Esse pleito é considerado uma espécie de termômetro para as eleições presidenciais, indicando tendências e candidatos favoritos. A próxima eleição presidencial na Argentina está prevista para 2011.
Entenda aqui o processo eleitoral para o Legislativo na Argentina e a importância do pleito para a política do país.
Qual a importância desta eleição legislativa?
A eleição legislativa definirá a nova distribuição das cadeiras de deputados e senadores no Congresso Nacional. Se os candidatos do governo atual da presidente Cristina Kirchner vencerem, será mantida a maioria do Executivo nas duas casas.
No entanto, se eles perderem, a expectativa é de que o governo tenha que passar a negociar seus projetos com a oposição. Até agora, o debate entre o atual governo e a oposição foi nulo, e as medidas propostas pela Presidência foram aceitas sem a influência da oposição no Parlamento.
Quais os principais temas discutidos nesta campanha?
Os candidatos do governo defenderam a atual gestão e as medidas adotadas desde que o ex-presidente Nestor Kirchner chegou ao poder, em 2003, e foram mantidas na administração atual de Cristina Kirchner.
Entre essas medidas estão as reestatizações, como a da companhia aérea Aerolíneas Argentinas. Outros assuntos em destaque são a segurança pública, o combate ao tráfico de drogas e as relações internacionais da Argentina.
Com que frequência as eleições legislativas são realizadas?
As eleições legislativas na Argentina são realizadas a cada quatro anos e sempre dois anos após iniciado o mandato presidencial no país.
Justamente por ser realizado na metade da gestão presidencial, esse pleito é considerado um teste popular ou uma espécie de plebiscito ao governo em questão.
A eleição é vista ainda como um termômetro para os possíveis futuros candidatos presidenciais – neste caso, para as eleições marcadas para 2011. Na opinião de analistas, a derrota dos candidatos governistas nas eleições legislativas, pode provocar um desgaste mais acelerado do governo em vigor no país.
Diferentes pesquisas de opinião indicam que a presidente Cristina Kirchner enfrenta uma fase de baixo apoio popular. O mandato de Cristina começou em 2007 e terminará em 2011.
O que os eleitores votam nesta eleição?
Os eleitores dos 24 distritos do país (23 províncias e a capital, a cidade de Buenos Aires) votarão para renovar metade das cadeiras da Câmara dos Deputados e um terço do Senado.
Do total de 257 cadeiras de deputados, 127 serão renovadas. Os deputados têm quatro anos de mandato. O Senado possui 72 cadeiras, e a votação definirá a renovação de 24 delas. O senadores têm seis anos de mandato e em cada eleição somente oito dos 24 distritos votam para eleger esses parlamentares.
Qual o sistema eleitoral argentino?
O cientista político Pablo Secchi, da ONG Poder Ciudadano, define o modelo argentino como um sistema de proporcionalidade – conhecido como sistema D’Hont.
O objetivo é que todos os partidos e forças políticas tenham representação no Congresso Nacional. Trata-se de um sistema de listas em que o candidato ou a chapa mais votada terá maior número de cadeiras no Parlamento.
As pessoas costumam votar no líder da chapa e esse elege, com seus votos, os demais nomes da lista.
No caso das eleições deste domingo, pesquisas de opinião indicam que nenhuma força deverá ter a maioria absoluta, apesar da polarização.
Como é a votação? Por que as atenções ficam concentradas na província de Buenos Aires e na cidade de Buenos Aires e não em todo o país?
A província de Buenos Aires é o maior distrito eleitoral do país e, junto com a cidade de Buenos Aires, define uma eleição, seja ela legislativa ou presidencial na Argentina.
Dos quase 28 milhões de eleitores, cerca de 38% (aproximadamente 10 milhões) vivem na província de Buenos Aires, que vai eleger 35 deputados.
Já a capital conta com 2,5 milhões de eleitores, número menor do que o total de outras províncias, mas historicamente costuma antecipar a tendência de voto dos argentinos.
A cidade vai eleger 13 deputados. Nesta eleição, respeitando o sistema de rotatividade, a província e a cidade de Buenos Aires não elegem senadores.
Quem são os principais candidatos nesta eleição legislativa?
O ex-presidente argentino Nestor Kirchner, que governou o país entre 2003 e 2007, é o principal candidato do governo nas eleições.
Kirchner é presidente do Partido Justicialista e da Frente Justicialista para a Vitória, um braço do peronismo, e marido da presidente Cristina Kirchner. Ele é candidato a deputado pela província de Buenos Aires, a maior do país.
O principal opositor de Kirchner é o candidato Francisco de Narváez, da aliança União-PRO. Crítico do governo de Cristina, Narváez é empresário e se tornou a principal surpresa nesta disputa eleitoral, já que de último colocado nas pesquisas passou a concorrer com Kirchner.
Na cidade de Buenos Aires, a principal candidata é Gabriela Michetti, do PRO, aliada do prefeito Maurício Macri e opositora do casal Kirchner. A corrida pelo segundo lugar está embolada, com empate técnico entre os outros três candidatos.
Fonte: BBC Brasil
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