domingo, 28 de junho de 2009

Entenda o que está em jogo nas eleições legislativas na Argentina

Mais de 27 milhões de eleitores argentinos vão às urnas neste domingo para renovar parcialmente as cadeiras do Congresso Nacional.

Esse pleito é considerado uma espécie de termômetro para as eleições presidenciais, indicando tendências e candidatos favoritos. A próxima eleição presidencial na Argentina está prevista para 2011.

Entenda aqui o processo eleitoral para o Legislativo na Argentina e a importância do pleito para a política do país.

Qual a importância desta eleição legislativa?

A eleição legislativa definirá a nova distribuição das cadeiras de deputados e senadores no Congresso Nacional. Se os candidatos do governo atual da presidente Cristina Kirchner vencerem, será mantida a maioria do Executivo nas duas casas.

No entanto, se eles perderem, a expectativa é de que o governo tenha que passar a negociar seus projetos com a oposição. Até agora, o debate entre o atual governo e a oposição foi nulo, e as medidas propostas pela Presidência foram aceitas sem a influência da oposição no Parlamento.

Quais os principais temas discutidos nesta campanha?

Os candidatos do governo defenderam a atual gestão e as medidas adotadas desde que o ex-presidente Nestor Kirchner chegou ao poder, em 2003, e foram mantidas na administração atual de Cristina Kirchner.

Entre essas medidas estão as reestatizações, como a da companhia aérea Aerolíneas Argentinas. Outros assuntos em destaque são a segurança pública, o combate ao tráfico de drogas e as relações internacionais da Argentina.

Com que frequência as eleições legislativas são realizadas?

As eleições legislativas na Argentina são realizadas a cada quatro anos e sempre dois anos após iniciado o mandato presidencial no país.

Justamente por ser realizado na metade da gestão presidencial, esse pleito é considerado um teste popular ou uma espécie de plebiscito ao governo em questão.

A eleição é vista ainda como um termômetro para os possíveis futuros candidatos presidenciais – neste caso, para as eleições marcadas para 2011. Na opinião de analistas, a derrota dos candidatos governistas nas eleições legislativas, pode provocar um desgaste mais acelerado do governo em vigor no país.

Diferentes pesquisas de opinião indicam que a presidente Cristina Kirchner enfrenta uma fase de baixo apoio popular. O mandato de Cristina começou em 2007 e terminará em 2011.

O que os eleitores votam nesta eleição?

Os eleitores dos 24 distritos do país (23 províncias e a capital, a cidade de Buenos Aires) votarão para renovar metade das cadeiras da Câmara dos Deputados e um terço do Senado.

Do total de 257 cadeiras de deputados, 127 serão renovadas. Os deputados têm quatro anos de mandato. O Senado possui 72 cadeiras, e a votação definirá a renovação de 24 delas. O senadores têm seis anos de mandato e em cada eleição somente oito dos 24 distritos votam para eleger esses parlamentares.

Qual o sistema eleitoral argentino?

O cientista político Pablo Secchi, da ONG Poder Ciudadano, define o modelo argentino como um sistema de proporcionalidade – conhecido como sistema D’Hont.

O objetivo é que todos os partidos e forças políticas tenham representação no Congresso Nacional. Trata-se de um sistema de listas em que o candidato ou a chapa mais votada terá maior número de cadeiras no Parlamento.

As pessoas costumam votar no líder da chapa e esse elege, com seus votos, os demais nomes da lista.

No caso das eleições deste domingo, pesquisas de opinião indicam que nenhuma força deverá ter a maioria absoluta, apesar da polarização.

Como é a votação? Por que as atenções ficam concentradas na província de Buenos Aires e na cidade de Buenos Aires e não em todo o país?

A província de Buenos Aires é o maior distrito eleitoral do país e, junto com a cidade de Buenos Aires, define uma eleição, seja ela legislativa ou presidencial na Argentina.

Dos quase 28 milhões de eleitores, cerca de 38% (aproximadamente 10 milhões) vivem na província de Buenos Aires, que vai eleger 35 deputados.

Já a capital conta com 2,5 milhões de eleitores, número menor do que o total de outras províncias, mas historicamente costuma antecipar a tendência de voto dos argentinos.

A cidade vai eleger 13 deputados. Nesta eleição, respeitando o sistema de rotatividade, a província e a cidade de Buenos Aires não elegem senadores.

Quem são os principais candidatos nesta eleição legislativa?

O ex-presidente argentino Nestor Kirchner, que governou o país entre 2003 e 2007, é o principal candidato do governo nas eleições.

Kirchner é presidente do Partido Justicialista e da Frente Justicialista para a Vitória, um braço do peronismo, e marido da presidente Cristina Kirchner. Ele é candidato a deputado pela província de Buenos Aires, a maior do país.

O principal opositor de Kirchner é o candidato Francisco de Narváez, da aliança União-PRO. Crítico do governo de Cristina, Narváez é empresário e se tornou a principal surpresa nesta disputa eleitoral, já que de último colocado nas pesquisas passou a concorrer com Kirchner.

Na cidade de Buenos Aires, a principal candidata é Gabriela Michetti, do PRO, aliada do prefeito Maurício Macri e opositora do casal Kirchner. A corrida pelo segundo lugar está embolada, com empate técnico entre os outros três candidatos.

Fonte: BBC Brasil

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