terça-feira, 22 de abril de 2008

Crise dos alimentos: as soluções existem

África, Ásia, América Latina, Caribe... O mapa dos "motins da fome" vai se ampliando a cada dia que passa. O mundo está confrontado ao fantasma das grandes ondas de fome, enquanto neste mesmo momento, ele também está sendo atingido por uma crise financeira perigosa. Com isso, a coesão, tão difícil de ser mantida, da comunidade internacional está duplamente ameaçada. Eu quero afirmar solenemente que esta conjunção dos perigos está conduzindo o mundo a correr um risco sem precedente.

Se medidas de emergência e de caráter estrutural não forem tomadas, nós assistiremos a motins cada vez mais violentos, a movimentos migratórios cada vez mais incontroláveis, a conflitos cada vez mais mortíferos, a uma instabilidade política crescente. Os ingredientes de uma crise de proporções consideráveis estão reunidos e a situação pode deteriorar-se muito rapidamente.

Frente a este perigo, a comunidade internacional precisa assumir suas responsabilida
des, todas as suas responsabilidades, por meio de uma cooperação total entre o Norte e o Sul.

Ela deve mobilizar-se em torno de objetivos precisos:

- para solucionar, em primeiro lugar, a questão da emergência: o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, que deveria se reunir o quanto antes para tratar da crise alimentar mundial, tem a obrigação de tomar todas as medidas necessárias no sentido de evitar a desestabilização dos Estados mais ameaçados.

A Europa e os Estados Unidos anunciaram finalmente o desbloqueio de uma ajuda de emergência em proveito do Programa Alimentar Mundial. Eu não tenho dúvida de que as outras grandes potências; membros do G8; países emergentes e, sobretudo, os países membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), os quais vêm obtendo dividendos excepcionais em função dos aumentos dos preços do petróleo, estarão mais do que empenhados em fazer tudo o que lhes for possível para levar a bem este esforço imediato de solidariedade;

- para solucionar, numa segunda etapa, os problemas estruturais: há muito tempo eu venho defendendo a idéia de que é imperativo ir muito além das simples medidas de emergência conjunturais. Uma verdadeira revolução nos modos de pensamento e de ação em matéria de desenvolvimento, principalmente no setor da agricultura, tornou-se primordial e imprescindível.

Alcançar no mundo inteiro a auto-sufici~encia alimentar

A oferta de produtos alimentícios em nível mundial tornou-se insuficiente.

Eu nunca me cansei de lutar contra o congelamento da produção na Europa e de promover o desenvolvimento agrícola dos países pobres.

Num futuro próximo será necessário alimentar 9 bilhões de seres humanos. Todo mundo está se dando conta, finalmente, de que a humanidade precisa da produção de todas as suas terras agrícolas. A auto-suficiência alimentar é o primeiro e o mais importante dos desafios que devem ser enfrentados pelos países em desenvolvimento. Para tanto, as ferramentas existem. Todos nós sabemos o que precisa ser feito: implantar, aumentar, aprimorar e tornar eficientes as infra-estruturas rurais, as condições de armazenamento, a irrigação, os transportes, o financiamento das colheitas, a organização dos mercados, o microcrédito, etc.

A agricultura alimentícia precisa ser reabilitada. Ela deve ser incentivada. Ela deve ser protegida, e nisso, não devemos ter medo de fazer tais afirmações, contra uma concorrência desenfreada dos produtos de importação que vem desestabilizando a economia desses países e desencoraja os produtores locais.

Para encarar este desafio, é necessário investir simultaneamente na pesquisa científica - no sentido de desenvolver produções e variedades adaptadas às novas condições impostas pela mudança climática e pela rarefação dos recursos em água -, e na formação e na difusão das técnicas agrícolas. É preciso apostar na capacidade dos homens, entre outros nos produtores locais, que devem receber a justa remuneração pelos seus esforços. As transações comerciais devem obedecer a regras eqüitativas, respeitando ao mesmo tempo o consumidor e o produtor. A livre circulação dos produtos não pode ser praticada em detrimento dos produtores mais frágeis.

Por
Jacques Chirac
para o Le Monde


Você Sabe o que é a fome?

A fome é a escassez de alimentos que, em geral, afeta uma ampla extensão de um território e um grande número de pessoas.

A Fome no Mundo

Má nutrição infantil causa retardo mental e atordoamento;

Cerca de 100 milhões de pessoas estão sem teto;

1 bilhão são analfabetos;

1,1 bilhão de pessoas vivem na pobreza, e destas, 630 milhões são extremamente pobres, com renda per capta bem menor que 275 dólares (cerca de R$ 530,00) por ano;

1,5 bilhão de pessoas sem água potável;

1 bilhão de pessoas passando fome;

12,9 milhões de crianças morrem a cada ano antes dos seus 5 anos de vida;

mais de 20 milhões de pessoas morrem por ano por causa da fome.

Quase 200 milhôes de crianças com menos de 5 anos estão subnutridas e abaixo do peso (uma para cada três no mundo);

Mais de 800 milhões de pessoas sabem o que é ir dormir com fome;

Uma criança morre a cada 5 segundos de fome e de causas ligadas a fome.


Porém, existe comida suficiente no mundo para alimentar a todos!


Fonte: The State of Food Insecurity in the World, Food and Agriculture Organization os the United Nations.


No site do United Nations World Food Programe, existe um mapa interativo da fome no mundo, que vale a visita.

Até a próxima!

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