terça-feira, 21 de abril de 2009

Arquiteto espanhol apresenta casa ecológica com teto-jardim

Córrego era coberto por estrutura semelhante ao Minhocão paulistano.
Seminário irá discutir nesta terça soluções para os rios de SP.



Na série de reportagens especiais sobre o futuro dos rios de São Paulo, a reportagem viajou até Seul, na Coreia do Sul, para conhecer de perto a experiência de salvar um córrego e um rio tão poluídos quanto o Rio Tietê. Os dois eram cobertos por uma avenida e por um viaduto e viraram motivo de orgulho.

Conhecer o Cheong Gye, em Seul, é um programa obrigatório para estrangeiros que chegam ao país. Os estudantes são de Cingapura, uma próspera ilha do sudeste asiático. Eles conhecem bem o que é desenvolvimento econômico e ficaram surpresos com o que viram no córrego.

Soleiman Dias vive em Seul há 8 anos, fundou a associação Brasil-Coréia e acompanhou as discussões para a transformação do córrego.

“Imagina que tinha uma estrada como qualquer outra. Eram quatro faixas apenas para carros, tudo parecido com o minhocão de São Paulo. E era uma idéia talvez absurda de alguém querer destruir essa estrada e transformar em um córrego. É a revolução do pensamento de aproveitamento de espaço urbano hoje em dia, né?”, diz Soleiman.

Imagens cedidas pela prefeitura de Seul mostram como tudo começou. A idéia foi do então prefeito Lee Myung Back. Em uma só administração, ele idealizou a reforma e executou o projeto. Ele ganhou tanta projeção que hoje é o presidente da república.

Entre 2003 e 2005, o minhocão foi destruído. O tampão de 40 anos foi arrancado, e parte do córrego, que tem pouco mais de 5 km de extensão, restaurada.

A água cheia de vida chama logo a atenção. Ela corre rapidamente, é transparente, translúcida. Dá para ver que ela é cristalina e todo mundo pode ir de uma margem a outra do córrego sem nenhuma dificuldade e com segurança.

Mas a idéia de diminuir o cinza a favor do verde não agradou todo mundo. “A população foi contra, como alguns que utilizavam essa via. Eu mesmo utilizava essa via várias vezes. Inicialmente, foi tão revolucionário, a idéia era tão absurda, que muita gente foi contra”, diz Soleiman.

O comércio popular na região do córrego é muito parecido com o da Rua 25 de Março, na região central de São Paulo. Na época das obras, os comerciantes sofreram muito e houve protestos.

O atual assistente do prefeito de Seul para assuntos de infra-estrutura foi quem coordenou o projeto. Ele diz que, quando a idéia foi lançada, a prefeitura fez mais de mil reuniões com representantes da comunidade para explicar o que seria feito.

O senhor Lee conta que, para não prejudicar a circulação das pessoas, foi preciso reorganizar as rotas do trânsito e reformar o sistema de ônibus e de metrô. A partir das consultas freqüentes, eles ganharam o apoio dos donos das lojas.

Os tempos são outros para um vendedor de sapatos. Depois das mudanças, ele vende duas vezes mais, de 80 a 100 pares de sapato. As vendas ficam aquecidas até nos fins de semana, por causa dos turistas.

“Hoje, como cartão postal, vêm grupos do mundo inteiro visitar esse projeto, visitar o córrego. Existem disciplinas em universidades do mundo inteiro que estudam esse projeto revolucionário”, diz Soleiman. Para as crianças que se divertem hoje brincando no córrego, o aprendizado começa cedo e vale para vida toda.

A experiência de Seul vai ser apresentada nesta terça-feira (14), em São Paulo, em um seminário sobre o futuro dos rios. O encontro é promovido pela Rede Globo, em parceria com a Escola Politécnica da USP.

Fonte: G1

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