O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, disse que o governo apresentará, até a semana que vem, um plano cujo objetivo é ampliar as fontes de crédito para essas empresas.
Já o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse em entrevista à Globonews que existe uma determinação do presidente Lula no sentido de evitar que a economia brasileira seja contaminada. A prioridade é garantir a oferta de crédito às empresas, sobretudo às exportadoras.
Estima-se que metade das exportações brasileiras sejam financiadas por bancos no exterior. Isso porque o crédito no Brasil, baseado na Selic (13,75%), chega a ser o dobro do que é cobrado lá fora. Somente duas instituições no país, que são o BNDES e o Banco do Brasil, conseguem oferecer financiamentos com valores no padrão internacional, mas seu caixa é restrito.
O crédito é essencial para as empresas que trabalham com comércio exterior, pois em geral o pagamento é efetuado meses após o embarque do produto. Quem não tem capital de giro suficiente para arcar com esse custo é obrigado a procurar um financiamento bancário.
A avaliação do professor do Ibmec São Paulo, Ricardo José Almeida, é de que o plano do governo para ampliar as fontes existentes de financiamento é válida, mas não é suficiente.
“O setor precisa de um plano mais abrangente, que crie condições, por exemplo, de que parte da exportação seja voltada para o mercado interno”, diz.
Uma forma seria identificar setores onde há espaço para se estimular o consumo doméstico, como o de construção civil. “Existem segmentos com demanda reprimida”, afirma. Ele lembra que o mundo irá consumir menos nos próximos meses, até anos, e que os exportadores brasileiros precisam trabalhar com esse cenário.
Segundo o presidente da Associação de Comercio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, algumas empresas vêm preferindo aguardar antes de fechar novos contratos de exportação. Para ele, a recente alta do dólar, ao contrário do que se imagina, não chega a ser uma boa notícia. “O ganho com a alta do câmbio nem de longe compensa a elevação do custo do crédito”, explica.
A preocupação do governo é de que as empresas passem a congelar os contratos, deixando de exportar. “A paralisia atual, se persistir, pode ter impactos ainda mais desagradáveis na economia, como demissões”, afirma Almeida.
As exportações são responsáveis por 14% do PIB no Brasil, pouco quando comparado a outros países emergentes. No entanto, seu papel na economia é relevante para as contas externas, por representar o principal canal de entrada de dólares no país.Fonte: BBC Brasil
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