grã-Bretanha da União Europeia.

O resultado aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, que enfrenta uma série de críticas dentro do próprio partido - com a recente renúncia de ministros de seu gabinete e pedidos para que deixe o cargo.

Os trabalhistas obtiveram 15,3% dos votos para o Parlamento Europeu - sete pontos percentuais a menos do que nas últimas eleições, um resultado ainda pior do que o esperado pelo partido. Os conservadores ficaram em primeiro lugar com 28,6%, e o UKIP obteve 17,4% dos votos.

Resposta dos eleitores

O sucesso inesperado do BNP nas eleições foi classificado como "triste" para a política britânica, tanto por conservadores como pelos trabalhistas, que tiveram sua imagem bastante arranhada pelo recente escândalo do reembolso de gastos pessoais de deputados.

"O BNP é o maior voto de protesto", disse o ministro da Saúde, Andy Burnham. "É como fazer um gesto obsceno à elite governante. Acredito que seja, em grande parte, um comentário sobre a política em Westminster (sede do Parlamento britânico)".

Segundo o presidente do Partido Conservador, Eric Pickles, o BNP conseguiu eleger seus primeiros representantes para o Parlamento Europeu por causa da fraqueza do Partido Trabalhista.

"O que ocorreu, essencialmente, foi um recuo, particularmente do Partido Trabalhista, mas não conseguimos preencher este vácuo", disse Pickles.

"Foi uma derrota muito, muito ruim para a gente", disse à BBC a vice-líder do Partido Trabalhista, Harriet Harman.

Ela atribuiu o mau resultado ao escândalo do reembolso de despesas dos parlamentares britânicos, afirmando que os trabalhistas foram mais afetados do que os conservadores porque "as pessoas esperam mais da gente do que dos conservadores".

Já o líder do BNP, Nick Griffin, disse em seu discurso de vitória que está "absolutamente satisfeito", acrescentando que "será uma grande mudança para a política britânica".

"O partido mais demonizado e sobre o qual mais falam mentiras na política britânica obteve um avanço enorme. O público disse o que queria numa eleição democrática e devemos respeitar o resultado", disse Griffin.

Vitória da centro-direita

Os partidos de centro-direita obtiveram clara vitória na França, Alemanha, Itália e Polônia, fortalecendo sua posição como o maior bloco do Parlamento. Em contraste, os partidos de centro-esquerda no governo da Grã-Bretanha, Espanha e Portugal tiveram um resultado ruim.

A exemplo do que ocorreu com o BNP na Grã-Bretanha, partidos extremistas de direita tiveram um bom desempenho em vários países.

Na Holanda, o partido euro-cético e anti-imigração do controverso político Geert Wilders ficou em segundo lugar.

Na Áustria, o partido de extrema-direita Freedom Party recebeu o dobro de votos em comparação com as eleições de 2009.

Outros partidos pequenos, como o Partido Verde, também obtiveram resultados melhores em comparação a 2009. O Partido Pirata, da Suécia, que defende a legalização de sites para a troca de arquivos na internet, obteve 7% dos votos no país, e uma das 18 cadeiras da Suécia no Parlamento.

O comparecimento às urnas ficou em 43% - o mais baixo da história do Parlamento.

A expectativa é de que o Partido do Povo Europeu (EPP, na sigla em inglês), mantenha o controle do Parlamento, tendo conquistado 265 das 736 cadeiras.

José Manuel Durão Barroso, que deve permanecer na presidência da Comissão Europeia com a vitória da centro-direita, agradeceu os eleitores e garantiu que suas vozes serão ouvidas.

"Ao todo, os resultados são uma vitória inegável desses partidos e candidatos que apoiam o projeto europeu e querem ver a União Europeia preparando políticas que respondam às suas preocupações diárias", disse Durão Barroso.

"É uma noite triste para a social democracia na Europa. Nós estamos particularmente decepcionados, (é uma) noite amarga para a gente", disse o líder do bloco socialista, Martin Schulz.

O Parlamento Europeu é o único órgão da União Europeia eleito diretamente. Seu trabalho é debater, apresentar emendas, rejeitar ou aprovar as leis propostas pelo órgão executivo da EU, a Comissão Europeia. Seu mandato é de cinco anos.

Esta foi a maior eleição trans-nacional já realizada. Ao todo, 375 eleitores estavam habilitados a votar em 27 países.

Fonte: BBC Brasil

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