de defesa do meio ambiente das mais influentes na Índia. Esse economista indiano de 48 anos decidiu convencer os Estados da federação a adotar uma "contabilidade verde" para conduzir políticas de desenvolvimento que respeitem o meio ambiente. Foi sem dúvida o que fez diferença no momento de escolher o perfil ideal para dirigir o estudo mundial sobre "a economia dos sistemas ecológicos e da biodiversidade" encomendado pela União Européia.Depois do relatório de Nicholas Stern em 2006 sobre os custos da mudança climática, Pavan Sukhdev foi encarregado de esclarecer a comunidade internacional sobre a outra face da crise ecológica. Seu relatório final é esperado para 2010.
Le Monde - Por que se tornou urgente dar um preço aos ecossistemas do planeta?
Pavan Sukhdev - Existe urgência porque nosso capital natural desaparece em um ritmo incompatível com o desenvolvimento sustentável. Nosso bem-estar e nossa saúde dependem estreitamente da qualidade dos ecossistemas dos quais hoje desfrutamos, em geral, gratuitamente. Os primeiros resultados de nossas pesquisas mostram que se não fizermos nada para corrigir a tendência atual 11% dos espaços naturais estarão destruídos até 2050 devido à urbanização ou à conversão em terras agrícolas.
Não se trata de frear o desenvolvimento a que diversos países aspiram, mas devemos ter consciência das conseqüências de certas opções. O custo do desmatamento não se limita às perdas de receitas da exploração florestal. Acrescentando o desaparecimento dos recursos genéticos explorados pela medicina e o papel crucial que a floresta tem na regulação do clima, na distribuição de água, na prevenção das inundações e da erosão... o custo chega a centenas de bilhões de dólares. É preciso dar um preço à natureza para poder protegê-la.
LM - Que serviços ecológicos é preciso proteger com prioridade?
Sukhdev - As florestas, sem hesitação! Sua preservação é vital para o futuro da agricultura e, portanto, para alimentar a humanidade. As florestas, repito, têm um papel importante na regulação da água disponível. Para um agricultor pobre, a presença de água regular durante vários meses do ano faz toda a diferença, pois ele pode fazer duas colheitas. É um cálculo errado pensar que cortando árvores para criar campos um país vai aumentar suas capacidades agrícolas. O Haiti destruiu sua floresta e depois de alguns anos 40% de suas terras produtivas desapareceram, corroídas pela alternância de episódios de seca e de inundação. O problema é que nenhum tomador de decisão público conhece o preço da floresta. Queremos suprir essa lacuna.
LM - É realista imaginar conter a "antropização" dos espaços naturais?
Sukhdev - O objetivo do desenvolvimento é a eliminação da pobreza, mas a maioria dos pobres vive na proximidade de zonas de forte concentração de biodiversidade. Pelo simples motivo de que dali retiram seus meios de subsistência, ali coletam seu alimento, o combustível para se aquecer e cozinhar, seus medicamentos. Essa economia da coleta é a dos pobres, assim como a da agricultura de subsistência. Ela está diretamente ameaçada pela degradação dos recursos naturais.
A maior pergunta a que a comunidade internacional deve responder é "O que vamos fazer com 1,5 bilhão de pobres que vivem dessa ligação estreita com a natureza?" É preciso parar de sonhar, imaginando que a industrialização é a solução. Os grandes setores industriais - automobilístico, siderúrgico, informática - fornecem no máximo alguns milhões de empregos. Precisamos inventar uma nova economia na qual o capital natural será um valor que deve ser remunerado. É assim que podemos tentar melhorar o destino dos mais desprovidos, ao mesmo tempo salvaguardando o planeta.
LM - Como integrar esses serviços ecológicos em nossas equações econômicas?
Sukhdev - Existem soluções muito diferentes. No Panamá, o desaparecimento das florestas provocou uma falta d'água crônica no canal. As companhias de seguros e os armadores - afetados por esse revés - se reuniram para financiar em 25 anos um programa de reflorestamento. Na Costa Rica o governo adotou um imposto sobre os combustíveis para financiar diversos serviços ecológicos. As receitas beneficiam diretamente as comunidades locais. Nos EUA a legislação protege as zonas úmidas, e as empresas cujas infra-estruturas poluem esses espaços devem comprar "créditos ambientais" junto a bancos especializados. Esses créditos servem para financiar projetos de restauração dos meios naturais.
No âmbito das negociações sobre o clima, a comunidade internacional reflete sobre um mecanismo global para preservar as florestas tropicais. Se esse mecanismo, batizado de REDD ("reduzir as emissões devidas ao desflorestamento e à degradação do ecossistema"), vingar, teremos criado um poderoso instrumento para combater o aquecimento climático e o desaparecimento da biodiversidade.
Fonte: Le Monde
Nenhum comentário:
Postar um comentário